Participante: nós queremos controlar a vida, não é?

Sim, vocês querem controlar a vida, mas além de disso, querem ligar fatos e momentos anteriores, dando uma coordenação e sequência que a vida não possui.

Quando vocês me dizem, por exemplo, que conseguem colocar em prática os ensinamentos em alguns momentos e não na plenitude da existência, estão pensando em uma vida longa, Estão pensando semanas, meses ou anos. Mas, estas coisas não existem: a vida dura um milésimo de segundo.

Participante: são várias vidas naquilo que chamamos de vida…

Sim, existem várias vidas numa só encarnação. Por causa disso, afirmo que você tem que lidar coma vida que aparece a cada momento à sua frente.

Qual é a vida de vocês agora? Estar aqui. Por causa disso, não têm que atentarem-se a mais nada a não ser com o momento que estão vivendo agora aqui.

Conseguindo resolver o seu relacionamento com a vida neste momento, isso é ótimo. Agora, se não conseguir resolver, quando sair daqui esqueça tudo o que aconteceu enquanto esteve aqui e concentre-se com o que a vida estiver criando naquele momento, para que possa resolver o seu relacionamento com ela lá.

Aqui você tem uma etapa da sua encarnação; no próximo momento terá outra. A luta para libertar-se da vida agora é uma; no próximo momento com certeza será outra. A luta para libertar-se do que a vida propõe sempre é diferente, pois a cada momento ela é outra e por isso as questões que ela apresenta são diferentes.

Participante: o que o senhor está falando tem muito a ver com o momento que estou vivendo. Ouço o senhor e depois quando não consigo colocar em prática o que ouvi e fico me culpando por isso.

Na verdade não é você que fica se culpando, mas a vida que fica propõe culpa e você aceita. No momento que isso ocorrer, você precisa excluir esta possibilidade ao invés de vivê-la. Esta é a grande ciência do viver: aprender a excluir as coisas que a vida propõe.

Volto a repetir algo que já disse, mas que é fundamental para quem quer fazer este trabalho: é preciso excluir tudo o que a vida propuser. Isso porque para se viver o que a vida propõe não é necessário uma aceitação tácita, ou seja, dizer que aceita. Na verdade o que você não excluir será vivido.

Participante: isso acontece muito rápido, não?

Sim, porque a vida é rápida.

Participante: se você titubear compra a culpa, o sofrimento… Aí estas coisas podem dominá-lo e você não terão fim. Terá raiva para sempre, tristeza para sempre, etc.

Exatamente.

Só que não é para sempre no sentido com vocês entendem, ou seja, durante a eternidade. O sofrimento ocorrerá enquanto a vida for o que ela propôs naquele momento. Quando ela não for mais o sofrimento que foi proposto, você nem lembrará que em um determinado momento teve raiva ou sofreu.

Este é outro detalhe deste trabalho. A vida trabalha sem um segmento lógico. Ela muda rapidamente de ideias e, por isso, você fica perdido no momento que ela faz as proposições achando que, por exemplo, se não gosta de uma determinada pessoa, não gostará o tempo inteiro.

Acontece que quem não gosta de alguém não é você, mas sim a vida. Como ela não tem lógica e nem segue um padrão pré-determinado, muda rapidamente de opinião e passa a gostar de quem não gostava. Se você não estiver atento a cada uma as vidas que vivencia, acabará sem conseguir libertar-se do padrão emocional que a vida propõe. .

Participante: assim como se nós respondermos a opção nenhuma das alternativas pode virar um padrão, da mesma forma se nós respondermos com a opção raiva sempre que a vida fizer esta proposta também virará um padrão. Presos ao padrão, nós acabamos optando sempre pela opção raiva. Não é isso?

Perfeito. A proposta de raiva ao longo as vidas que você tem vem num momento e, por terem optado por um padrão emocional constantemente, a aceitação deste padrão no momento atual é automática.

Mas, porque este automatismo acontece? Porque você por diversas vezes não desqualificou a proposta de raiva.

Participante: ela se torna a proposta mais aceitável, digamos assim…

Você já se convenceu de que deve sentir raiva e não tem jeito.

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