Participante: todos os personagens que participaram da vida humana já estavam previstos, inclusive aqueles que representaram momentos negativos da nossa história, como Hitler, por exemplo?
Sempre que falo da premeditação de acontecimentos o exemplo Hitler vêm à tona. Sim, ele estava previsto e a sua existência faz parte de todo o processo evolucionário dos espíritos. Para poder se compreender bem esta informação é preciso que analisemos os acontecimentos da história da Terra pelo lado espiritual.
Cada acontecimento é apenas uma representação. Quando ele acontece um ser está ligado àquele personagem e vivencia este momento preso a uma intencionalidade. Esta diz respeito ao bem e o bom. Esta vivência é o que conta no sentido da elevação espiritual. Não importa o que se esteja sendo vivido, o que vale como elemento espiritual na ação é a prisão a uma intencionalidade ligada ao bem ou ao mal.
Hitler, como qualquer outro personagem da história do planeta, não executou ações livremente. Tudo o que ele fez foi produzido observando-se a interdependência e a necessidade de expiação dos seres que ao encarnar se relacionaram com ele. Suas ações, portanto, não têm qualquer criação de realidade, mas são vivências de um personagem que serve a outros como instrumentos de suas provações. Mas, isso não é prioridade de elementos considerados como maus pelos seres humanizados: está também relacionado aos que são classificados como bons.
A história do planeta é formada por personagens que aparentemente geram ações que são consideradas positivas ou negativas. Isso não importa: a vivência da ideia que eles são bons ou maus é prender-se ao bom e não ao bem. Quem idolatra, por exemplo, um Gandhi, um Sai Baba ou um São Francisco de Assis acaba idolatrando o bezerro de ouro como os israelitas que Moisés encontrou quando desceu do monte Sinai.
Mas, voltando a Hitler e aos personagens que representam o mal que são elementos que mais dificilmente vocês aceitam como criação de Deus, pergunto: o que eles fizeram? Atacaram o bom humano. Mas, será que eles foram contra o bem? Vejamos…
Hitler é considerado como elemento do mal porque provocou uma guerra mundial que levou a termo a existência de milhares de pessoas e por causa do genocídio que cometeu contra o povo judeu. Mas, o que impele o homem à guerra?
“Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões”. (Pergunta 742).
O que impele o espírito encarnado à guerra é o seu lado animal, ou seja, a sua humanidade. Mantendo-se apegado à sua natureza espiritual, o bem, suas paixões não transbordariam e a guerra poderia ser evitada.
“743. Da face da Terra, algum dia, a guerra desaparecerá? Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Nessa época, todos os povos serão irmãos”.
Agora, será que Hitler foi o primeiro a criar uma guerra? Claro que não… Muito antes dele a guerra já existia e muitos foram os líderes que levaram seus exércitos a causar uma mortalidade grande. Ele apenas é o exemplo mais moderno que vocês têm e por isso é o alvo principal daqueles que falam dos maus.
Mesmo alcançando esta visão, vocês ainda continuariam acusando Hitler de mal por causa do genocídio sistemático do povo judeu que foi feito por ordem dele. Desculpe, mas também não foi ele que criou isto. O genocídio já foi praticado outras vezes no planeta e liderado por alguém que vocês não chamam de mal.
O que aconteceu aos povos que habitavam a Judéia antes dos israelitas? Foram sistematicamente exterminados. Quem ordenou estes ataques e os comandou? Deus. Será que vocês consideram Deus um personagem do mal na história do planeta? Acho que não…
Agora, porque Hitler e todos os outros elementos do mal geraram acontecimentos que levaram a cabo o fim da existência carnal de muitos espíritos? Para haver um transbordamento das paixões. A guerra e os genocídios são sempre vividos com um patriotismo exaltado. Mas, será que os espíritos comungam deste sentimento?
“Para os Espíritos elevados, a pátria é o Universo”. (Pergunta 317)
Aí está a prova do espírito. A mente humana gera o patriotismo exaltado e o espírito, então, deve julgar se aquilo é importante para a sua existência eterna ou se apenas prende-se à sua natureza humana.
É isso que está no fundo de todas as guerras. Aqueles que se aprisionam no bom, ou seja, na paixão patriota gerada pela personalidade humana a qual está ligado durante a encarnação, vivencia os acontecimentos de sua vida de uma forma, os que não se apegam a isso vivenciam de outra forma.
Como já dissemos antes, o dogma da reencarnação se sustenta pela justiça de Deus, ou seja, pelas oportunidades constantes que o Senhor dá àqueles que falham. Sendo assim, quando alguém em uma vida aprisionou-se a paixão que leva à guerra, necessário se faz que ele tenha outra vivência para poder elevar-se.
Sabe quem morreu nas câmaras de gás? Personagens que eram vividos por judeus que exterminaram os povos da Judéia e que viveram estas situações presos à paixão por sua raça. Foram espíritos que viveram encarnações ligadas a personagens que ocupavam o cargo de senhor de escravos ou capitães de mato durante a escravidão e fizeram isso apegados à paixão exaltada que a mente de então criou. Foram personagens que viveram outras guerras e quando isso aconteceu estavam apegados ao bom que serviu como motivação para elas.
Durante a guerra e o genocídio gerado aparentemente pela ação do personagem Hitler outros personagens viveram aqueles acontecimentos com a mesma opção. Para os que se apegaram à paixão que motivava aquelas ações houve depois outras oportunidades de fazer seu trabalho de reforma íntima: as guerras posteriores, as ações terroristas, etc.
É assim a história do planeta. Sempre há personagens que aparentemente criam situações onde paixões humanas transbordam e que trazem o bom e o mal humano para que o espírito encarnado tenha a possibilidade de não apegar-se a isso. Quando isso acontece, ele está ligado ao bem.