Participante: o suicídio é escrito antes?

Sim. Nenhuma morte acontece antes da hora, disso tens milhares de exemplos: é assim que o Espírito da Verdade fala. Por isso é impossível levar alguém ao suicídio.

O suicídio é um gênero de morte do qual Deus sabia com antecedência. Isso está na pergunta a respeito da fatalidade. (853a)

Participante: o suicídio não é, então, uma quebra de possibilidade de evolução? Não se retroage quando se suicida?

Não.

Você pode estagnar quando se suicida por motivos egoístas: porque está cansado da vida, por que não gosta dela, porque está passando por um problema sério e não consegue conviver com ele. Nesses casos, o suicídio leva à estagnação. Só que isso acontece por causa do egoísmo e não do suicídio.

Participante: o suicídio não pode ser evitado?

Não.

Se estiver escrito no livro da vida que o ser encarnado se suicidará, nada pode evita-lo.

A fatalidade acontece pela escola do espírito antes da encarnação. Ao escolher tal prova cria para si um destino. (pergunta 851)

Participante: em O Livro dos Espíritos é dito que o suicídio é a única maneira de morrer, entre aspas, antes da hora.

Não.

Estudamos sobre o suicídio e não encontramos isso. Se souber em que pergunta há essa informação, me diga, por favor.

Já que está havendo uma dúvida sobre suicídio, vamos ver a informação sobre destino e morte do Espírito da Verdade.

Pergunta 851 – Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio? A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado.

O que é o suicídio? É ao resultado de um gênero de provas que o ser escolheu antes da sua encarnação. Essa escolha gerou um destino.

Agora vamos à questão 853a

Pergunta 853a – Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos? Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos.

Então, se não chegou a hora de morrer, alguém pode apontar uma arma na cabeça do ser que ele não morrerá. Alguma novidade aqui? Quantas vezes vocês já tiveram notícia de ferimentos graves na cabeça onde não houve morte?

Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas.

Você pode estar apenas limpando uma arma, mas se for sua hora, ela explode na sua cabeça.

Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem

O gênero de morte, ou seja, o modo como alguém morre.

e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existência.

O que é gênero de morte?

Participante: a maneira como se morre.

Sim. Acidente de carro, suicídio, bala perdida, execução sumária, doença: esses são gêneros de morte que Deus conhece de ante mão.

Agora, se Deus sabia de antemão que o ser ia morrer de câncer, será que pode dar cabo da vida com um tiro na cabeça? Acho que se isso fosse possível, a Onisciência de Deus seria falha, não?

Participante: sei de um caso que a pessoa quebrou financeiramente. A mulher dele ficou uma onça e jogava a culpa na sua cara o dia inteiro. Ele escreveu um bilhete dizendo que não suportava mais e pulou do alto do prédio. Foi para o outro lado. Ele premeditara isso?

Isso tudo é ilusão! É apenas uma história que os seres envolvidos acham que aconteceu.

Ele não quebrou porque não existe quebrar. Não existe a mulher, ele, prédio. Não existe nada.

 Participante: tá, mas o que está em jogo ai não é isso. É a questão do suicídio.

Se não existe carne, prédio, pular, não existe suicídio!

Participante: mas não é essa a pergunta. A questão é se acontecimentos desse tipo podem pode ser evitado.

Não! Se tudo foi escrito antes da vida, essa historinha foi escrita antes também. Como é o fruto do livre arbítrio do ser (falo assim porque o Espírito da Verdade diz que a escolha do gênero da prova antes da encarnação é o livre arbítrio do espírito), não pode ser alterado depois de encarnar..

Participante: havia chance dele enfrentar a situação e superar o desafio?

Só se Deus fosse muito incompetente.

O Pai sabia de antemão o gênero da prova que o ser ia morrer. Sabia também o momento. Será que Deus sabendo (Onisciência) o ser pode agir contrariamente?  Onde fica a Onisciência e a Causa Primária de todas as coisas?

O problema do ser humanizado é que acredita nos seus olhos. Acredito que já que soube que ele se atirou, cometeu um suicídio. Acredita que por ter lido um bilhete de despedida da vida, alguém poderia ter ajudado e evitado o ato.

Acredita, veja bem, por ter ido ao enterro e visto o corpo, ele morreu. Espiritualista, você não sabe que não existe morte? O que existe é o desencarne, o libertar-se das percepções desse mundo e participar do outro.

Participante: não é essa questão que está em jogo

O que então está em jogo, então? Não estou fugindo do assunto. Estou afirmando categoricamente que não pode haver nada diferente do que acontece e explicando porque é assim.

Participante: achei a pergunta que fala do suicídio. “Tem o homem o direito de dispor da sua vida”? Eis a resposta: “não, só a Deus assiste esse direito. O suicídio voluntario importa a uma transgressão desta lei”. Não é sempre voluntario o suicídio?

Não.

Onde está aí a informação que foi dita antes: o suicídio encurta a provação. Onde está escrito isso?

Participante: aqui diz que o suicídio voluntario importa numa transgressão da lei de Deus.

Já estudamos esse aspecto. Perguntamos: existe suicídio não voluntário? Respondemos: existe. Então, esse não é transgressão.

Sendo assim, o problema não é o suicídio, mas ser voluntário para um. O que é ser voluntario ao suicídio? Fazendo o ato com a intenção de se suicidar.

Passar pela situação de suicídio fundamentado vivendo o ‘não aguento mais, não quero mais viver, vou dar um tiro na minha cabeça, vou me matar’ é um suicídio voluntario. Mas, mesmo esse não é transgressão.

O suicídio ia acontecer porque estava programado, mas o ser passa voluntariamente por ele. Ou seja, acha certo se suicidar. A transgressão é a intenção, e não o ato. É transgressão viver alguma coisa preso numa paixão porque é um egoísmo.

Então, nessa questão não está dito que o suicídio é uma forma de abreviação de vida. Desculpa, está dito que participar de um ato de suicídio voluntariamente é transgressão a lei de Deus. Mas, o Espírito da Verdade não precisava especificar isso. Porquê? Porque ele já disse que o egoísmo é mãe de todos os males. Portanto, suicidar-se por motivos egoístas tem que ser uma transgressão.

Sinceramente, não sei se é essa interpretação que a Doutrina Espirita dá a essa pergunta. Acho que o que foi dito é muito claro. Vamos falar com um pouco mais de calma sobre a resposta.

Só a Deus assiste esse direito

Só a Deus assiste o direito de dispor da vida.

Portanto, se acredita que alguém pode escolher se matar, deve acreditar que o suicida é mais forte que Deus? Afirmo isso pois, mesmo não tendo o direito, decide sobre o que fará.  Deus, a Causa Primaria de todas as coisas, Aquele que comanda todas as inteligências inferiores (pergunta nove, leia lá) fica onde? Tem que ver Suas leis serem quebradas e não pode fazer nada? Aquele que tudo pode (Onisciente) nesse caso apenas poderá assistir o que o espírito quer fazer? Muito fraco o seu Deus.

Deixe-me falar uma coisa. Há um texto nosso que pergunta: seu Deus está vivo ou morto? Com certeza o de vocês está morto! Afirmo isso porque, segundo suas crenças, quando o espírito humanizado quer uma coisa, Ele não pode fazer nada.

Deus age. Ele é a Onipotência! Sabem o que quer dizer Onipotência? Aquele que pode tudo. Só Ele pode. Sendo isso verdade, será que vai ficar sentado deixando alguém dispor da sua vida como quiser?

Aí está a diferença. Vocês estão preocupados com o ato, com o suicídio, matar-se, mas o acontecimento não é problema.  O problema é participar do momento, sem submeter a Deus, sem comungar com Ele. Por não se preocuparem com a intencionalidade, mas só com o ato, sofrem. O ato não importa. O que importa é se o ser foi voluntario (quis, gostou, participou com intenções individualistas) do que se vive.

Deu para ficar claro agora? Essa é a diferença entre ser espiritualista ou apenas religioso com crença na vida depois da vida. O véu que encobre o ser só o deixa ver a ação, mas ela não importa. Isso porque como ensinou Cristo, Deus julga cada um de acordo com sua intenção e não com sua ação.

Falando com quem me fez a pergunta agora a pouco sobre fazer o mal ao outro, foi exatamente isso que respondi. Se você criou uma situação que a humanidade diz que é negativa, fez o mal, não gerou nenhum problema para si. Isso porque não criou nada, pois não há vida, atos, mas uma encarnação. Por isso, você foi instrumento de um carma e não alguém que fez mal aos outros.

Agora, se ao participar da ação, se ao servir a Deus como instrumento da ação tirou prazer ou sofrimento, teve uma intenção individual. Nesse caso, tem um problema.

Preste bem atenção nisso. Qual o objetivo da encarnação? É importante conhecer isso, pois é o motivo de estar vivo.

Pergunta 132 – Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação.

Visa o fim de colocar o espírito pronto para fazer a sua parte na obra da criação. Qual é a parte dele?

Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus.

Cumprir as ordens de Deus.

Resumindo, o que é dito é que você está encarnado para provas e expiações. Além disso, está encarnado para cumprir as ordens de Deus. Por isso tudo o que faz é cumprindo as ordens de Deus. Deus não para de mandar, não para de obrar.

Portanto, você está vivo para fazer suas provas e para ajudar Deus a gerar as provas dos outros. Por isso, tudo que faz e julga como mal, foi Deus quem comandou que fosse feito.

Lembre-se: você está vestido de carne para servir de instrumento a Deus e não para fazer o que quer, o que gosta, o que acha certo ou bom.

Participante: suicídio seria uma prova para a família?

Também é. Para a família, para quem soube e está achando que aquele poderia continuar vivo, que não deveria ter feito, enfim, para todos que tem notícia do acontecido.

Todo acontecimento é provação para quem está passando e para quem tem notícia dele. Ou seja, aquele espírito estava vestido de uma carne para fazer a sua parte na obra de Deus e todos que participaram ou tiveram notícia fizeram a sua prova.

O problema é que lemos uma parte de O Livro dos Espíritos e nos esquecemos de conclusões anteriores que extraímos da mesma fonte. Não se pode estudar a pergunta novecentos e setenta e sete sem lembrar do que foi visto desde a pergunta hum até a novecentos e noventa e seis.

A pergunta hum de O Livro dos Espíritos determina a realidade básica do Universo. Nela está escrito: Deus é a causa primaria de todas as coisas. TODAS, não de ALGUMAS! Então se há um suicídio ou alguém teve uma diarreia, Deus é a causa primaria do que está acontecendo.

Deixe-me relembrar uma coisa. Nesse estudo alguma vez disse que a informação do Espírito da Verdade estava errada? Nenhuma! Nunca disse que a informação estava errada nem mudei a palavra do texto. O que fiz foi simplesmente interpretar uma resposta ligando-a a outra.

Essa é a diferença. Vocês interpretam um texto desse livro ligando-o à doutrina Espirita, que é obra de um ser humanizado e não dos espíritos. Alguém leu o Livro dos Espíritos e criou uma Doutrina Espirita. Mesmo que tenha sido Kardec, foi um ser humano, um ego.

A Doutrina Espírita deve ser obra dos Espíritos e não dos humanos. Por isso, tenho que ler O Livro dos Espíritos como espírito e não como ser humano. O espírito, como acabamos de ver, reconhece nas situações chamada de erradas, más ou negativas, a sua utilidade. Por isso não afirma que é necessário acabar com o mal.

Essa é a diferença. O ser humanizado vê o lado penoso da prova, mas o espírito liberto da ação do ego compreende a glória que advirá do que está passando (pergunta 266).