Para começar, entenda uma coisa: o sofrimento é da vida. É a vida que sofre e não vocês. Na verdade, vocês sofrem quando aceitam que estão vivendo a vida. Por isso, a primeira coisa que você precisa fazer para ser feliz é separar-se da vida.


Para poder separar-se dela o primeiro passo é conscientizar-se que existe uma vida que vive por ela mesma e existe você. O fim do sofrimento ocorrerá quando você separar as duas coisas.
Nesta semana que passou esteve em nossa casa um amigo. Conversando eu o relembrei que no estudo da busca da felicidade falei do observador que observa a observação. À época, e ainda hoje, vocês queriam saber quem era o observador que observa a observação. Muitos acharam que era o espírito, mas como deixei bem claro na época, este elemento não é ele.
Na verdade, eu posso separar você em três: a vida, você e o espírito. Existe uma vida que é vivida; existe um você que se comunica com a vida; e existe um espírito que vivencia tudo isso.
De você para o espírito não há como ter informações. Portanto, esqueça este relacionamento. O que você precisa se concentrar para não sofrer, e será o que vamos conversar hoje, é na relação de você, este que não sabe quem é, com a vida.
O que estou falando é daqueles momentos em que pensa sobre você mesmo. É somente nestes momentos que você pode agir para gerar a vivência dentro de um determinado padrão emocional.
Existem momentos, quando a ação está acontecendo, onde aparentemente é você que está agindo, mas isso não é realidade. Nestes momentos, na verdade, é a vida que está agindo e não você. Só há como se identificar naqueles momentos onde você conversa com os pensamentos que tem.
Sabe aqueles momentos onde conversa com você mesmo e avalia o que viveu? Neste momento existem dois elementos diferentes: você e a vida. É aqui que você conversa com a vida e pode libertar-se do padrão emocional que ela quer que viva. .
Vamos entender melhor o que estou dizendo. Para isso vou usar como exemplo o que você acabou de falar: eu acabo pulando no pescoço dos outros…
Quando isso ocorre, eu afirmo que a vida é a idéia de que você está pulando no pescoço de alguém. Não é você que pula no pescoço de ninguém. Você, na verdade, só aparecerá nesta história quando conversar com a mente sobre o que aconteceu.
É você que está falando quando a mente começa a justificar, por exemplo, que era certo fazer isso e existe a resposta: ‘eu não gosto de fazer isso, eu estou errada, eu não posso fazer isso’ Ou ainda: ‘fiz porque ele merecia, ele estava errado e eu precisava reagir’. Neste diálogo existe você e a vida, pois ela está lhe dando motivações para o que aconteceu e você está aceitando-as ou negando-as.
É na hora deste diálogo que você precisa estar atento para poder assumir o controle da vida. É no momento que você analisa a vida, seja na questão dos atos ou das motivações, que precisa se concentrar para assumir o controle da vida e não viver o sofrimento que ela criará.
Participante: se fizermos isso não deixamos de ser nós mesmos?
Não, você não deixa de ser você. Pelo contrário, quando fizer isso você será você e não a vida.
Participante: quando eu estou atenta a mim mesma acabo conseguindo não sofrer com o resultado do que faço. Mas, quando não estou atenta, eu sofro. Quando acho que estou atenta consigo pular no pescoço dos outros e não sofrer por ter feito isso. Quando não estou, fico apontando meus erros.
Vamos chegar lá. Por hora saiba apenas que existe você e a vida separadamente.
Para que você possa realizar a escolha de um padrão emocional para vivenciar o que aconteceu existe uma pergunta que precisa ser respondida: o que é a vida? Se você precisa separar-se da vida é preciso que saiba quem é ela e quem é você.
O que é a vida? Tudo que você tem consciência de existir. Tudo aquilo que você tem consciência de existir é a vida.
Sendo assim, quem é você? Algo que você não tem consciência de existir. Não tendo consciência do que é, isso quer dizer que você é algo que não sabe o que é.
Eis aí, portanto, a definição do que é os dois elementos que você precisa separar para poder exercer a opção por um padrão emocional: você e a vida. Tudo o que tiver consciência será a vida; aquilo que não sabe o que é, mas que interage com a vida é você.
A partir destas definições, nós podemos, então, separar a vida de você. No momento que alguém estava pulando no pescoço de outro, quem estava existindo? A vida. Você não estava presente ali, por isso não poderia estar praticando ação alguma.
Quem está sentada aqui? A vida e não você. Por isso nada do que acontecer aqui será executado por você.
Mas, o que você faz enquanto a vida vive ela mesma? Você está observando a vida. Você está em algum lugar observando o que está acontecendo na vida. Só quando este momento se encerrar e a vida se dirigir a você será possível reconhecer alguma ação sua.

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