Participante: a gente se baseia na cronologia da vida para aceitar o que ela nos propõe. Quando se convence que a vida é só o agora sai deste círculo vicioso.

Eu lembro que quando, no início deste trabalho, comecei a falar que não se deve assumir compromissos, duas pessoas me disseram que era impossível se viver sem gerá-los. Uma delas, inclusive, me disse: ‘mas, você assume compromissos. Você marca o dia em que irá fazer palestras com antecedência’. Eu respondi a esta pessoa: ‘entre o que eu faço e o que vocês fazem há uma diferença. Eu marco uma data para realizar alguma coisa, mas não sei se no dia vou realmente fazer o que me comprometi’.  

Vocês, quando marcam uma data para fazer alguma coisa, assumem compromissos, ou seja, imaginam que tem a obrigação de fazer porque planejaram executar. Vivendo assim, quando não conseguem fazer o que se comprometeram, sofrem. Já eu, que programo, mas não assumo compromisso, se não for não sofro.

Mas, porque não me comprometo em realizar o que planejei? Alguns até poderão dizer que agir desta forma é leviandade e sentirem magoados com a minha forma de proceder, mas não é isso. Na verdade eu não me comprometo porque sei que quem está se comprometendo e quem vai realizar ou não é a vida e não eu. É por conta da consciência sobre quem gera a ação e da minha forma de conviver com os acontecimentos, que a minha vida pode fazer todo o planejamento do mundo sem que eu me sinta compromissado com o que ela programou. .

A vida faz o planejamento, mas se aceita o planejamento que ela faz, terá planejado. Tendo aceitado o planejamento que a vida lhe deu, no momento que ela gerar o não ir e propuser sofrimento, você sofrerá.  

Participante: eu opto pelo sofrimento porque aceitei o planejamento que não é meu, mas da vida.

Perfeito.

Agora, se não aceitar o compromisso, ou seja, interiormente não tiver a certeza de que porque houve um planejamento obrigatoriamente acontecerá fazer, na hora que a vida for não realizar, não precisará optar pelo sofrimento proposto.

Portanto, como eu disse quando conversamos inicialmente sobre nosso encontro hoje aqui o que tinha para falar não levava mais do que meia hora. Agora preciso que vocês me deem exemplos de sofrimentos para que possamos começar a conversar sobre os elementos que podem ser usados para gerar a exclusão das múltiplas proposições que a vida oferece.

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