Vamos continuar nos aprofundando nos elementos do carma? Vimos que ele está submetido a um gênero de egoísmo (posses) e que se expressa por múltiplas paixões. Mas falta ainda um elemento a ser conhecido, pois das paixões nascem os desejos.
Se um ser humanizado tem uma paixão, certamente também terá desejos, pois eles são formados a partir delas. Mas, o que são estes desejos? A vontade de ganhar e a de não perder o objeto da paixão; a vontade de ter prazer e a de não ter desprazer a partir da vivência com o objeto da paixão; a vontade de ser considerado certo (ter fama) e a de não ser considerado errado (infâmia) por causa da paixão; a vontade de ser elogiado (reconhecido) e a vontade de não ser criticado por causa da sua paixão. Os desejos, portanto, estão vinculados às paixões e expressam vontades que o ego dá ao ser humanizado a partir da conscientização da paixão.
Com este componente (os desejos) conhecemos agora todos os elementos de uma compreensão racional. Sempre que um ser humanizado tem uma compreensão racional (um raciocínio), ela inicia-se no eu, está presa a um quer, gostar ou saber. As paixões são expressas na conscientização através de algum elemento (pessoas, objetos ou conhecimentos), que são as paixões e tem embutido em si sempre um desejo, uma vontade, com relação a este elemento.
Isto é, dentro de uma visão completa, o seu carma. Ele é um raciocínio que diz: este carro é meu e quero que ele fique inteiro; esta casa é minha e quero que ela seja arrumada desse jeito; este filho é meu e quero que ele seja criado assim; este amigo é meu e eu quero que ele aja assim; sobre este assunto eu sei e quero que o meu conhecimento sobre ele seja verdade. Estas são algumas construções que o ego do ser humanizado faz a cada conscientização. Nelas estão presentes o egoísmo (a ação do eu), as posses (morais, sentimentais e dos objetos), as paixões (os elementos de cada uma) e os desejos que se vinculam ao querer estar certo, ter prazer, alcançar a fama e receber elogios.
Estas conscientizações ou carmas, como já afirmamos, geram as provações que o espírito humanizado pede para passar para provar a si mesmo o quanto aprendeu ainda na erraticidade. Compreender isto é fundamental para aquele que pretende promover a reforma íntima, pois assim ele vivenciará as compreensões como provas e não como realidades.