Participante: na verdade eu tenho que estar em paz em qualquer situação.

Não, você não tem que estar em paz. Quando você coloca o ter que em qualquer frase, está criando uma verdade, uma obrigação. Como o realizar qualquer coisa é executado pela vida, você não pode se comprometer em ter que fazer nada…

Participante: só em pensar desta forma eu já estou criando uma alternativa para a felicidade. É isso?

Na verdade, não é você que está criando nada, mas sim a vida.

É ela que cria um ensinamento que afirma que você deve ficar em paz para alcançar a elevação espiritual. Quando ela fez isso, criou o certo. Se você aceitar este certo, ele se transformará numa verdade que ela usará para lhe propor uma determinada reação emocional diferente da verdadeira felicidade.

Não sei se vocês se lembram de um moço que nos ouvia e quando eu falava que não deveriam fazer determinada coisa ele sempre me respondia que não existia certo nem errado, pois eu mesmo já havia ensinado isso. Ele falou assim diversas vezes e não reparou que na verdade ele estava criando o certo. Um determinado dia eu respondi a uma intervenção dele afirmando que ele estava certo e eu errado. Ele não compreendeu o que eu quis dizer e saiu de lá achando que tinha me ensinado alguma coisa…

Porque ele agia daquela forma? Ou melhor, porque a vida dele agia daquela forma e ele se deixava levar pelo que a vida criava? Porque quando a vida dele criou o certo a partir do que eu ensinei – criou a ideia de que não se pode ter certo e errado – e usou isso para lhe propor uma determinada postura emocional, ele não se libertou da vida.

Saber que não existe nem certo nem errado não pode se transformar numa verdade, numa lei. Este ensinamento deve servir apenas como instrumento para desqualificar uma proposição emocional que a vida crie. A vida dele transformou este instrumento para desqualificar uma opção numa alternativa e ele nem viu isso acontecer e compactou com esta ideia.

Participante: é por isso que acreditar que tenho que ficar em paz em qualquer circunstância que vivo leva à culpa quando não fico?

Sim…

Vocês precisam prestar muita atenção à questão da utilização por parte da vida do que ouvem como ensinamentos. Um dia, uma pessoa perguntou a este médium como fazer alguma coisa que eu tinha dito e que ela não conseguia fazer. Ele respondeu da seguinte forma: ‘você já ouviu Joaquim até o fim? No final de tudo ele sempre diz que não se deve acreditar em nada nem em ninguém. Pois, é o que você está deixando de fazer é isso. Você não tem que fazer o que ele diz’.

A forma como a vida de vocês leva ao consciente um ensinamento ouvido é muito importante. Vocês não podem aceitar que ela trate estas informações como obrigações. Se fizerem isso, a vida explorará esta aceitação para propor determinada reação emocional e vocês, com certeza, não conseguirão excluir esta opção porque acreditam que são obrigados a fazer o que eu ensino.

Aliás, quando recentemente deixamos de fazer palestras, cheguei a comentar com algumas pessoas que esta era a hora que deveríamos ficar mais longe e deixar vocês se afundarem. Afundarem-se sabe no que? No que eu falei.

Eu sempre disse que não devem transformar o que falo numa verdade e vocês transformaram tudo o que falei em verdades. Com isso só trocaram meia dúzia por seis, ou seja, só trocaram de verdades, mas continuaram dependentes de algumas coisas para serem felizes.

Na verdade não foram vocês que transformaram os ensinamentos numa obrigação, mas sim a vida. Ela criou isso para gerar a ela mesma mais uma opção para fazê-los sofrer e vocês aceitaram o que ela criou.

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