A partir do que falei, pergunto: se vocês não podem ter verdades, quando a vida diz que o outro está errado o que devem fazer?
Participante: dizer para a vida que não sabe se ele está errado.
Isso. Deve responder dizendo assim: pode ser, pode não ser. Não defina nada: apenas exclua a possibilidade daquela alternativa estar certa.
Pode ser que ele esteja errado mesmo. Ao afirmar que ele não está, estará apenas criando mais uma verdade que não corresponde à realidade. Não se alcança a felicidade dizendo que você ou o outro não estão errados, pois pode ser que estejam, mas sim dizendo que não tem certeza de nada.
Na verdade, ao excluir a possibilidade da vida estar certa, você só não vai sentir a culpa. A ideia que você ou o outro estão errados ou certos continuará existindo no mundo mental da vida
Ouçam bem o que acabei de falar, porque este é o grande problema para aquele que quer se libertar da dependência da vida: no mundo mental você vai continuar tendo a mesma opinião sobre o que o outro fez. Isso não mudará com a sua intervenção na proposta emocional.
Participante: para você quem?
Para você.
Na verdade é a vida que está criando a ideia do outro estar certo ou errado. É ela que está dizendo que ele é errado e, ao fazer isso, a vida está certa. Ela está certa no sentido de que isso tinha que acontecer e não no sentido do que foi afirmado sobre o que aconteceu.
O que estou querendo mostrar? Vocês imaginam que ao excluir a possibilidade dele estar errado, no mundo mental não vão achar que ele está errado. Isso jamais pode acontecer, pois o mundo mental pertence a vida e vocês são incapazes de alterá-lo.
O que você faz dentro do processo de buscar a felicidade não é mudar o que vida faz e diz, mas apenas não comungar com aquilo que ela cria. Por isso, para a vida ele continuará errado. No mundo mental a ideia de que ele ou você estão errados por brigar com a sua filha, por exemplo, continua existindo, mesmo que você consiga não viver a culpa. Jamais, enquanto durar, o seu mundo mental vai pensar diferente.
É isso que estou querendo colocar. Como já foi dito aqui hoje, o trabalho junto à vida é sutil, pois não interfere no mundo mental, na própria vida. Libertar-se da vida não interfere nela…
Participante: e quanto ao emocional?
Não interfere no mental nem no emocional. Na sua vida, mesmo que você não viva o que ela cria, aquela outra pessoa continuará errada e haverá sofrimento.
Participante: isso é muito louco, mas deve ser bom fazer isso. Isso pode ser feito?
Sim, mas para isso é preciso estar ligado em si mesmo. Ligado não no momento que está conversando com alguém, mas quando está falando consigo mesmo.
O momento em que está com você é aquele onde a mente começa a lhe repassar declarações à respeito das coisas do mundo. Neste momento é preciso estar atento a si mesmo a para, ao invés de acreditar no que é dito, dizer sempre: não sei. Isso deve ser feito com a consciência que este não sei não muda o que a mente pensa das coisas.
É isso que quero deixar bem claro. A sua ação acontecerá depois que a vida gerar um pensamento à respeito do que houve e a sua reação a isso não retornará à vida alterando o que ela criou.
Participante: é que às vezes a vida nos engana.
Isso. É o que disse antes: ela muda uma palavra e vocês se perdem.