Continuamos na perg. 132 de O Livro dos Espíritos
‘Mas, para alcançarem essa perfeição, tem que
sofrer todas as vicissitudes da existência corporal’.
Vamos entender isso, porque este ponto é pouco
compreendido pelos seres humanos. Comecemos com a palavra sofrer que está neste trecho.
Este termo não é usado aqui no sentido de sofrimento (sofrer=sofrimento), mas passar por algo (sofrer=sentir, experimentar, passar). O que é necessário para o bom aproveitamento da encarnação é passar pelo sofrimento e não sofrer, ter sofrimento, durante a vida.
Sofrer o sofrimento é vivenciar as situações que vocês chamam de negativas, aquilo que não gostam. Só que a presença deste termo neste trecho, se usado o sentido real, não diz que é necessário sofrer. Apenas afirma que é preciso viver estes momentos. Este é o sentido deste trecho.
Continuemos. Vamos a outro termo do texto: vicissitude. Vicissitude não é sofrimento, não é penúria, como vocês pensam.
Vicissitude: sequência de mudanças ou transformações; variação. (Fonte: Dicionário online)
Vicissitude é a alternância das situações. A vicissitude existe quando hoje estou casado, amanhã separado; hoje tenho dinheiro, amanhã não tenho; hoje tenho emprego, amanhã não. Ou seja, alternância das situações da vida.
A partir disso podemos compreender que este pedacinho da resposta está falando exatamente o que dissemos antes: para alcançar a perfeição, para realizar suas provas e cumprir suas missões passando pelas expiações, vocês vão ter que viver uma vida que um dia está no alto e outro no baixo. É isso que está escrito aí.
Não adianta querer que a sua vida seja sempre no alto. Se isso acontecesse, suas provas não aconteceriam.
Participante: seria a impermanência das coisas ensinada por Buda?
Sim, é o ensinamento de Buda conhecido como a impermanência das coisas.
É aquilo que disse antes: tudo existe em círculos. Você tem que girar todo círculo para depois sair dele e começar um novo. É assim que o hindu e Buda definem o carma: o carma é um círculo que o ser precisa rodá-lo completamente para começar outro ciclo, outro carma.
Por isso reafirmo: você não pode querer que a sua vida seja só altos ou só baixos. Precisa aprender a conviver com os altos e com os baixos dela. Mas, conviver como? Nós já estudamos isso também: sem ranger de dentes, sem sofrer.
É isso que é viver a vida buscando a elevação espiritual. É para isso que você nasceu.
Você nasceu não para amar materialmente, para casar, ou ter filhos; não nasceu para ser médico, motorista ou ter qualquer outra profissão. Nasceu para vivenciar situações de altos e baixos nos acontecimentos daquilo que chama de vida.
Em cada uma das situações, sejam elas consideradas boas ou más, está embutida uma prova uma chance de missão e uma oportunidade de expiação. Ao vivenciá-las sem ranger de dentes
alcança a perfeição.
Estou falando da perfeição o mundo de provas e expiação porque no próximo mundo são outras provações.