Portanto, é preciso ser inteligente emocional e o ser se torna isso quando consegue reconhecer os pensamentos ou emoções que podem lhe ter alguma utilidade na vivência da vida. Só que mais do que reconhecer, é preciso trabalhar junto a isso. É sobre esse trabalho que quero falar agora.
Como você trabalha uma emoção? Como pode decretar que sentir aquela emoção é perda de tempo, é contraproducente?
Participante: verificar quando ela vai lhe tirar a paz?
Toda emoção vai lhe tirar a paz. Portanto não é por aí.
Participante: mudar o foco, mudar a atenção de lugar?
Não. Vou dar uma ideia para ficar mais claro.
Digamos que alguém chegue e comece a discutir um assunto que você imagina saber que a opinião do outro está errada. Este é o momento onde deve primeiro manter-se em estado de cautela e, em segundo lugar, começar a analisar o processo em que está entrando. Aqui começa o problema.
Vocês humanos imaginam que porque sabem alguma coisa são capazes de provar ao outro que estão certos. Por isso vão entrando no debate cada vez com novos argumentos ou formas de explicar o que pensa. Por causa dessa presunção, insistem e quando veem estão no fundo do poço: já perderam a paz e a harmonia.
Como eu posso estancar isso antes de chegar a esse ponto?
Participante: se harmonizando e sabendo que aquilo é apenas a opinião dela.
Não. Estou falando de algo bem racional algo simples. Existe uma coisa chamada oração da serenidade. Já ouviram essa oração?
Conceda-me a serenidade
Para aceitar aquilo que não posso mudar,
A coragem para mudar o que me for possível
E a sabedoria para saber discernir entre as duas.
Esse é o caminho da inteligência. Você pode agir para mudar o outro? Aja. Não pode? Conscientize-se de que não pode e encerre a discussão.
É o que conversamos sempre quando falamos em realizar alguma coisa. Você acha que pode realizar, fazer, comprar, mudar alguma coisa, vá lá e faça. Se pode, não irá sofrer com as coisas: basta ir lá e mudar aquilo. Se não pode, tenha consciência disse e desista que aquilo se mude.
Agora, para que a análise seja real, é preciso ser honesto consigo mesmo. Essa possibilidade de mudar é real ou você apenas imagina que seja possível? Precisa verificar sem sombra de dúvida antes de se entregar ao tentar mudar se realmente tem capacidade de mudar o que não gosta. Se chegar à conclusão de que não pode, precisa saber que não pode mudar.
Se não pode mudar algo, para que lutar contra?
Participante: é o famoso jogar a toalha?
Não é isso que estou falando. Trata-se de reconhecer a sua incapacidade de gerir aquilo. Quando chega à conclusão que não consegue mudar consegue, mesmo que tente e só aí veja que não pode, é capaz de abrir mão de viver a emoção proposta pela mente. Enquanto se sentir capaz de resolver o assunto entrará no turbilhão das emoções e cada vez cairá mais.
Sabe, você está conversando com uma pessoa e ela está falando alguma coisa que não concorda. Neste momento, dará a sua opinião. A pessoa, então, retrucará lançando mão de outros argumentos que provem que ela está certa. Isso é sinal de que ela não está disposta a mudar a sua crença. Para que continuará a conversar sobre aquele assunto?
O conversar que estou falando não é através de palavras, de sons, mas intimamente. No seu mundo interno você deve perder o ânimo de discutir o assunto. O que sairá da boca não interessa.
Quem age assim é o inteligente emocional. É aquele que diz que queria ter um carro e por isso trabalha para ter dinheiro e comprá-lo. Agora, se o seu salário não dá para pagar a prestação do carro que deseja, o inteligente abre mão do sonho e vive feliz andando de ônibus ou no carro velho que tem.
De nada adianta ficar acusando o sistema dizendo que privilegia um e não a todos. De nada adianta ficar culpando a inflação do país que corroí o salário. Ficar se lamentando desse jeito vai resolver o problema dessa pessoa? Isso o fará ter um carro? Claro que não. Então para que vibrar dentro desse sofrimento todo?
Essa é a inteligência emocional. Trata-se de saber, digamos assim, o seu limite. Saber o quer você pode viver, o que compensa ser vivido. Claro que pode passar a vida inteira com um discurso contra o governo o culpando das suas carências, mas adianta isso? Essa forma de proceder vai lhe fazer ter o que quer ou mudará o governante? Acabará com a pobreza, com as carências da população?
O que pode resolver a sua situação? Tentar ganhar mais dinheiro. Esforce-se para isso, não fique apenas criticando. Agora, se não conseguir ganhar mais, aceite que lhe é impossível conquistar o sonho e viva em paz o que tem hoje.
Quem não é inteligente emocionalmente fica o tempo inteiro vivendo a crítica aos outros culpando-os por não conseguir o que quer, declarando-os culpados do seu sofrimento. Só que estes vivem a mesma vida que viveriam, ou seja, têm a mesma coisa que teriam em sofrimento ao invés de ter paz de espírito e tranquilidade.
Este é o trabalho da reforma íntima. Para que o ser descubra a sua paz é preciso que descubra a inutilidade da perda da paz. É o que falei no exemplo da morte da mãe. O desespero a trará de volta? Não. A pessoa viverá a mesma vida, ou seja, com a ausência da mãe em desespero ou em paz. Então, adianta viver o desespero?
Adianta querer se atirar dentro do caixão e ser enterrado junto? Claro que não, ninguém deixará. Sendo assim, terá que viver com aquilo, terá que passar por aquela situação, pois não há como muda-la. Então, aprenda a viver essa situação com outro estado de ânimo. Aprenda a se relacionar com o que tem para viver.
Esta forma de viver, apesar de não possuir nada de louvor a Deus, de oração ou qualquer outra coisa que vocês dizem ser relacionado com a espiritualidade, é o trabalho, o processo, para se alcançar a elevação espiritual durante a encarnação. Isso porque ele lhe dá a paz, a harmonia e a felicidade que os mestres disseram que marca quem conquista se aproxima de Deus.
É esse processo que precisa ser vivido. Ser vivido como? Como regra, norma, certo? Não, porque ninguém é capaz de viver isso vinte e quatro horas por dia. Se pretender viver inteligente emocionalmente o tempo inteiro ainda estará sendo um burro, pois estará querendo fazer algo que não possui capacidade de realizar.
Sendo assim, é um processo que se consiste em viver consigo mesmo, fazendo ou não, em paz. Ser inteligente emocional e ao invés de se culpar por não ter feito em determinado momento, tentar fazer nessa hora, ou seja, aceitar que não foi capaz de fazer em um momento. Se não fizer isso, não terá feito antes nem agora.