A ação da vida não é só sutil, mas inconsciente. Todo o raciocínio que a vida usa para lhe levar a optar por alguma coisa está no inconsciente, está abaixo da camada de pensamentos que você percebe.
Veja bem: até hoje você sempre escolheu roupa para ir a algum lugar. Sempre fez isso motivado por ideias que a vida cria. Como você não a vê coordenando as ações, fazendo você escolher uma roupa para ser aceita, por exemplo, não sabe que neste momento está aprisionada a uma questão gerada pela vida, ao invés de viver a você mesmo.
É por causa da ação da vida, que acontece abaixo da sua linha de consciência, que quando ela cria a ideia de escolher uma roupa, você nem pensa se esta ação é sua ou da vida. Mais: nem se dá conta do que esta ação pode lhe trazer no futuro.
Sim, tudo o que você faz agora gera alguma coisa para o futuro. A culpa por ofender alguém que você vive, por exemplo, está diretamente ligada ao fato de ter aceitado placidamente o acontecimento ‘escolher uma roupa’.
Quem aceita a culpa por ofender alguém está subordinado às regras de certo e errado da sua vida, como já falamos. Esta subordinação, no entanto, não acontece do nada: ela existe por conta da vivência da necessidade da aceitação dos outros. Esta aceitação, que não está explícita no momento que a culpa aparece, é a mesma que justifica a aceitação do fato de escolher uma roupa adequada para vir a uma palestra espiritualista. Ou seja, quando você aceitou parar em frente do armário criou uma condição que inevitavelmente lhe levará a culpa em outro momento.
Este é o primeiro detalhe da ação usando informações que estão no inconsciente que a via executa, mas há outro detalhe. A vida lhe diz que algumas ações são normais e importantes para você. Por isso, afirmo: você precisa excluir a normalidade que a vida dá aos acontecimentos e precisa, também, excluir a importância que ela dá a algumas ações.
Você não pode se deixar levar pela normalidade ou da importância que a vida dá a alguns detalhes. Isso porque para lhe propor alguma coisa, a vida se utiliza de uma série de fatores que já foram aceitos por você anteriormente e com isso aquilo se transforma numa verdade. Você não está consciente da utilização das verdades pré-formadas porque aceitou como normal ou importante alguma coisa que a sua vida criou anteriormente.
Compreende agora a importância de se sempre analisar a fundo a opção fornecida pela vida? A análise necessária para que você chegue até a opção nenhuma das respostas anteriores constitui-se na observação constante de todos os elementos que estão por trás de uma simples idéia proposta pela vida e deve ser feita em qualquer momento, por mais que o que esteja acontecendo pareça normal ou importante.
Na hora que você está olhando o seu guarda roupa e não está atenta ao que a vida está fazendo acontecer, gera para uma verdade e com isso no futuro não conseguirá se libertar do que a vida propuser. É por isso que você precisa viver o escolher roupa, que é da vida, como se aquilo não fosse um acontecimento normal e rotineiro. Precisa vivê-lo como um momento importante para a questão da sua busca da felicidade.
Como não vive desta forma, ou seja, não está sempre atenta ao que a vida cria, prende-se aos padrões de certo e errado. Desta forma, quando a vida lhe propuser sofrer a culpa por estar ofendendo alguém, não conseguirá deixar de viver esta emoção.
É por isso que na hora que a vida disser que é importante ir com determinada roupa porque ela é mais nova ou mais bonita você deve agir. Para isso é preciso estar atenta a si mesma e não ao que a vida cria naquele momento. Se ali você não cortar o que a vida lhe propõe, irá se apegar aos padrões humanos e com isso a culpa será inevitável. Se no momento que lhe parece trivial você não agir para se libertar do que a vida cria, não conseguirá deixar de se sentir culpada quando ofender alguém.
É no momento que a vida escolher a roupa para vir aqui que você deve agir. Esta escolha, no entanto, não se constitui em optar por outra roupa, mas afirmando que irá com qualquer roupa, porque para você o importante é estar aqui e não a aceitação dos que aqui estão.
Veja como da culpa já fomos mais longe. Isso porque toda culpa existe porque você vive a síndrome da dependência que a vida possui. Esta síndrome, aliás, não vale apenas para libertar-se da culpa, mas para diversos outros aspectos da vida. Isso porque muitas das causas dos seus sofrimentos têm origem na sua dependência do mundo humano.