Toda esta questão de vida e morte surgiu porque falamos dos inimigos do ser humanizado. Ao falarmos deste elemento citamos o ensinamento de Cristo que afirma que todos devem ser amados por aquele que se sabe algo além da matéria. Vamos falar um pouco deste amor, pois ele também não é bem compreendido pelos seres humanos e confundido com o amar humano.
O amor humano é transitivo, ou seja, é um verbo que exprime a ação que vive um sujeito com relação a um objeto. Ou seja, o amor humano é algo nutrido por um agente com respeito a outra pessoa, objeto ou ação. Um homem ama uma mulher, um amigo ama outro, alguém ama um animal. Este amor, no entanto, não pode ser considerado espiritual, pois para que ele exista há a necessidade da presença do bom.
Quando um homem ama uma mulher? Quando ela lhe satisfaz. Quando um amigo ama outro? Quando este sempre age em corroboração com o que o outro acredita ou quer. Quando uma pessoa ama um animal? Quando este lhe complementa, lhe faz companhia. Ou seja, o amor humano existe quando uma condição para tanto seja preenchida.
No momento que a condição não é preenchida o amor acaba. O homem deixa de amar a mulher que não mais lhe satisfaz, uma pessoa deixa de amar o amigo quando este não mais corrobora o que ele quer ou acha e um ser humano deixa de amar o animal se este lhe ataca.
O bom existente no amor humano, ou seja, a presença de uma condição que satisfaça as paixões, posses e desejos do ser humanizado, retira dele qualquer característica que possa torná-lo universal. Por isso o amor que Cristo mostrou como caminho para se chegar a Deus e viver a felicidade que se antevê não pode ser este.
Chamamos o amor ensinado por Cristo de universal. Ele é intransitivo, ou seja, sua ação não se dirige especificamente a ninguém ou nenhum objeto. É aquilo que é sentido genericamente e não especificamente a alguém ou alguma coisa.
O espírito que ama universalmente não o faz apenas por determinadas coisas ou precisa que determinadas condições são satisfeitas. Ele ama a tudo e a todos indiscriminadamente. Aliás, nem podemos dizer que ele ama a tudo, mas apenas ama.
O amar espiritual é um ato que o espírito pratica sem que haja objeto para ser amado. Ele apenas ama sem se preocupar com o que está sendo amado.
Sendo tudo isso realidade, mais uma vez aparece o que estamos falando: a questão do bom e do bem. Enquanto o espírita ou espiritualista tiver um bom amará condicionalmente. Apenas quando se libertar dele poderá amar de uma forma intransitiva.