Participante: um bom relacionamento familiar pode se encontrar no respeito entre os membros da família?


Pode se encontrar no respeito entre eles, mas para que haja esse respeito você não deve cobrá-lo de ninguém. Esse é que é o problema.
Vocês querem que haja uma harmonia formada a partir do respeito, mas querem exigir serem respeitado. Não, isso não leva a paz. Para consegui-la é preciso que cada um dos membros de um núcleo familiar trabalhe dentro de si mesmo o respeito aos outros e dar ao próximo o direito de, se quiser, não lhe respeitar.
Se você quer respeito a si, precisa respeitar o direito do outro não lhe respeitar. Ficou muito respeito na resposta? Mas, é isso mesmo. Para ter paz é preciso ter muito respeito pelos outros e não cobrar nenhum com você. Isso vale não só para relação familiar, mas também para qualquer relação.


Participante: não gosto e não convivo bem com pessoas que gritam e xingam. Tenho vivido essas situações a vida toda. Quando as pessoas começam a gritar, sinto bastante mal-estar. Como me livrar ou conviver com esse mal-estar que é gerado?


Você vive a vida inteira mal com pessoas que gritam e brigam e continuará a viver dessa forma. Porque? Porque não quer que ninguém aja assim. Só que como estamos dentro do assunto vou usar alguns argumentos que já usei.
As pessoas gritarem e xingarem é fruto do livre arbítrio deles. Você não respeita esta livre vontade deles, como quer, então, que eles respeitem o seu de não querer?
É a questão do respeito que falamos. É muito bonito se falar em respeito entre as pessoas, mas será que vocês estão realmente querendo respeito ou querem que lhe respeite? Essa é uma pergunta que cada um deve fazer a si mesmo, pois a grande maioria exige respeito do outro, mas não respeita ao outro.
Lembro que uma das vezes que falei sobre respeito, disse assim: há uma ideia com relação a respeito. Vocês dizem que o respeito pelo outro termina onde começa o por você. Isso é irreal, porque é você mesmo que marca onde o outro tem que lhe respeitar. Querer ser o determinante dos limites da ação do próximo é egoísmo.
Esse não é o caminho para a paz. Ele se consiste na ideia de que o respeito a si começa onde termina aquele que você tem que ter pelos outros. Não importa até onde o outro leve a marca do que precisa ser respeitado nele, você precisa respeitá-lo.
Eis aí um caminho para que você possa conviver com as brigas, gritos e xingamentos dos outros: respeitá-los. Dar a todos o direito de agirem dessa forma com você. Lhe garanto que na hora que der esse direito, ou seja, não perder a sua paz porque os outros gritam, a briga dele4s não causará nenhuma sensação em você.
Não estou dizendo que acontecimentos onde ocorram essas coisas acabarão na sua vida. Estou falando que essas atitudes não mais farão você perder a sua paz.
Esse é o caminho: o do respeito. Isso é uma coisa que vocês precisam trabalhar dentro de si mesmo.
O guerreiro da paz trabalha muito o respeito ao próximo, o respeitar o direito do outro ser, estar e fazer o que quiser. Isso porque só o respeito ao próximo o ser pode calar a contrariedade dentro de si mesmo.
Se você exige respeito a si, quer impor o limite do direito do outro. Neste momento, dois querendo ter direitos, a contrariedade, a perda da paz, é inevitável.


Participante: como lidar com pais preconceituosos que não aceitam a sexualidade do filho?


Dando a eles o direito de não aceitarem.
Deixe-me falar uma coisa para vocês. Seu pai, sua mãe foram criados num mundo diferente do de vocês.
Alguém hoje me falou em traumas, eu falo em conceitos. Seu pai e sua mãe receberam uma série de conceitos, dos quais não são obrigados a se libertarem porque não querem se espiritualizar, que vocês não receberam. Esses conceitos, assim como o que vocês chamam de trauma, trabalham inconscientemente dentro do seu pai e da sua mãe. Por isso, eles não são obrigados a aceitar a sexualidade do filho.
Só que vocês de hoje não possuem mais estes preconceitos. Ao contrário, dizem que não se deve ser preconceituoso. Por isso afirmo que vocês é que devem aceitar a forma deles serem para não demonstrarem preconceito contra quem pensa dessa forma.
Sim, é isso mesmo: não são os seus pais que têm que respeitar a opção sexual dos filhos, mas sim ao contrário, se são os filhos que querem se espiritualizar. Eles não querem se espiritualizar por isso podem estar apegados àquilo que desejam. E, o que eles desejam? Que o filho mude, que o filho tenha outra orientação sexual.
O que eles querem é isso – e têm todo o direito de quererem – e não a paz. Quem quer tê-la é você, por isso neste caso, é você que tem que respeitar as escolhas deles e não ao contrário. Por isso é preciso que trabalhe dentro de si mesmo.
Este é o primeiro aspecto que poderia lhe falar sobre o assunto, mas há mais um que quero abordar e sobre o qual já fiz citação nesta resposta. Vocês podem me falar que os pais não podem ser desse jeito porque senão serão preconceituosos. Certo, é um conceito formado anteriormente. Agora, o filho que não aceita a ideia do pai não aceitar a sua opção sexual também não é um preconceituoso?
É, a questão do preconceito é mais ampla do que vocês imaginam. Ele não se restringem apenas àqueles que vocês consideram como preconceito, mas atinge a todas as ideias formadas anteriormente sobre um assunto.
Por isso, o homossexual que exige que seja respeitado e que não haja preconceito é um preconceituoso. Ele está cobrando de outro o que não use ideias preconcebidas, mas ele mesmo está tendo ideias deste tipo, pois parte da verdade que todos devem aceitar a posição sexual escolhida.
É isso que a mente de vocês não lhes fala. Porque? Porque o não entender esta questão dentro do aspecto que levantei é um individualismo, de uma das armas que os combatentes da paz usam. Ela não levanta esta hipótese por quer que você exija que os outros façam o que você acha certo.
Portanto, aceite seus pais se você tem a orientação homossexual e eles não aceitam isso. Os aceite do jeito que são, sejam de que jeito forem, e não queira muda-los, porque isso é ser preconceituoso.


Participante: no caso da pergunta sobre pais que não aceitam a sexualidade dos filhos, você comentou que ele é que precisa aceita-los se quiser se espiritualizar.


Se quiser ter paz.


Participante: esta aceitação, contudo, não significa que eles vão se dar bem no ato, não é mesmo?


Sim, no ato podem não se dar bem, mas este filho estará em paz com os pais dele. Agora, se não fizer este trabalho em si mesmo, continuará não se dando bem no ato e interiormente não terá paz.


Participante: é possível que o menino quebre o pau dentro de casa, brigue com os pais e mesmo assim esteja em paz por dentro?


Sim. Isso é possível. Sei que não veem dessa forma, mas isso é porque nunca tentaram.

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