Feita a racionalização, resta uma pergunta: quem decidirá o que vai acontecer?


Participante: a vida ou eu?
A vida…
Agora a felicidade já está perto. Você racionalizou o seu problema, descobriu que atitude pode ser tomada e quem a tomará. O que deve fazer agora? Aguardar o que ela vai decidir sobre esta questão. Agindo desta forma, você não sofre.
Acontece que aqui nasce, também, o problema: você não consegue agir para estancar a fonte do seu sofrimento.
Racionalizando a vida, você descobre que a solução para o seu problema é simples e fácil. No entanto, como não é você que age, mas sim a vida, a ação que acaba com a fonte do seu sofrimento não acontece e por isso você sofre.
É preciso esperar placidamente que a vida aja eliminando a origem do sofrimento. No entanto, isso vocês não conseguem fazer, pois apegados às criações mentais, vivem a idéia de que podem agir alterando o que está acontecendo.
Esta idéia tem origem numa outra síndrome que a vida possui: a síndrome do todo poderoso…
Participante: isso combina comigo mesmo…
Não combina apenas com você, mas com todo ser humano. Todo ser humano, ou seja, toda vida humana existe racionalmente subordinada à síndrome de ser todo poderoso. O que quer dizer isso?
Participante: que se imagina capaz de fazer o que quer.
Que se imagina capaz de fazer qualquer coisa.
Não falo capaz em fazer o que quer porque racionalmente vocês sabem que não conseguem fazer tudo o que querem. Por isso a síndrome do todo poderoso não se caracteriza pela presunção de se fazer o que quer, mas sim por se achar capaz de fazer qualquer cosa.
Você não é capaz de realizar qualquer coisa.
Você acha que seria capaz de pegar o cachorro agora e colocá-lo do lado de fora de casa e deixá-lo ir embora. É tão simples: basta pegá-lo, abrir a porta, colocá-lo lá fora e depois fechar a porta. Você acha que é capaz de fazer isso.
Acontece que ao mesmo tempo em que a vida lhe dá a idéia de que você pode realizar esta ação, ela lhe traz à consciência uma série de fatores que transformam esta simples ação em algo complexo. Motivado nestes fatores, ela não gera esta ação. Por isso, você que se acha capaz de resolver o problema agora, sofre. Este sofrimento nada tem a ver com o cachorro aqui dentro, mas com a síndrome do todo poderoso, ou seja, com a idéia que a vida lhe dá de que você poderia resolver o problema e não resolve.
Dar-lhe a ideia de que você pode resolver os problemas e não resolvê-los: este é o fundamento da síndrome do todo poderoso que a vida usa para lhe fazer viver o sofrimento que ela propõe.

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