A primeira arma letal que o assassino saber utiliza para matar vocês é o saber religioso, a sua religiosidade. É uma arma letal que tira você da realidade, que interfere profundamente na sua vivência da vida.
Apenas um detalhe antes de continuarmos. Quando eu falo em saber religioso não estou me referindo especificamente a nenhuma religião. Falo de qualquer saber religioso, falo do saber gerado por qualquer religião.


Esta é uma arma muito poderosa que o assassino saber utiliza. Por quê? Porque a religiosidade criada pela mente através dos pensamentos discursivos é uma arma letal? Porque toda e qualquer religiosidade é exercida com a esperança de receber nesta vida. Com a esperança de ganhar proteção nesta vida, de ter um acontecimento mais ao seu gosto.
Não existe dentro do pensamento religioso humano nenhuma corrente que realmente lhe incite a fazer desta vida um trampolim para a próxima, a fazer dessa vida como uma oportunidade de receber na próxima. Tanto é assim que vocês dizem: que Deus me proteja, que Deus me dê, que Deus esteja ao meu lado e que faça a justiça acontecer. O pensamento sempre usa a religiosidade, a fé, a entrega com o objetivo de gerar um lucro nesta vida, enquanto que todos os mestres – não apenas um ou outro, mas todos – falaram da vida depois da vida como o lugar onde se recebe o bônus da vivência desta vida.
Imagine se Cristo fosse exigir ou querer de Deus apoio e proteção para aquela encarnação, para aquela vida! Ele jamais faria isso. Ele sempre disse que deveria ser feita a vontade do Pai. Disse mais a Pilatos: se o Pai quisesse salvá-lo mandava uma legião de anjos. Disse, ainda, a frase mais profunda e que marca todo o seu trabalho: não amealhe bens na Terra. No entanto o saber cristão é totalmente formado pelo toma lá dá cá: dirige-se a Deus pedindo que receba agora.
É por isso que o saber religioso é uma arma letal: ele lhe dá uma ideia de proteção que não existe na realidade real. Será que só porque você vai a missa, ao culto ou ao centro espírita nada de ruim acontecerá na sua vida? Será que só porque você faz promessas consegue o quer? O espiritismo, então, é muito claro neste ponto. Ele diz que esta vida é uma encarnação, um lugar de realização de provas e que só quando se sai dela se recebe o bônus pelo trabalho realizado. Se isso é verdade, como é que você que se diz cristão ou espírita acredita que vai ganhar durante esta vida por ter ajudado o outro?
Buda foi bem claro: não se apegue às posses, paixões e desejos humanos. Apesar de ter falado isso, os humanos colocam no altar dele um Buda de ouro… Fazem uma imagem de um Buda barrigudo e lhe diz que deve coçar a barriga dele e com isso ter sorte. Dizem para você colocar moedas na imagem dele para ganhar mais dinheiro…
É preciso que você, como nós conversamos na última semana, aprenda a conviver com os seus pensamentos fundamentados em saberes religiosos sem viver a esperança de ganhar nesta vida. Você precisa combatê-los dizendo que o que está sendo dito não é verdade, que você não tem que rezar a Deus para lhe proteger ou pedir proteção e que não deve esperar nesta vida uma recompensa pelo que faz. Quem quer vivenciar os acontecimentos desta vida vivo sabe que não precisa fazer novena para ganhar, mas sim aprender a viver esta vida sem esperar receber nada dos céus. Viver o que se apresenta na sua vida.
Como já falei anteriormente, fora da vivência da vida, da realidade, não há condição de se ser feliz. Por quê? Porque se está sempre na dependência de ser atendido pelos mentores espirituais, pelos guias da umbanda, pelos santos da Igreja católica ou pelo Deus evangélico e quando este atendimento não vem, como é que você fica?
Volto a repetir: é uma arma poderosa que o assassino saber usa para lhe matar, para lhe tirar da realidade. Não espere que Deus vá lhe proteger porque, como ensinou Cristo, Ele dá a cada um segundo as suas obras. Isso não quer dizer proteger ninguém. Como Cristo também ensinou, você tem que pagar até o último vintém que deve.
Eis aí uma arma letal que o assassino saber utiliza. Não adianta apenas você se libertar do saber jurídico, científico ou societário: é preciso se libertar do saber religioso. Se nós nos dizemos espiritualistas – que não é uma religião, mas uma doutrina – precisamos nos libertar inclusive daquilo que eu digo. Achar que se fizer aquilo que eu ensinei lhe trará uma vida mais fácil, melhor, é viver esta vida morto.
Eu nunca prometi isso para ninguém. Pelo contrário: o que disse foi que se você colocasse em prática a doutrina que nós trazemos, viverá a vida que tem para viver de uma forma diferente. Eu nunca disse que a prática destes ensinamentos lhe traria uma nova vida que contivesse acontecimentos mais a contento do seu gosto. Nunca falei em mudar a vida, mas mudar o jeito de viver a vida que tem para viver.
Não adianta você ficar usando os ensinamentos para conseguir ganhar já. Isso não é sinal de sabedoria, de fé, de louvor a Deus: é simplesmente passar pela vida morto.

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