A reforma íntima é o processo de transformação da percepção sobre das coisas, ou seja, a eliminação dos conceitos (individualismo), percebendo-as de uma forma universalista (ação de Deus sobre todas as coisas).

Se o mundo novo nasce individualmente através da reforma de cada um, esta deveria ser o objetivo da vida de cada ser encarnado. Infelizmente não é isso que acontece, mas exatamente o contrário.
Quando o ser humano nasce, é um ser sem conceitos, pois não possui “certo” e “errado” para as coisas, não atribui valores às pessoas, não desgosta de nada. Dizemos que ele é assim porque não “conhece” nada e, dentro deste raciocínio, sentimo-nos na responsabilidade de transmitir os “conhecimentos” que possuímos.
Realmente o “bebê” não se lembra de nada da técnica de viver em uma carne. Como espírito que é, precisa ser relembrado sobre as coisas materiais do planeta que ficaram esquecidas desde a última encarnação.
Precisa ser alimentado para lembrar-se do alimento, precisa ser limpo para lembrar-se do asseio. No entanto, além de relembra-lo destas coisas, o ser humano vai mais além: ensina os seus próprios conceitos.
Além de alimentar o bebê, o ser humano ensina que existe hora para isso. É a hora do almoço, da janta, do lanche. Para o ser humano, deve-se comer na hora que está determinado para comer. Mas qual a hora de cada refeição?
Os povos possuem hábitos e costumes diferenciados. Alguns fazem uma primeira refeição reforçada e apenas se alimentam levemente no horário do almoço. Outros nada comem pela manhã mas se “empanturram” no horário do almoço. Quem está certo?
Nenhum dos dois. Comer em determinado horário é um conceito, pois a verdadeira hora de se alimentar é quando existe a fome.
Mas, além de relembrar ao espírito recém encarnado sobre o alimento, o ser humano transmite-lhe o conceito de que existe uma hora para comer.
Inicialmente o bebê reclama desta imposição que não é a sua verdade. A mãe tenta por todos os meio alimentar o filho, mas ele não come. A mãe desespera-se, leva o filho ao médico, briga e obriga-o a comer na hora que ela quer.
Depois de determinado tempo o novo ser compreende que não tem mais condições de debater-se com a mãe e acaba incorporando o conceito de ter que comer na hora marcada para isto. Começa a nascer mais um ser humano a partir dos conceitos que lhe são impostos.
Durante toda a primeira infância o ser recém encarnado passa por um processo de recebimento dos conceitos principalmente maternos e paternos que vão se incorporando à sua memória, levando-o a esquecer da sua simplicidade.
Antes ainda do fim da primeira infância o ser é conduzido à escola, onde encontra outros seres que possuem conceitos idênticos ou parecidos que o levam definitivamente a esquecer a sua simplicidade. O ser aprende que a causa primária de todas as coisas é o processo científico que ocorre nas coisas…
O ser é distanciado do universo e levado à individualidade do planeta. Aprende através de outros seres humanos que tudo tem uma razão material de ser e com isto encerra seu processo de humanização.
O ser que nasceu puro e simples, unido com a espiritualidade universal, agora é um ser conceituoso que acredita que a única verdade do universo é aquilo que ele pode ver, ouvir ou pegar.
Quem transformou o ser universal em ser humano foram os mesmos homens que recorrem aos templos para buscar a sua felicidade. São os mesmos seres que estão procurando sua universalização que individualizam o ser universal.
Este é o antagonismo em que vive o planeta. Os seres humanos após algum tempo, cansados de tanto lutar contra os desígnios de Deus para impor o que acham “certo”, ou “errado”, procuram na religião um amparo para as suas dores. Mas, estes mesmos seres preocupam-se em “humanizar” as crianças.
Os familiares que passaram a vida desejando realizar-se profissionalmente e materialmente sem conseguir, esforçam-se agora para que o filho atinja o que eles não conseguiram. Não satisfeitos de terem sofrido com as suas próprias “frustrações”, criam conceitos nas crianças que acabam gerando frustração também para elas.
Alunos que um dia questionaram nas escolas os ensinamentos que recebiam, sem obter nenhuma resposta, mas tendo que aceitar o que os mestres afirmavam, agora repetem para os seus alunos os mesmos conceitos que receberam.
Podemos comparar este processo com uma fábrica, cujo objetivo é fabricar “seres humanos”, usando como matéria-prima o ser universal.
A reforma íntima deve começar exatamente neste ponto. Para que fabricar seres humanos que um dia também irão procurar a sua reforma? Não seria melhor deixa-los como estão?
Será que uma mãe se contentaria em alimentar seu filho apenas quando ele está com fome e não na hora que ela quer? Será que um pai conseguiria deixar o seu filho ficar sem estudar se assim ele o desejasse?
Este trabalho faz parte da reforma íntima. Não adianta o ser apenas buscar a sua elevação, mas ele deve também respeitar o seu filho, não impingindo conceitos a ele. A reforma íntima não é um trabalho religioso, mas deve ser uma revolução que todos devem fazer em suas vidas.
É preciso que cada ser altere seu comportamento em todos os campos e não apenas na sua vida religiosa. Não se conseguirá viver com paz, harmonia e felicidade apenas orando nos templos, mas este estado de espírito só será alcançado por aqueles que modificarem realmente suas vidas. O trabalho que leva o ser a penetrar no novo mundo é a reforma de todos os momentos de sua vida.
O novo tempo surgirá para cada um, mas o período de implantação da alteração já se iniciou e, por isto, existem espíritos já encarnando que não aceitarão serem transformados pelos mais velhos. Se a humanidade imagina que a juventude atual é rebelde, ficará “espantada” ao ver a nova que está chegando que se colocará muito mais fortemente contra todos os poderes constituídos, a começar dos familiares…
A revolução do novo mundo será iniciada com a “guerrilha” contra a principal fonte de conceitos que transforma o ser: os pais. É por isso que Cristo ensina que virá para colocar pai contra filho e mãe contra filha. É por isto também que ele afirma: coitada da mulher que estiver grávida quando aquele dia chegar…
Estes mensageiros da nova ordem combaterão fortemente os conceitos dos mais velhos. Rebelar-se-ão contra horários, julgamentos, definições. Não serão, no entanto, rebeldes sem causa, mas encontrarão em Deus a explicação para todas as coisas do universo.
Estes “guerrilheiros” não colocarão o “caos” como podem pensar, mas sim a ordem universal. Isto não gerará conflitos, pois todos os conflitos são gerados por aqueles que querem impor a sua ordem sobre os outros. Será a “guerrilha” para alcançar a paz e o amor, tão procurados por caminhos tortos pelos seres humanos.
Portanto, é preciso que nos preparemos para o “bombardeio” aos nossos conceitos.
Entretanto, estes “guerrilheiros” não lutarão para impor uma nova ordem: eles apenas se defenderão do exército dos “seres humanos”, os “conceituosos”.
Não criarão um novo código de conduta obrigando todos a seguir, mas resguardarão para si o direito de serem felizes.
Não descumprirão a lei de Deus, mas mostrarão que ela só é seguida quando se atinge a consciência do amor e não pela obrigação de respeitar os códigos de normas existentes no planeta.
Esta será a revolução que marcará os próximos cem anos do planeta Terra. É o período de transição entre o mundo dos “conceitos” e o mundo do amor a Deus acima de todas as coisas.