Participante: é por causa das condições que impomos que o ser humano sofre. É porque exige ser amado, ser contentado, ser elogiado e ser reconhecido que ele sofre. Certo?
Sim, os sofrimentos que os seres humanizados vivem durante a sua encarnação são motivados por condições que eles impõem para serem felizes. Mas, o pior é que além de viverem sofrimentos nesta vida, os espiritualistas materialistas acabam sofrendo na outra.
Muitos são os seres universais que exercem suas atividades espirituais na vida carnal aprisionado aos anseios e objetivos humanos. Esses acabam sofrendo na outra. Isso porque quando chegam lá verificam que tudo aquilo que acreditavam não comungava com os anseios do espírito.
Estes seres imaginam bom, no sentido da elevação espiritual, ajudar o próximo, praticar a caridade ou realizar trabalhos espirituais Tais ações só são vistas como elevadas pelos seres humanizados, pois o espírito de posse de sua consciência espiritual só se preocupa com sua relação com Deus. Este objetivo não faz é o mesmo daqueles que praticam a caridade porque acham bom. Eles praticam ações neste sentido apenas se preocupando em realizar o que querem e não em união com o Pai. Quando chegam do outro lado conseguem ver a diferença entre uma e outra coisa e por isso sofrem com a forma como viveram durante a encarnação.
O conhecimento de que existe um objetivo diferente vivenciado pelo espírito quando liberto da materialidade deve servir a vocês para pararem de se iludir que a ação humana tem importância e começarem a preocupar-se com a intencionalidade com que vocês vivem cada acontecimento. Conscientes do objetivo real que pretendem alcançar ao fazer isso ou aquilo possam, então, viverão o mesmo acontecimento ligado ao objetivo espiritual ao invés de ficarem presos ao material.
No caso da caridade material, por exemplo, eu costumo dizer que se dar comida aos outros fosse sinal de elevação espiritual Cristo teria aberto um restaurante que forneceria alimentação gratuita para todos. Na verdade, em anos de pregação só ouve uma vez que ele se preocupou com a alimentação dos que o seguia. Mesmo assim, não foi motivado pela fome daqueles que o seguia nesta ocasião que ele fez o milagre da multiplicação dos peixes e pães.
Quando é avisado que não dispunham de alimentos suficientes para todos que o seguia, Cristo diz que não é justo que isso aconteça. Ou seja, o que o motivou verdadeiramente a dar alimentos não foi a fome dos outros, mas sim a justiça. O que motivou Cristo é achar que não é justo que os que o seguia não tivessem o que comer.
O que se faz ou o que se deixa de fazer neste mundo não tem importância alguma. O que realmente importa para a elevação espiritual é o que tipo de felicidade se objetiva alcançar através daquela ação. Se a felicidade precisa de elementos materiais ou se está vinculado a um certo humano, é prazer; se está liberto destas questões, é espiritual.
A felicidade deve existir no ser humano e não nascer de qualquer elemento. Tendo esta dependência ela torna-se material, pois a felicidade oriunda da relação com Deus não depende de nada: ela existe sempre.