O Livro dos Espíritos – Pergunta 132
Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em
cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral,
ele próprio se adianta.
Você precisa fazer provas, certo? Todo acontecimento da existência carnal é uma prova, certo? Sendo assim, o rompimento de um casamento é uma prova, certo? Mas, para que aconteça essa prova precisa haver um marido que saia de casa, certo?
Pensando em tudo isso podemos entender o que o Espírito da Verdade diz: visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação.
Todo espírito encarna para fazer suas provas, mas, além disso, também é o instrumento das provas dos outros. É isso o que está sendo dito neste trecho.
Um espírito encarna, vive o papel de marido e nesta vivência passa por suas provações. Em um determinado momento passa pela situação de abandonar o lar. Faz isso não porque não presta ou porque quer, mas para que o espírito que está encarnado vivendo suas provações através do personagem esposa possa ter determinada vicissitude. Ele não faz isso por que quer, porque acha que aquele ser merece aquele carma. Na verdade, cumpre as ordens de Deus.
Ora, se ele serve a Deus saindo de casa, não foi ele quem saiu, mas sim Deus quem o tirou. Foi Deus que o levou para fora de casa. O Pai fez isso porque o espírito que está encarnado vivenciando o papel de esposa precisava daquela prova. Se ela precisasse e o homem não quisesse sair, o espírito que está vivenciando o papel de esposa ao sair da carne diria: ‘Deus, eu não fiz a prova porque Você não deixou meu marido sair de casa. Agora o Senhor precisa apagar este meu débito’.
É isso que nós precisamos entender. Aquela pessoa que lhe passa a perna no trabalho é um instrumento de Deus para gerar uma provação. É só isso.
Ela não está agindo por maldade, para lhe ferir ou magoar. Ela não quer lhe atacar: está servindo como instrumento de uma proposição para criar uma situação onde a vicissitude seja negativa e você possa nesse momento provar a sua fé e o seu amor a Deus e ao próximo.
Participante: se me permite eu vou discordar de alguma coisa.
Vamos utilizar o caso do colega que passou a perna no emprego. Eu
concordo que ele tenha sido instrumento de Deus para minha prova,
porém se não tivesse sentimentos adequados para isso, Deus não o
teria utilizado como instrumento.
Perfeito.
Participante: sendo assim, ele não é totalmente inocente. Ele
vai se entender com Deus.
Primeiro: eu não disse que ele é inocente. Segundo: se na sua expiação, na sua provação era necessária aquela situação, se não fosse este personagem que fizesse isso, seria outro. Isso porque, independente de quem o faça, esta é uma vicissitude que você precisava passar. Então, não adianta culpar ninguém de nada.
Não estou dizendo que ele é inocente. O que estou dizendo é que você, ao se preocupar em jogar culpa em qualquer pessoa, se esquece de ver a prova que está passando. Se esquece de ver o amor de Deus em ação colocando uma vicissitude para você poder alcançar a perfeição.
Lembre-se: se não fosse para vivenciar as provações através das vicissitudes, não haveria razão de estar vivo. Para que vivencie vicissitudes, há necessidade de agentes carmáticos, ou seja, pessoas que sirvam de instrumento para criar o seu prazer e a sua dor. Se não houvesse alguém para lhe passar a perna, ou seja, para gerar a vicissitude negativa, você não teria razão de estar viva, pois não haveria prova a ser vivenciada.
Se tudo isso é verdade, não adianta perdermos tempo achando alguma culpa para os outros. Quando ficamos buscando culpas nos outros perdemos tempo e não fazemos nossa reforma íntima.
Participante: perante a lei de causa e efeito não existem vítimas. Só respondemos pelos nossos atos e jamais pelos atos alheios. A ninguém deve o homem a culpar em caso de sofrimento, há não ser a ele mesmo. Pela sua incúria seus excessos e sua ambição
Perfeito: não existem vítimas nem culpados. Se existisse um culpado seria você mesmo.
Veja, se existe um culpado de alguém lhe passar a perna é você mesmo que um dia plantou alguma coisa que hoje gerou esse carma. A pessoa que vivenciou esta situação com você é simplesmente um instrumento para sua colheita.
Nós não podemos nos prender na busca de culpados. Não existem culpados. Se não existem culpados, também não existem vítimas.
A única coisa que existe é um plano universal de Deus para dar a todos os espíritos uma oportunidade de elevação através da vivência de provas e da execução de missões junto às provações dos outros. Mais nada que isso.