Que a paz de Deus esteja com vocês. Estejam em Paz!

Na semana que vem vamos começar uma série de conversas na internet, mas queria aproveitar hoje e fazer uma introdução ao assunto que vamos falar. É importante fazer isso hoje porque já adiantamos um pouco o assunto e vocês já compreendem melhor o que vamos conversar. Têm tempo para pensar sobre a conversa.

Pensar, primeiro se querem participar dela ou não, pois não é obrigatório participar. Vai quem quer! Segundo, é importante falar hoje para meditarem sobre o assunto e assim quem sabe, se tiverem alguma dúvida, anotam e começamos aquela conversa tirando as dúvidas do assunto.

Então, vamos começar a introdução pelo começo. É muito mais fácil assim, não é?

A Terra é conhecida, espiritualmente falando, como um planeta onde acontecem encarnações. Terra não é um astro, um planeta, não se desprendeu do sol. Tudo isso é ilusão. O planeta Terra na visão espiritual é um local, porque não existe espaço físico, onde espíritos (seres universais) vivem o que é chamado de encarnação.

Sempre que se fala em encarnação é preciso compreender o porquê, o para que se encarna. O espírito, segundo O Livro dos Espíritos, encarna nesse lugar para realizar provações sobre aquilo que estudou quando na erraticidade. Provas sobre aquilo que percebeu quando na erraticidade.

Isso é uma encarnação: uma etapa da existência do ser onde o ser coloca em prova, para si mesmo, tudo aquilo que aprendeu antes da encarnação. Se isso é verdade, temos, então, que entender que a Terra não é um planeta, mas um campo de provas.

Ela não é um planeta onde vivem pessoas, seres humanos, onde acontece coisas. Não é isso! O que vocês chamam de planeta Terra é um campo de provas, é um local de provas dos espíritos.

Continuando na introdução e caminhando um pouco mais na compreensão, buscamos, então, entender como essas provas acontecem. Quando, em que momento, o ser encarnado está vivendo uma prova? Sempre.

A encarnação não tem outro objetivo além da provação do espírito. Não há momento algum onde não esteja acontecendo uma prova. Na verdade a prova não acontece em determinados momentos! A prova é aquilo que você chama vida!

Todo o período da encarnação, tudo que acontece durante a encarnação (vida humana) são provas. Mais nada acontece. Não há momentos onde não está havendo uma prova. Aliás, o momento que você acha que não está havendo uma prova, é uma prova!

A partir daí podemos dizer que se o planeta Terra é um campo de provas e se tudo que acontece são provas, não existe vida! Não há vida, como vocês acreditam que exista. Vocês não andam de um lugar para outro, têm uma prova; não sentam numa cadeira, têm uma prova; não bebem café, têm uma prova. Todos os acontecimentos são provas, porque não acontece outra coisa durante a encarnação que não uma prova.

Começamos, então, a nossa compreensão entendendo que não existe um planeta, mas um campo de provas. Agora descobrimos que não existe uma vida, existem provas. Só essa análise simples, banal, básica, serviria para destruir praticamente tudo que vocês vivem.

Vocês não têm uma dor, têm uma prova; não têm um medo, têm uma prova; não têm vontade de nada, têm uma prova; não têm uma verdade, mas sim uma prova! Essa é a realidade, mas ainda é difícil para vocês compreenderem isso. Por isso vamos adiantar um pouco mais o assunto.

Como a prova se cria? Acabei de dizer que não têm uma verdade, mas uma prova; que o desejar é uma prova e não um desejo. A partir dessas afirmações pergunto: como o desejo, a verdade, a realidade e os fatos daquilo que chama de vida acontecem? Através de um processo chamado razão, um processo racional. 

Há muito tempo já falei que são gerados por pensamentos, mas como acham que pensamentos são só historinhas, hoje estou mudando um pouco minha fala. Tudo o que vivem, ou seja, suas provas, são formadas através de uma razão, de um processo chamado racional.

Tudo o que imaginam viver, todas as provas que passam durante a encarnação, existem porque há uma razão criando aquilo. Então, você não está sentado, está tendo uma razão que diz que está sentado; você não acredita numa determinada coisa, tem uma razão que diz que acredita naquilo.

Por isso é tão difícil tentarem compreender e viver o que falamos antes: tudo é prova. Porque é difícil? Porque inclusive a afirmação racional que tudo é prova é apenas uma prova, mas são incapazes de perceber isso. Por isso, ao invés de viverem a razão como prova, a vivem como verdade, realidade.

Portanto, a vivência com os valores espirituais é um pouco mais complicado. Apesar dessa complicação é importante saber: não há planeta, há campo de provas; mão há vida, há prova; a prova é toda razão que você tiver, toda racionalidade que tiver, todo pensamento que surgir, toda consciência que for alcançada.

Não importa o que esteja vendo, sentindo, achando: tudo é apenas uma prova. Não é um ato, um acontecimento, uma verdade.

Mas, vamos mais adiante. Agora pergunto: o que é fazer uma prova, como interagir com a razão para realizar a provação com mérito? O Espírito da Verdade deixa bem clara a resposta: não confie na razão.

075a. Porque nem sempre é guia infalível a razão? Seria infalível, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre arbítrio. (O Livro dos Espíritos)

Aí está a prova do espírito: ele recebe uma razão, mas não deve confiar nela. Isso segundo o mentor do espiritismo.

Vocês poderiam perguntar: ‘não devemos confiar porque é mal educada, orgulhosa e egoísta?’ Hoje respondo: nessa introdução não importa porque não devemos confiar nela. Essa questão faz parte de detalhes que vamos falar depois. Hoje, nessa introdução, a grosso modo, o que precisam entender é:

– Não existe um planeta, existe um campo de prova;

– Não existe vida, existe prova;

– Cada razão é uma prova.

– A vitória na prova acontece quando não se segue o que a razão diz.

Olhando pelo lado espiritual, posso dizer que a razão existe para que o ser encarnado (você) cumpra o determinado pelo ensinamento: “não confie na sua razão”. Ou seja, não acredite que está certo ou errado, está sentado ou de pé, gosta ou desgosta de algo, que aquilo é isso ou aquilo.

Isso é uma encarnação. Você, o ser universal, é ligado a um tipo de razão, que chamamos de humanidade. Um parênteses: mais tarde vamos conversar sobre esse termo. Por hora ficamos apenas com a informação que você, o espírito encarnado, é ligado a uma razão, que chamamos de humanidade. O que posso falar por enquanto é que a razão a qual é ligado (humana) está de acordo com a sua faixa de elevação espiritual.

Então, você, o ser universal, que frequenta o campo de provas Terra é ligado a uma razão humana. Isso acontece para que ao receber essa razão utilize o seu livre arbítrio e não confie, não acredite nela.

Essa introdução ainda não acabou. Não basta só não acreditar na razão. Há algo que precisa ser feito durante a encarnação.

Cristo ensinou o seguinte:

O primeiro e maior mandamento ao qual você tem que se entregar de corpo, alma e espírito (corpo aí no caso é a razão) é amar a Deus sobre todas as coisas. E o segundo e maior mandamento que devem se dedicar de corpo, alma e espírito é amar ao próximo como a si mesmo.

Ele não falou mais nada. Falou sim, desculpe. Depois do desencarne, depois da cruz, o mestre apareceu em uma reunião com os apóstolos na casa de Maria, Maria Madalena, e disse bem claro:

Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas. (Evangelho Apócrifo de Maria Magdala)

Portanto, não é para acrescentar mais nada aos dois mandamentos, ao amor à Deus e o amor ao próximo.

Sabe, você não tem que rezar, tem que amar à Deus e ao próximo; não precisa fazer meditação, tem que amar à Deus e ao próximo. É isso: não junte outra regra ao amor.

Por isso digo: não há nada mais a ser feito nessa vida. Não existe nada a ser feito na encarnação. O que precisa fazer durante esse período é duvidar da sua razão e amar a todos e a tudo.

Amar a todos, Deus (Deus é tudo) e a todos. Todas as pessoas, todas as coisas.

Isso é a vida do ser encarnado, isso é uma encarnação. O espírito, depois de passar algum tempo no que vocês chamam de erraticidade, é desligado do seu mundo e retorna a esse. Vem a esse planeta, que não é um planeta, mas campo de provas para viver suas provações. Essas são geradas pela sua razão. A cada momento que uma razão se forma o ser precisa libertar-se, duvidar dela. Ao mesmo tempo, deve amar ao outro, a todos e a tudo.

Isso é uma, como posso dizer, uma consciência que aquele que se diz espiritualista deveria ter. Ou seja, aquele que diz que acredita na vida depois da vida e que quer viver para esse algo mais que existe depois da vida carnal, deveria viver a partir dessa realidade. No entanto, não consegue isso.

Mesmo aqueles espiritualistas mais fervorosos não conseguem viver. Por quê? Porque não sabem amar. Porque não sabem o que é amor.

Lembro de uma pessoa que dizia: Joaquim, nós não sabemos amar. Sim, vocês não sabem amar. Naquele tempo para ajudar aquelas pessoas, fiz uma comparação par dar uma ideia, do que é amar. Disse: amar é respeitar o direito do próximo, é dar ao outro o direito de ser, estar e fazer o que ele quiser.

Sei que muita gente vai dizer que entende essa ideia. Vai dizer que dá o respeito aos outros, ou seja, diz que deixa cada um pensar o que quer. Mas será que só isso é o amor? Que respeito é esse que você tem pelo outro? Vamos tentar entender isso.

Como a razão não lembra, tudo que é criado por ela precisa ser duvidado. Quando se dá uma explicação sobre amor, o que acontece? Forma-se uma razão sobre o que é amar, sobre estar amando: ‘estou dando a ele o direito de acreditar no que quiser’.

Isso não é o amor ensinado por Cristo. É um amor racional, raciocinado. É um amor fruto de uma razão. Vou tentar explicar isso.

O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. (João 15:12-14)

O amor que o Cristo ensinou é completamente livre, completamente desprendido de tudo. É um amor que existe acima de tudo e de todos e de todas as coisas, principalmente acima do amor a você mesmo. Quando essa premissa está presente temos um amor Amor, não um amor racional.

O amor que vivem na Terra, mesmo quando aplicam o ensinamento, ainda é um fundamentado no egoísmo, no orgulho, na má educação, ou seja, é uma razão. Não é o amor ensinado pelo Cristo porque não está acima do amor a si mesmo.

Quer um exemplo? Vamos lá. Se eu dou ao próximo o direito de ser, estar e fazer o que quiser, mas ainda mantenho a ideia de que está errado, não estou amando acima de mim mesmo. Eu não concordo com o outro, acho que está errado, mas, por força de cumprir o ensinamento, dou o direito de pensar diferente.

Isso é amar ou é querer ganhar (o cumprimento do que precisa fazer para elevar-se) aplicando o ensinamento? Usar o ensinamento para ganhar é amar? Acho que não. Pelo menos não o amor ensinado pelo mestre.

O Amor que Cristo ensina não pode ter condicionante nenhuma, pois está fundamentado em uma coisa chamada Universalismo, ser um com Deus. Vou falar um rapidinho disso.

Cristo disse assim no fim do livro Apocalipse da Bíblia: tudo está feito, eu venci o mundo, eu e Deus somos um. Portanto, para o ser, você, vencer o mundo, elevar-se espiritualmente, para duvidar da sua razão e amar a tudo e a todos, precisa ser um com Deus.

Quem é Deus? Tudo, todos. A partir disso pergunto: o que é ser um com Deus? É ser um com todos, com tudo. É estar em unidade com um, com todo, com tudo.

O que é estar em unidade com um, com tudo? É fundir-se àquela coisa, àquela outra pessoa.

– Você não gosta do amarelo! Eu também não gosto;

– Você não gosta do vermelho! Eu também não gosto.

É isso que é fusão. Para que ela aconteça é você que tem de estar ligado ao outro e não ao contrário, pois quem quer universalizar-se é você. Por isso é você que precisa abrir mão do que acredita e acreditar no que ele crê.

Então, o objetivo final da encarnação é ser o outro, fundir-se a ele. Para isso é preciso assumir para si as verdades dele ao invés de simplesmente: ele está errado, mas eu o respeito!

Olha a diferença do que estou falando para como vivem! Para amar é preciso acreditar que o outro não está errado. Crer que ele está certo, apesar de pensar diferente de você!

Porque precisa achar que ele está certo, apesar de pensar diferente? Porque ele acha que está certo! Por isso, para fundir-me a ele tenho que achar que está certo!

E agora, como fica o que você achava antes? Não acha mais certo!

Uma última questão: quando o ser deve se universalizar com o outro? A cada momento, a cada relacionamento. Esse é um detalhe a mais que quero colocar na nossa conversa.

As razões são criadas em cima de relacionamentos com outras pessoas ou outras coisas. Sabe, cada vez que você entra em contato com alguma coisa ou pessoa, está tendo relacionamento. É exatamente no momento desse contato, no momento desse relacionamento, que é o seu agora, que é quando existe a prova, que precisa se universalizar. Por isso, a cada momento, a cada relacionamento, o ser espiritual, você, deve tornar-se um com quem e o que está presente naquele momento.

Isso é colocar em prática o amor ensinado por Cristo: a cada momento vencer a sua razão, libertar-se da sua razão e universalizar-se com quem ou o que está naquele momento com você.

Simples, não? Pode até ser simples de compreender, mas é difícil fazer, pois é preciso vencer a você mesmo. Vencer o mundo, vencer a razão é vencer a você mesmo. É por causa dessa dificuldade que teremos esse trabalho que vamos começar.

Vamos levar um tempo conversando sobre argumentos, sobre detalhes, dos relacionamentos que vocês têm com tudo e com todos. Faremos isso para dar armas para poder lutar para libertar-se da razão.

Sobre relacionamento com coisas lembro uma vez que uma pessoa me falou do sofá dela. Disse que tinha um buraco e estava velho. Por isso a todo mundo pedia desculpas pelo estado do sofá. Eu disse a ela: coitado, o sofá deve estar se sentindo mal. Ele aguenta o peso da sua bunda e você só fala mal dele.

Esse é um relacionamento sem amor que precisa ser alterado. É preciso ter amor pelo sofá. Por quê? Por que o sofá com buraco é prova. É a razão que diz que existe um sofá com buraco e que isso é feio, errado. Ter essa ideia é prova porque é um relacionamento com tudo e com todos.

Então vai ser isso que vamos conversar. Como se relacionar com quem pensa diferente, como se relacionar com quem acha diferente, com quem acredita em outra coisa, com quem acha que você está errado.

Falaremos, também, em como se relacionar com as coisas deste mundo. Como se relacionar com a luz que acaba na hora que quer ver alguma coisa na TV, com o sofá que arrebenta, com o carro que não funciona. É preciso ter elementos para lidar com essas coisas amando-as.

É isso que vamos fazer: dar elementos para que você possa combater aquilo que chamamos de humanidade, que já chamamos de sistema humano de vida, os códigos e normas de éticas de certo e errado bonito/feio. Esses elementos devem servir para que possa libertar-se da sua razão e assim amar a tudo e a todos.

Hoje a razão cria o fundamento que diz que está certo. Como não tem elementos para se libertar disso cai. Primeiro julga, depois sai criticando, acusando a tudo e a todos. Quando lembra do ensinamento que já conversamos, dar a razão ao outro, respeitá-lo, coloca em prática o respeito. Faz isso não por amor, mas para ganhar, por que quer estar certo. A libertação tem que ser total da razão.

Então, será sobre esses artifícios, esses argumentos, que vamos conversar a cada semana, a partir da semana que vem. Convido todos que quiserem participar, que quiserem levar suas questões dentro do assunto. A cada semana estarei lá para que possamos tocar essa conversa.

Que vocês fiquem na paz!

Queria só terminar essa fala colocando mais uma coisa. Não sei o que a razão de vocês está falando sobre esse momento do planeta, mas algum tempo atrás disse que a situação ia melhorar e melhorou. Agora digo que ainda vai piorar mais.

Dentro do que falamos, e por isso adiantamos essa introdução, dou um recado: tente se libertar da sua razão. Tente parar um pouquinho de achar que está certo e que o mundo está errado só um pouquinho. Discuta um pouco com a sua razão para ver se está mesmo certo. Não aceite todas as ideias que aparecem. Está certo?

Que vocês fiquem na paz de Deus e até a próxima terça-feira.

Graças a Deus.

Compartilhar