Anteriormente fizemos uma palestra onde afirmamos que tudo que existe na vida é uma ilusão, ou seja, alguma coisa que o ser humanizado vive achando que é verdade, mas não é. Também já conversamos sobre a Realidade do Universo, ou seja, sobre a emanação de Deus. Vimos, também a vida do espírito e como Deus vai criando o Universo a cada micro fração de tempo. Hoje para encerrar esse ciclo, juntaremos as duas coisas. Agora que já sabemos que Deus é quem cria e que os seres humanizados se iludem dando valores para as coisas, vamos descobrir de onde nascem e como se formam as ilusões.
Vamos descobrir como o espírito vê, ouve ou entende as coisas do universo enquanto humanizado. Para isso, falaremos sobre os instrumentos utilizados pelo espírito preso ao processo de elevação no Mundo de Provas e Expiações para entender as coisas do universo.
A base para aquilo que conversaremos hoje está estampada em um sutta de Buda (Sidarta Gautama). Para melhor compreensão, vamos começar a conversa comentando a história que este sutta relata.
Devadaha Sutta
Ouvi que em certa ocasião o Abençoado estava vivendo entre os Sakyas em uma cidade Sakya denominada Devadaha. Então um grande grupo de bhikkhus que iam em direção a regiões distantes dirigiram-se ao Abençoado e ao chegar o cumprimentaram e sentaram a um lado. Tendo sentado eles disseram ao Abençoado, “Senhor, nós gostaríamos de ir para o campo, para regiões distantes, e lá estabelecer residência”.
Vocês avisaram Sariputta?
Não, senhor, nós não avisamos o Venerável Sariputta.
Avisem Sariputta, bhikkhus. Sariputta é sábio, uma grande ajuda para os bhikkhus que são seus companheiros na vida santa.
Assim faremos, senhor, os bhikkhus responderam.
Nessa ocasião, o Ven. Sariputta estava sentado sob uma acácia não muito distante do Abençoado. Então os bhikkhus, contentes e aprovando as palavras do Abençoado, levantaram-se dos seus assentos – curvaram-se ante o Abençoado e circundando-o, mantendo-o ao seu lado direito – dirigiram-se ao Ven. Sariputta. Chegando, eles o saudaram com cortesia. Após a troca de saudações corteses e amigáveis, eles sentaram a um lado. Tendo sentado, eles disseram ao Ven. Sariputta: Amigo Sariputta, nós queremos ir para o campo, para regiões distantes e lá estabelecer residência. Nós já informamos ao Mestre.
Amigos, em terras estrangeiras existem nobres e sacerdotes, chefes de família e contemplativos – as pessoas que são sábias e que sabem diferenciar – que questionarão um bhikkhu: ‘Qual é a doutrina do seu mestre? O que ele ensina?’ Vocês ouviram bem os ensinamentos – os compreenderam bem, se ocuparam bem com eles, os consideraram bem, os penetraram bem através do discernimento – de tal forma que quando responderem vocês falarão de acordo com o que o Abençoado disse, não irão deturpar o Abençoado com algo contrário aos fatos, responderão em acordo com o Dhamma, de tal modo que nada que dê margem à censura possa de forma legítima ser deduzido da declaração de vocês?
Nós viríamos de muito longe para ouvir as explicações dessas palavras na presença do Ven. Sariputta. Seria bom se o Ven. Sariputta pudesse nos iluminar acerca do seu significado.
Então, amigos, ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.
– Sim, amigo, os bhikkhus responderam.
O Ven. Sariputta disse: Amigos, em terras estrangeiras existem nobres e sacerdotes, chefes de família e contemplativos – as pessoas que são sábias e que sabem diferenciar – que questionarão um bhikkhu: ‘Qual é a doutrina do seu mestre? O que ele ensina?’
Assim perguntados vocês devem responder: ‘Nosso mestre ensina subjugar a paixão e o desejo’.
Tendo respondido dessa forma, podem haver sábios nobres e sacerdotes, chefes de família e contemplativos que lhes irão questionar mais: ‘E o seu mestre ensina subjugar a paixão e o desejo pelo que’?
Assim perguntados vocês devem responder: ‘Nosso mestre ensina subjugar a paixão e o desejo pela forma, pelas sensações, pelas percepções, pelas formações. Nosso mestre ensina subjugar a paixão e o desejo pela consciência’.
Tendo respondido dessa forma, podem haver sábios nobres e sacerdotes, chefes de família e contemplativos que lhes irão questionar mais: ‘E vendo qual perigo que o seu mestre ensina subjugar a paixão e o desejo pela forma, pelas sensações, pelas percepções, pelas formações. Vendo qual perigo que o seu mestre ensina subjugar a paixão e o desejo pela consciência?’
Assim perguntados vocês devem responder: ‘Quando alguém não está livre da paixão, desejo, amor, sede, febre e ambição pela forma, então por qualquer mudança e alteração nessa forma, surge a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero. Quando alguém não está livre da paixão desejo, amor, sede, febre e ambição pelas sensações, surge a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero. Quando alguém não está livre da paixão desejo, amor, sede, febre e ambição pelas percepções, surge a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero. Quando alguém não está livre da paixão desejo, amor, sede, febre e ambição pelas formações, surge a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero. Quando alguém não está livre da paixão, desejo, amor, sede, febre e ambição pela consciência, então por qualquer mudança e alteração nessa consciência, surge a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero. Vendo esse perigo, nosso mestre ensina subjugar a paixão e o desejo pela forma, pelas sensações, pelas percepções, pelas fabricações. Vendo esse perigo nosso mestre ensina subjugar a paixão e o desejo pela consciência.’
Tendo respondido dessa forma, podem haver sábios nobres e sacerdotes, chefes de família e contemplativos que lhes irão questionar mais: ‘E vendo qual benefício o seu mestre ensina subjugar a paixão e o desejo pela forma, pelas sensações, pelas percepções, pelas formações. Vendo qual o benefício que o seu mestre ensina subjugar a paixão e o desejo pela consciência?’
Assim perguntados vocês devem responder: ‘Quando alguém está livre da paixão, desejo, amor, sede, febre e ambição pela forma não surge nenhuma tristeza, lamentação, dor, angústia, ou desespero. Quando alguém está livre da paixão desejo, amor, sede, febre e ambição por sensações não surge nenhuma tristeza, lamentação, dor, angústia, ou desespero. Quando alguém está livre da paixão, desejo, amor, sede, febre e ambição por percepções não surge nenhuma tristeza, lamentação, dor, angústia, ou desespero. Quando alguém está livre da paixão, desejo, amor, sede, febre e ambição por formações não surge nenhuma tristeza, lamentação, dor, angústia, ou desespero. Quando alguém está livre da paixão, desejo, amor, sede, febre e ambição pela consciência, então com qualquer mudança e alteração nessa consciência, não surge nenhuma tristeza, lamentação, dor, angústia, ou desespero. Vendo esse benefício, nosso mestre ensina subjugar a paixão e o desejo pela forma, pelas sensações, pelas percepções, pelas formações. Vendo esse benefício nosso mestre ensina subjugar a paixão e o desejo pela consciência.’
Amigos, se alguém que tenha e permaneça com qualidades mentais inábeis tivesse uma estadia agradável no aqui e agora – sem ameaças, sem desespero, sem febre – e na desintegração do corpo, após a morte, pudesse esperar um boa destinação, então o Abençoado não iria advogar o abandono de qualidades mentais inábeis. Porém porque alguém que tem e permanece com qualidades mentais inábeis tem uma estadia desagradável no aqui e agora – ameaçado, desesperado e febril – e na dissolução do corpo, após a morte, pode esperar uma destinação ruim, é por isso que o Abençoado advoga o abandono de qualidades mentais inábeis.
Se alguém que tenha e permaneça com qualidades mentais hábeis tivesse uma estadia desagradável no aqui e agora – ameaçado, desesperado, febril – e na desintegração do corpo, após a morte, pudesse esperar uma destinação ruim, então o Abençoado não iria advogar permanecer com qualidades mentais hábeis. Porém porque alguém que tem e permanece com qualidades mentais hábeis tem uma estadia agradável no aqui e agora – sem ameaças, sem desespero e sem febre – e na dissolução do corpo, após a morte, pode esperar uma boa destinação, é por isso que o Abençoado advoga permanecer com qualidades mentais hábeis. Isso foi o que o Ven. Sariputta disse. Agradecidos, os bhikkhus se deliciaram com as palavras do Ven. Sariputta.