Todas as religiões afirmam que devemos “orar”. Para este fim os fiéis reúnem-se em cultos ou praticam este ato isoladamente em suas residências ou outros lugares, imaginando que desta forma “agradam” a Deus e elevam-se espiritualmente. Entretanto, esta forma de pensar não condiz com as aspirações de Deus para a vida do espírito na carne.

Jesus, o maior revelador dos anseios de Deus, nos trouxe, estampados nos Evangelhos dos apóstolos Mateus e Lucas, alguns ensinamentos com relação à oração.

 Segundo o Mestre, quando oramos, não devemos ser vistos pelos outros, pois Deus vê o que é feito em segredo e dá a recompensa por esta forma de orar. A oração, segundo Jesus, deve ser feita na intimidade. Também não devemos nos limitar a repetir frases e pedirmos que “acontecimentos” se sucedam em nossas vidas. Para Jesus, Deus sabe melhor do que nós mesmos o que necessitamos.

Juntando as duas informações, podemos afirmar que a oração hoje praticada em nada atende às recomendações do Mestre, pois ainda a fazemos publicamente e com intenção de colocar balizamentos para que Deus cumpra os nossos desejos.

Quando Jesus afirma que a oração deve ser feita na intimidade, está nos guiando para que a façamos dentro de nós mesmos; quando afirma que ela não deve ser um pedido, está dizendo que ela deve ser uma demonstração de acatamento à vontade de Deus. Com isto podemos chegar a verdadeira oração: viver a vida aceitando intimamente os desígnios de Deus.

Orar não é um dizer uma oração, mas viver uma vida dentro dos preceitos de Deus. É estar em constante ligação com a espiritualidade e não apenas por alguns minutos diários. O ser humano reza “quando acorda” e “antes de dormir”, e nesta tarefa gasta alguns minutos diários, mas se esquece da oração no resto do dia.  De que adianta viver este tempo ligado a Deus, aceitando Suas determinações e o restante apenas querendo sua própria vontade e que todos o “vejam”?

Viver a vida em oração é estar sempre oculto dos outros, sabendo que Deus utiliza cada um para que a Sua obra se cumpra; é aceitar que em todos os momentos recebemos os atos que Deus nos manda, pois Ele sabe melhor do que nós mesmos o que precisamos; é entender que ainda temos objetivos materiais, enquanto Deus está preocupado com a nossa eternidade espiritual.

É para balizar esta “vida em oração” que Jesus nos ensinou o “Pai Nosso”. Não estamos aqui preocupados com a letra da oração, pois como Jesus disse isto de nada vale, mas sim com a sabedoria” que advém de cada frase.

De que adianta dizer “Pai nosso que estás no céu” se imagino que Ele pode ser capaz de me machucar ou ferir, me penalizando. Viver em oração é saber que tudo o que acontece para mim é fruto de um Amor Sublime, ou seja, objetiva o meu “bem” espiritual.

De que adianta dizer “que todos reconheçam que seu nome é santo”, se não vivo a vida santificando Seu nome, ou seja, se passo os dias imaginando que Ele deve me dar o que eu quero, pois sei o que é melhor para mim. Santificar o nome de Deus é aceitar todos os acontecimentos como oriundos de uma Inteligência Suprema que age pela Justiça Perfeita com o Amor Sublime.

De que adianta dizer “venha o teu reino, seja feita a tua vontade aqui na terra como é feita no céu” se quando Ele expressa esta vontade eu acuso de ter sido movida por uma injustiça. Aceitar os desígnios de Deus é não sentir ferimento em nada que acontece, pois eu vivo sabendo que Deus só dá aos espíritos aquilo que eles merecem.

De que adianta dizer “dá-nos hoje o alimento que precisamos”, se consigo imaginar que vivo uma vida independente dos Seus desígnios. Viver em oração é saber que tudo o que possuo me é provido por Deus, desde o meu salário até o pão que compro com ele.

De que adianta dizer “perdoa as nossas ofensas como nós perdoamos os que nos ofenderam” se passo a vida acusando os outros de me agredirem. Para que eu consiga o perdão de Deus é preciso que perdoe os outros, ou seja, que viva sem acusar nenhuma das pessoas com as quais me relaciono, seja direta ou indiretamente.

De que adianta dizer “e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”, se tudo o que procuro e desejo para minha vida é a satisfação pessoal. As tentações deste mundo são exatamente tudo aquilo que me leva a pensar em mim antes de qualquer outro. Não adianta orar se durante o dia ainda tenho desejos pessoais, ou seja, que não satisfazem a vida coletiva. Pedir a Deus que me livre do mal é solicitar-Lhe que sempre me mostre que não devo possuir individualidades.

Esta é a diferença entre orar e viver em oração. É viver uma vida dentro dos preceitos que eu mesmo peço durante a oração. É passar o dia inteiro ligado a Deus. É viver como Jesus viveu. A vida do Mestre foi o mais sublime dos “Pai Nosso” já orados neste planeta.

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