Participante: além de dar ao outro o direito de ser, estar ou fazer o que quiser, me chamou a atenção uma outra definição de Joaquim que me identifiquei bastante: Amar é divinizar a tudo e a todos. Poderia comentar?
É preciso divinizar a tudo e a todos, dar a tudo e a todos o adjetivo de divino, o valor de divino.
Sim, é preciso começar a aprender a lidar com todas as coisas e todas as pessoas com se Deus fosse. Sabe porquê? Porque são! Tudo o que existe, todas as pessoas que existem são Deus emanado.
Não é emanação de Deus, mas sim o Deus emanado. Não vou tentar explicar e você não tente entender, mas saiba que tudo é Deus e Deus é tudo. Por isso é preciso aprender a viver com o Deus em tudo. Agora, muito cuidado com isso.
Lembro que uma vez que estávamos falando sobre isso e uma pessoa disse assim: “então, posso chamar o cachorro de Deus?” Eu disseque não, pois o cachorro não é Deus. Deus é Deus.
Divinizar não é chamar o cachorro de Deus, mas sim deixar de ver o cachorro, deixar de viver com um cachorro. Se quiser viver com um cachorro como um cão e chama-lo de Deus, será a própria razão que estará tentando destruir razão.
Divinizar as pessoas não é, por exemplo, chamar o seu inimigo de Deus. É preciso viver com ele como vive com Deus. Lembre-se: seu inimigo é Deus, não é o seu inimigo. Divinizar não é chamar o estuprador de Deus. É viver com ele como se vive com Deus, porque o estuprador é Deus.
Essa questão de divinizar é importante, é um caminho. Sim, é, mas muito cuidado para que não use a palavra Deus ao se dirigir aos outros sem retirar o que você deles. Se não retirar os conceitos não adianta nada: vai continuar lidando com um estuprador, com um cachorro, com quem pisa no seu pé, achando que os está divinizando.
Na verdade, só trocou o nome: ao invés do adjetivo que acredita que ele possui, passou a chamá-lo de Deus.