Ninguém gostaria de ser assaltado, pois consideram isso um mal. Por esse motivo, se acontecer, sofrem. Mas, será que é mal mesmo ser assaltado?
Participante: eu não quero ser assaltado porque vai dar muito trabalho comprar tudo de novo …
Veja como o que está dizendo não tem lógica. Cada vez que compra algo novo fica feliz, não é? Pois então, deveria querer ser assaltado para ter que comprar tudo de novo para poder ficar feliz mais tempo …
Vocês estão rindo, mas o que falei não tem lógica? Só que a mente humana não trabalha dentro dessa lógica. Ela jamais criará uma razão desse tipo. O que dirá, para poder sustentar a ideia de que ser assaltado é mal e que por isso é preciso sofrer, é a ideia de que ser visitado por um ladrão dará trabalho.
Participante: não é só isso. Teremos que gastar dinheiro duas vezes na mesma coisa …
Essa é a lógica que a sua mente criou? Está certo.
Digamos que tenham roubado seu celular. Se isso acontecer hoje, com certeza achará que tem que comprar outro. Quando fizer, há uma grande possibilidade de escolher um modelo mais novo, que tenha mais funções, não é?
Isso não é bom? Então, ter o celular roubado é bom, pois dá a chance de comprar outro mais moderno e com mais funções.
Participante: mas, a gente se apega às coisas materiais que temos …
Começou a aparecer o que a razão explora para gerar ideias que sejam fundamentadas na existência do bem e do mal. O apego, as posses, as paixões, o egoísmo. “Quem é esse ladrão para roubar as minhas coisas”?
Só há um detalhe: o ser humanizado não tem nada: tudo pertence a Deus. Ele, como Senhor do universo, distribui as coisas para quem quer. Se achar que está no momento do ladrão ter o que você imagina ser seu, com certeza serão transferidas para ele.
Claro que não estou querendo dizer que o ladrão está certo, nem muito menos que é errado. O que estou fazendo é mostrando como a razão humana funciona. Toda razão humana funciona gerando valores para as cosias desse mundo presa ao dualismo bem e mal. Se isso é verdade, só posso dizer que é ela que propõe um afastamento de Deus e é você que se afasta, quando aceita essas qualidades como reais.
É isso que vocês precisam compreender. Na verdade, não é você quem acha que alguma coisa é ruim, mas sim a sua razão. Não é você quem acha alguma coisa feia, suja, de mal gosto: tudo foi gerado pela sua razão para propor um afastamento de Deus.
Saibam que se não estivessem expostos a uma razão humana, poderiam ver que o mal e o bem são apenas uma coisa: a Perfeição de Deus. Com isso, poderiam viver felizes, pois ao invés de lamentarem o roubo, exultariam a chance de comprar tudo novamente. Ainda por cima em modelos mais novos. Para quem ainda está preso à razão, viver essa exultação é impossível. Portanto, se querem viver em paz e felicidade, precisam acabar dentro de vocês com a eterna luta do bem contra o mal. Para isso, precisam libertar-se da razão. Enquanto estiverem presos a ela, estarão vivendo o bem e o mal. Enquanto esse dualismo existir, terão sempre o prazer e a dor.
Jamais terão a paz. Viverão sempre com medo de serem assaltados, de serem feridos, magoados, mortos. Quem vive com a presença do bem e do mal está sempre morrendo de medo, pois a única coisa que a divisão das qualidades em bem e mal faz é gerar sofrimento, causar dor.