Participante: toda a vez que abro a boca para falar a minha verdade faço isso acreditando que ela pode esclarecer as pessoas e jogar um pouco de luz em um mundo cheio de trevas, mas o resultado nunca é como esperado. As pessoas reagem prontamente e nem sequer ouvem ou pensam sobre o que falei. Como usar a fala da maneira correta?

Não existe.

Na verdade, hoje já está falando de maneira correta: fala e eles não ouvem. Essa é a maneira correta sua de falar. Por quê? Porque o que fala não serve para mais ninguém, só para você. Desculpe não é o que você fala, mas sim o que qualquer um fala não serve para mais ninguém, só para ele mesmo.

Sendo assim, quando você fala, e o outro não ouve, está aí uma boa oportunidade de pensar: para quê que eu abri a boca? Repare: diz que quer jogar a luz para os outros, mas que cor de luz está usando? Lembre-se que tem quem goste da verde, outros da amarela, outros, ainda, da branca. Será que você pensou nisso?

A sua luz, aquilo que diz, tem uma cor, mas e se não for da cor que o outro gosta? Será que ele é obrigado a usar a luz que você quer? Claro que não.

Por isso lhe digo algo: a verdade é só sua; esqueça a ideia de ensinar alguma coisa aos outros. Essa consciência que você está tendo (eu falo e as pessoas não escutam) é para ver se acorda e começa a entender que cada um tem o direito a sua verdade.

Acho que você acredita em livre arbítrio, em ter a liberdade de optar. No entanto, está querendo acabar com o livre arbítrio do outro. Faz isso quando quer dizer a ele o que tem que pensar, o que tem que acreditar, o que deve considerar como verdadeiro. Desculpe, mas não estou brigando; estou alertando para não ficar preso a ideia de que tem a luz para a vida dos outros, que tem a capacidade de ensinar alguma coisa a alguém. Se permanecer acreditando nisso vai sofrer muita decepção.

Participante: você não está fazendo isso com a gente?

Não.

Participante: está fazendo o quê?

Eu estou apenas falando.

A diferença é que não espero que você ouça, que faça ou veja a partir do que falo. A pessoa que fez a pergunta fala, mas espera ser ouvido. Por isso fica frustrado quando o outro não ouve.

A pergunta dele deixou claro que espera que o outro ouça. Eu falo, mas não espero que ninguém ouça. Falo, se ouviu, ouviu, se não ouviu, não ouviu.