Participante: pelo que o senhor está falando, a vida destas pessoas em nada mudará se elas forem habitar juntas. Isso porque tudo o que disse aplica-se à vida comum de todos.

Mas, isso eu falei àqueles que me procuraram: em nada mudará o fato de viverem juntos. A idéia de todos coabitarem num mesmo terreno não trará novidade alguma, a não ser o fato de pessoas que moravam distantes tornarem-se vizinhos.

Na verdade, todos que forem habitar nesta comunidade irão com sua própria individualidade, por mais que se discuta uma regra de convivência. Na verdade, o conjunto de regras que eles pretendiam adotar estava gerando uma nova individualidade e esta teria que substituir à daqueles que fossem morar lá. Como isso é impossível, o choque entre elas geraria sofrimento em todos.

Como Krishna diz, todos agem dentro da sua personalidade, de acordo com o seu conjunto de normas e regras que estabelece para a vivência dos acontecimentos. Por isso todos os que se mudarem para lá continuarão com sua própria identidade e se naquele local se criasse uma personalidade para ele o choque seria inevitável. Aliás, como é quando você se filia a um clube, a uma escola ou qualquer outro grupamento de seres neste mundo. Sempre que alguém se junta a um grupamento que tenha regras próprias, o choque com as daquele que está se filiando é inevitável.

Portanto, a vida lá como aqui fora será a mesma. A única relevância em pertencer a um grupamento está no aprendizado com relação a conviver com as pessoas.

Conviver é viver com e não apenas consigo mesmo. Viver com o outro jeito que ele é. Para isso é preciso que cada um cale em si aquilo que transforma o próximo em errado, mal, inimigo, preguiçoso, causador de prejuízos, etc. Este é o grande ensinamento que a vida societária traz, seja ela composta por que grupo for.

Conviver é aprender a conviver com o outro do jeito que ele é. Aliás, este é o grande problema da comunidade casamento. Duas pessoas se juntam numa comunidade passam a viver junto, mas ao invés de buscar conviver com o próximo, cada um dos membros desta sociedade quer que o outro viva com ele, ou seja, exista a partir de suas paixões, posses e desejos.

Portanto, já que a ideia de vocês está saindo do papel e partindo para a materialização, o que posso dizer é que vocês usem este momento para aprender a ser feliz na convivência com os outros. A cada vez que alguém lá dentro disser ou fizer algo isole o outro e procure em você o que esta lhe fazendo sofrer e mude sua forma de ver o que o próximo está fazendo.

Aliás, se comecei nossa conversa de hoje dizendo que você é a cabeça que está acima do corpo, agora lhe digo: viva você mesmo. Vivencie a sua convivência com os outros usando sempre a inteligência que acreditam ter para evitar em si as ideias que lhe fazem sofrer.