Participante: o que devemos fazer para nos tornarmos verdadeiros instrumentos de Deus na propagação dos ensinamentos? Para quem aceitou a mediunidade agora, quais os cuidados que devemos ter?

Vou falar não só para quem aceitou agora, mas também para todos.
O que você deve fazer para tornar-se um verdadeiro instrumento na propagação dos ensinamentos? Propagar os ensinamentos. É simples: só vai se tornar num propagador quando propagar… Agora, ao propagar há aspectos que nós precisamos conversar.
Primeiro: precisa saber o que é um ensinamento de um mestre. São palavras que se transformam em um princípio, que se seguido, lhe leva a algum lugar. Isso é um ensinamento. Segundo: o conjunto de ensinamentos é uma doutrina. Portanto, doutrina é um conjunto de princípios, que se seguido, lhe leva a algum lugar.
Estes dois conhecimentos são necessários para aqueles que querem propagar os ensinamentos dos mestres. Só que há mais detalhes que precisam ser levados em consideração.
A primeira questão é que todo ensinamento tem um fundamento, uma razão para existir. Vou tentar explicar isso.
Cristo disse assim: ‘eu vim trazer a boa nova do reino do céu’. A boa nova é o conjunto de ensinamentos que o mestre trouxe, a boa notícia do reino do céu. Mas, que boa noticia é essa? A de que há um reino do céu onde os espíritos gozam da bem aventurança, da felicidade.
Aplicando agora o detalhe de que tudo possui um fundamento, posso dizer que todos os ensinamentos trazidos por Cristo têm a finalidade de se alcançar o reino do céu. Não existe outro motivo para os ensinamentos existirem, outro objetivo que eles premiem.
A partir desta rápida análise, você começa a ver a primeira questão sobre como transmitir bem os ensinamentos dos mestres: quando propagar faça seguindo a finalidade com a qual o ensinamento foi transmitido. Não a altere jamais.
Quando um padre manda levar uma carteira de trabalho na igreja porque vai rezar para que você tenha emprego ou quando o pastor manda orar para sair da situação financeira ruim ou quando, ainda, um médium ou palestrante de uma casa espírita diz que pode curar da sua doença, estão sendo propagadores verdadeiros do ensinamento de Cristo? Acho que não, pois estão usando os ensinamentos dos mestres com uma finalidade diferente daquela para a qual foi transmitida.
A finalidade do ensinamento de Cristo é criar um caminho para alcançar o reino do céu e lá viver a felicidade. Os propagadores que transmitem o ensinamento de Cristo da forma como mostrei estão presos à essa finalidade? Não, estão usando o ensinamento para alcançar a felicidade na terra.
Esse é o grande problema. É por conta desse aspecto que surge a infidelidade aos ensinamentos ou como Cristo ensina: a hipocrisia dos professores da lei. São hipócritas aqueles que conhecem o texto das escrituras sagradas, mas os transmitem dentro de uma finalidade diferente para a qual foram gerados.
Eis ai o primeiro aspecto para que se torne um verdadeiro propagador dos ensinamentos: ter como objetivo o mesmo que o mestre teve. Além desse, há um segundo: a interpretação do próprio ensinamento. Vou dar um exemplo para compreender perfeitamente o que estou dizendo.
Há uma frase onde Cristo diz assim: ‘eu não vim trazer a paz, mas a espada’. Usando esse ensinamento com o objetivo humano, como os professores dos ensinamentos dos mestres utilizam, dirá que Cristo tem uma espada para derrotar os inimigos. Que Cristo tem força – sangue de Cristo tem poder – para derrotar os inimigos dessa vida.
Acontece que essa interpretação leva a não seguir outros ensinamentos, pois esse mesmo mestre estabeleceu que um dos mandamentos que devem ser seguidos é amar o inimigo. Como, então, agora terá uma espada para matar o inimigo do ser humano e assim lhe dar a vitória?
Mudando o objetivo do ensinamento, do humano para o espiritual, do viver a felicidade agora para alcançar o reino do céu e lá viver a felicidade, você acaba ferindo o próprio ensinamento como um todo. Usando uma interpretação que não esteja dentro daquela que o mestre tinha quando transmitiu o ensinamento, você não se torna um propagador verdadeiro.
Apenas para mostrar a interpretação de Cristo. O que sempre falamos é que essa espada realmente Cristo a tem. Ela é os próprios ensinamentos. No entanto, não serve para matar o inimigo, mas a humanidade que está dentro de cada ser. Afirmo isso porque é essa humanidade que, segundo Cristo, não lhe deixa chegar ao reino do céu. Falando assim respeito a interpretação dada pelo mestre ao ensinamento, pois essa visão está de acordo com tudo o que ele ensinou.
Esse é o grande problema do nosso ensinamento: os seres espirituais encarnados e subordinados ao que a mente humana cria, que é egoísta, pensa a partir do eu e quer para o eu. Por isso, vivencia os ensinamentos dos mestres com uma finalidade diferente daquelas para a qual foram criadas. Assim alcançam interpretações diferentes daquelas que possuíam os mestres quando transmitiram.
Eis aí, portanto, de forma reduzida a sua resposta: se quer ser um instrumento fiel para a transmissão dos ensinamentos dos mestres, não se preocupe em trazer a felicidade material através deles e não os use em um sentido diferente daquele que atenda a todos os requisitos transmitidos por eles.
Por causa disso, recentemente transmiti uma mensagem aos médiuns: a hora do juízo final está chegando. Reflitam nos ensinamentos dos mestres e no que eles mostraram como objetivo a ser alcançado. Parem de querer prometer uma felicidade que na maioria das vezes não vem. Quando vem acaba transformando-se na causa de mais sofrimento, porque leva o ser humanizado apenas ao prazer e não à felicidade.
Disse mais: o trabalho mediúnico não é distinção, não é característica de avanço espiritual de nenhum ser, mas sim uma prova. É um trabalho para fazer para Deus e não para si.
Foi por causa da proximidade do juízo final que deixei essa orientação aos médiuns e vamos falar muito dela ainda. Por causa do momento que vivemos precisamos refletir sobre a mediunidade e compreender que ela precisa ser vivida como realmente é: ser instrumento Deus.
Quando o ser humanizado vivencia a mediunidade como instrumento de Deus, cumpre a sua missão e passa na prova. Quando coloca a mediunidade à disposição da humanidade, está servindo ao diabo. Está servindo ao tentador gerado por Deus. Está indo contra Deus.
Essas são as orientações que teria para você que está iniciando no trabalho mediúnico, mas também para todos aqueles que já estão há muito tempo nessa roda: reflitam sobre o que estão fazendo. Como Cristo ensinou, vocês são o sal da terra, o tempero da vida dos outros. Mas, se o sal perde o sabor, ou seja, se o tempero não está mais de acordo com os objetivos dos ensinamentos dos mestres, é jogado fora e é pisado pelos outros.
Saiba que no que chamam de umbral, existem muitos médiuns, muitos professores da lei, muitos doutores da lei, que se consideraram muito grandes, porque realizaram proezas, milagres, mas quando saíram da carne viram que apenas contribuíram para as provas dos outros. Viram que o aparente milagre não era graça, mas sim prova. Com isso se culparam pelo que fizeram.
Ninguém os culpou: eles se culparam. Ao se culparem, acharam que mereciam estar no umbral, e como já falei antes, como o universo é feito por afinidades, se juntaram aqueles que se culpam.