Participante: nas suas respostas da semana passada mencionou que passaremos a viver novas provas. Poderia falar sobre isso e relacionar ao tema caridade?

Novas provas, que não são tão novas.

Falo em novas provas porque, vamos dizer assim, são vividas em novas histórias. São velhas provas, mas com cabeçalhos novos.

Por exemplo: alguém aqui já se preocupou com as famílias daqueles que morreram de Covid hoje? Não estou falando que morrer é ruim, que não pode, que é errado. Cada um vai morrer na hora que tiver que morrer.

Mas, alguém aqui já se ocupou com o sofrimento das famílias dos que morreram hoje dessa doença? Ou ainda estão preocupados em defender que ninguém está morrendo, que tem que manter o seu comércio aberto para poder ganhar dinheiro? Falo em ocupados com isso internamente. A porta física da loja estar aberta ou fechada é ato.

Alguém já se ocupou com o sofrimento, não com a morte, daqueles que morreram? Alguém aqui tem noção do que é morrer buscando o ar pra respirar e não encontrar? Falo do que ocorre por dentro de cada um, da dor que existe no íntimo e não da morte física em si.

Alguém daqui já se preocupou, se ocupou com isso hoje? Acho que nem lembraram. Mas o que está acontecendo no Brasil e no mundo é a nova prova. É uma nova história onde está em prova o cuidar do outro, o ocupar-se com a dor dele.!

Cuidar do outro não no sentido de ato, mas internamente. Falo em cuidar do outro cuidando de si para não gerar energias que estão gerando hoje, energias que não ajudam ninguém. .

O que existe dentro de você é a energia do descaso com relação a doença. A energia da revolta, do ódio pelas medidas para conter a doença. Diria até: energia de raiva pelo fato de pessoas ficarem doentes.

Esse é um grande problema hoje em dia, uma grande prova. Muitos estão nesse momento sendo testados no seu amor ao próximo, na caridade, e nem estão vendo.

Sei que para muitos as medidas que estão sendo adotadas causam problemas, perdas, mas por sua busca espiritualista é preciso passar por isso com tranquilidade. É preciso ter tranquilidade para emanar essa mesma energia para as pessoas que estão sendo vítimas da doença: os que morreram e os que ficaram.

Se você tem raiva, emana raiva. Com isso, machuca ainda mais quem já está sofrendo. É preciso passar paz.

Lembro de uma bomba que explodiram em um trem na Espanha em 2004. Foi uma carnificina. Lembro, também, que alguns seres humanizados resolveram sair da carne para atender os que estavam desencarnando. Eles foram sem abrir mão da sua humanidade. Sabe o que aconteceu? Chegaram no lugar, sentaram no trilho e ficaram chorando por causa das mortes e da devastação.

Esse modo de proceder atrapalhou o serviço dos socorristas e causou ainda mais sofrimento dos que morreram. Enquanto recebíamos os que desencarnaram com paz e tranquilidade (‘você não morreu não, vem cá; olha a vida vai continuar, vai ficar tudo certinho, calma’) os que foram lá para socorrer pela sentaram no trilho e emanaram mais sofrimentos que desorientaram os que estavam saindo da carne.

A mesma coisa aconteceu com os que viram os corpos espalhados na praia no tsunami na Tailândia. Também com aqueles que ao invés de levar a paz, transmitiram o ódio com o que aconteceu com as torres gêmeas dos Estados Unidos. Tudo isso comentamos na época que ocorreu.

A Covid hoje é, então, uma velha prova com cabeçalho novo. É um acontecimento para testar o seu amor ao próximo. É para ver se vai se apegar internamente na busca do prazer nas festas, se sua preocupação maior é com o prejuízo financeiro, se supera o seu direito e internamente se habilita para usar máscara, se prefere defender o presidente emanando raiva para quem o acusa ou se esquece tudo isso e se concentra em enviar paz para os que estão em agonia.

Cada um morre na hora que tem de morrer e do jeito predeterminado. Só que enquanto buscador de elevação, enquanto espiritualista, é preciso estar ligado nas provas que acontecem. Você não pode viver como todo ser humano vive. É preciso, internamente, manter o seu equilíbrio para poder auxiliar os que estão passando por seus carmas.

Lembro que quando conversamos sobre o natal disse que naquela época abre-se um buraco na manta negra que cobre o planeta. Hoje vou dizer para vocês: essa manta está aumentando, e muito. Isso está acontecendo porque vocês estão com o seu mundo interno completamente alheio ao sofrimento dos outros. Estão ligados apenas nos atos.

São essas as novas provas. As novas e velhas provas. Tudo se resume em amar o próximo. Fazer isso é ter compaixão por ele: boa vontade, indulgência e perdoá-lo. É estar com seu mundo interno voltado para o outro, ao invés de deixa-lo ocupado com aquilo que a razão humana cria.

Volto a repetir: em momento algum falei de atos durante essa resposta. Alguns vão dizer que estou contra isso ou aquilo: não é verdade. Não sou contra nem a favor de nada que acontece no mundo externo.  

Não falei de atos. Sei que ato acontece, por isso não falei de fazer ou deixar de fazer alguma. Estou falando de mundo interno. Tem um ditado que diz: onde estiver o seu coração, ali está você. Hoje, o coração de vocês está muito longe do amor ao próximo: está preso à razão humana.

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