O conhecimento da síndrome do todo poderoso é muito importante, pois, inclusive, o outro sofrimento relatado hoje, a culpa, tem a participação desta síndrome: ‘eu podia ter feito diferente e não fiz’.

Não, você não podia ter feito nada diferente do que fez. Por quê? Porque aquela pessoa não podia ter deixado de ser brusca com a filha, porque você não podia deixar de rodar a baiana e a outra moça não podia ter deixado de pular no pescoço de alguém?

Participante: por causa das provas do espírito?

Não. Esta resposta está muito intelectualizada. Para se lidar com a mente tem que se agir de forma simples.

Porque você não podia deixar de trazer o cachorro para cá? Porque trouxe… Porque não podia deixar de sentir o cheiro? Porque sentiu… Se pudesse ter não trazido o cachorro ou se pudesse deixar de sentir o cheiro, teria agido diferente com certeza…

Participante: a fonte do sofrimento não é sentir o cheiro, mas incomodar-se com ele…

O incômodo já é uma resposta assinalada durante a vivência das proposições que a vida gerou. O incômodo é resposta; estou falando de causas…

A causa do incômodo que você vive está no fato de ter trazido o cachorro para dentro de casa. Para você, esta é a origem do seu sofrimento hoje. O fato de ele fazer necessidades pela casa e isso lhe perturbar já é decorrência dele estar aqui.

Para libertar-se desta culpa que a vida lhe dá, e que você aceita, o que é preciso ser feito é apenas se constatar o que a vida faz. É isso que é preciso ser feito para impedir que a síndrome que a vida usa para justificar um sofrimento lhe leve a sofrer.

Racionalizar o que está acontecendo, ou seja, dar valores aos acontecimentos, não leva ninguém a conseguir libertar-se do padrão emocional que a vida propõe. Apenas a constatação do que a vida criou um determinado acontecimento com a consciência que é ela que gera o que acontece e que você não pode governar os acontecimentos dela leva à libertação da proposição emocional.

O que estou falando aqui é em ser o protagonista de uma ação: tirar, por, cair, etc. Você não pode fazer nada disso, mas a vida lhe dá a ideia de que pode fazer. Por isso, para chegar à opção nenhuma das respostas anteriores, é preciso que você desqualifique a ideia de que pode fazer alguma coisa.

Como? Constando a realidade, o que está acontecendo. Para você desqualificar a ideia de que poderia não ter trazido o cachorro, por exemplo, precisa dizer a vida que já trouxe, que o cachorro está aqui e por isso jamais poderia ter deixado de trazê-lo. Se você não desqualificar a pretensa ideia de que poderia não ter trazido, aceitará o sofrimento que advém da presença do cachorro na sua vida.

É preciso que você viva com a consciência de que a sua vida foi trazer o anima e não com a ideia de que foi você que o trouxe. Esta consciência lhe ajudará a esperar o desfecho desta história, pois se o acontecimento trazer foi feito por ela, o sair daqui também será ela que fará. Com esta ideia, você pode esperar que a vida aja.

Agora, enquanto a vida não for sair você tem que aprender a conviver com a existência do cachorro dentro da sua casa. Como alcançar esta convivência? Colocando rolha no animal? O ensinado usar o vaso sanitário? Você pode fazer alguma destas coisas?

Participante: não…

Então, não tem jeito: é preciso aprender a conviver com o cachorro, suas necessidades e o mau cheiro que estão presentes na sua vida.

A única forma de você deixar de sofrer pelo motivo que me falou é aprender a não se chatear com o que está acontecendo. Para fazer isso você precisa saber que não pode alterar o que a vida é. Ou seja, que é incapaz de agir gerando acontecimentos…

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