A cobra era o animal mais esperto que o Deus Eterno havia feito. Ela perguntou à mulher:
– É verdade que Deus mandou que vocês não comessem as frutas de nenhuma árvore do jardim?
A mulher respondeu:
– Podemos comer as frutas de qualquer árvore, menos a fruta da árvore que fica no meio do jardim. Deus nos disse que não devemos comer dessa fruta nem tocar nela. Se fizermos isso, morreremos.
Mas a cobra afirmou:
– Vocês não morrerão coisa nenhuma! Deus disse isso porque sabe que, quando vocês comerem a fruta dessa árvore, os seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecendo o bem e o mal.
A mulher viu que a árvore era bonita e que as suas frutas eram boas de se comer. E ela pensou como seria bom ter conhecimento.
Gênesis, capítulo 3, versículos de 01 a 06. Fonte: A Bíblia na Linguagem de Hoje – Sociedade Bíblica do Brasil – Primeira edição – 1988

Ou seja, a Bíblia ensina claramente que Eva achou como seria bom ter conhecimento (verdades individuais) para que ela aplicasse valores às coisas do mundo. Este é o pecado original.
Muito se fala deste dogma da religião católica e diversas religiões nem aceitam que ele exista. Muitas verdades individuais são atribuídas a este termo, mas o que está escrito é claro: o pecado cometido originalmente pelos espíritos é querer usurpar de Deus o direito de conferir valores às coisas do mundo.
Você, espírito que hoje está humanizado, é uma Eva ou um Adão, pois ainda vive no pecado original, ou seja, ainda aplica valores às coisas do mundo, ainda julga o mundo. Por querer agir assim foi “expulso do paraíso”, o mundo espiritual, para o lugar de “morte”, a vida carnal.
Por ainda não ter se libertado do fruto da árvore do conhecimento (o saber) que determina valor para as coisas é que ainda está preso à roda das encarnações. Ou seja, você ainda está reencarnando para promover a elevação espiritual porque não conseguiu desfazer-se deste conhecimento e continua utilizando as verdades individuais que o ego dá como Realidade, como Verdade.
Agora veja. Se foi expulso por este motivo, como voltar para lá, ou seja, o que será promover a reforma íntima? Abrir mão deste conhecimento. Como fazê-lo? Não mais acreditando no que o ego lhe diz.
Desta forma, posso afirmar que a libertação da subjugação à mente é ensinamento de Krishna, da religião hinduísta, mas também está presente na Bíblia Sagrada. Portanto, é universal: vale para todos os espíritos encarnados. Por isso afirmo que sem o controle da mente, por mais que anseie aproximar-se de Deus, jamais haverá a elevação espiritual.
Hoje, para os espíritos encarnados no ocidente, ou seja, seres humanizados que estão apegados a egos ligados às verdades das religiões cristãs, a elevação espiritual nada tem a ver com controle da mente. Eles acreditam que apenas a prática da caridade material é suficiente para se elevar e por isso desdenham esta atividade.
Preocupam-se em levar um prato de comida para quem precisa e acha que desta forma tudo ficará “bem” para eles, que apenas com isso conquistarão o “reino do céu”. Não gastam um momento sequer nas suas existências para questionar esta própria verdade que é o ego que lhes dá. Se questionassem as verdades que acreditam veriam que a elevação espiritual é muito mais do que doar materialmente.
Foi o que fizemos. Lemos a Bíblia Sagrada que eles leram e na qual Cristo se baseou para transmitir os seus ensinamentos e encontramos outra coisa completamente diferente com relação ao “pecado original” e ao “retorno ao paraíso”. Descobrimos que lá não está dito que o ser universal foi expulso do paraíso e ingressou na roda de encarnações porque não ajudou os outros, mas porque julgou-os.
Aplicando-se ao escrito esta lógica simples desfizemos, em poucos instantes, verdades que o ego cristão criou sobre elevação espiritual. Baseado no que descobrimos podemos, então, dizer que os ensinamentos da Bíblia afirmam que enquanto o ser universal continuar julgar as “coisas” (objetos, pessoas e acontecimentos), não conseguirá voltar ao seu Real mundo: o espiritual.
A partir daí você que é cristão precisa incorporar ao seu trabalho de reforma intima também o controle da mente, mesmo que as verdades da sua religião não falem disso. Repare que não estou falando em deixar de praticar à caridade, que, aliás, também é um ensinamento universal, mas fazer mais isto além daquilo.
Quando realizar o controle do ego continuará praticando a caridade ensinada pela sua religião, mas deixará de acreditar no “pobre coitado” que a mente utiliza para qualificar aqueles que estão sendo amparados através da caridade material e só aí poderá chegar perto de Deus. Não só porque ajudou, mas porque não mais quis ter o poder de julgar o mundo.
Portanto, dar o prato de comida é fundamental para a elevação espiritual, mas desde que seja acompanhado do não julgamento. Só o trabalho realizado dentro do conjunto de caminhos ensinado por todos os mestres pode levar qualquer ser humanizado a aproximar-se de Deus e viver a felicidade que ele tem prometido.
Hoje os cristãos não têm esta verdade presente no seu ego, mas Cristo teve e por isso ensinou constantemente: não julgue, tire a trave do seu olho, você tem que deixar de qualificar as ações do seu inimigo, não critique.