Participante: Então, um espírito reencarna diversas vezes para fazer a reforma íntima e não consegue. Hoje está encarnado para novamente vencer o ego, mas como fazê-lo se não tem nem nunca teve consciência de que este é o trabalho?

Isto que você está dizendo é apenas uma justificativa gerada pelo seu ego. Todos os mestres em todos os tempos, com estes termos ou em outro sentido, sempre afirmaram que não se deve viver para a matéria, mas para o espírito. Nós apenas estamos lembrando o que os mestres ensinaram e não criando novidades.


Participante: Está certo o que o senhor disse, mas o ensino era velado e aqui está sendo conversado abertamente. Acho que este pedaço da compreensão que está sendo levantado deveria ser levado a todos os seres humanizados, mas, somos poucos recebendo esta informação.

O que você quer não pode acontecer sem que com isso firamos os preceitos universais.
Lembre-se que nem Cristo nem nenhum mestre esperou haver o mundo globalizado e dinâmico de hoje para poder trazer suas mensagens. Eles as divulgaram em pequenas cidades e a mensagem de cada um se espalhou pelo planeta levadas por aqueles que as ouviram.
Esta forma de divulgação faz parte dos preceitos universais criados por Deus. Ou, como disse o Espírito da Verdade, em cada mundo (planeta) o espírito toma “um instrumento de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta” (O Livro dos Espíritos – pergunta 132).
Se tomássemos proporções universais, ou seja, se este ensinamento tivesse repercussões planetárias, não se daria chance a espíritos trabalharem pela obra divina. A divulgação de qualquer ensinamento espiritual é como o trabalho de uma formiguinha: se cada uma não pegar um pedaço da folha e transportá-lo até o formigueiro, este jamais se encherá de alimentos.
Veja se você está aqui participando desta conversa (no caso lendo este livro) e entender o que está sendo ensinado, faça o seu trabalho de formiguinha: saia e fale com outro. Se cada um falar com mais um pelo menos, quantos não serão atingidos?
Agora, mesmo que você e todos aqui façam a sua parte, pouquíssimos conseguirão a elevação espiritual. Por que afirmo isso? Porque a reforma íntima depende do livre arbítrio de cada um.
A reforma íntima não depende de cultura, saber, mas de ação. Mesmo que todos soubessem o que está sendo dito aqui, mas não fizessem o controle de suas mentes, jamais conseguiriam acabar com o círculo de encarnações. A reforma íntima é uma ação que deve ser executada a partir de um conhecimento e não apenas o próprio saber.
Aí reside o problema. Nenhum ser humanizado está realmente disposto a promover a sua reforma íntima através da ação porque para isto teriam que abrir mão do “eu” que imaginam ser e da ilusão que chamam de “minha vida”.
Promover a reforma íntima é mudar o objetivo da vida de cada um: ao invés de buscar satisfazer as condições humanas, priorizar as espirituais. Isto é muito difícil para um espírito encarnado realizar porque gosta de si mesmo como ser humano e da vida que leva, esteja como estiver. Como diz o poeta, “por mais que esteja errada, ninguém quer a morte, só saúde e sorte”.

Participante: Porque não sabe nem acredita que exista uma vida “melhor” do que esta…

Na verdade, por mais espírita que a maioria dos seres humanizados seja, eles não convivem com a realidade da existência da outra vida. Eu, como espírito desencarnado, já vi seres humanizados que se dizem espíritas chorarem no enterro do pai.

Nota: Neste caso espírita não define aquele que segue a religião espírita codificada por Allan Kardec, mas quem crê nos fundamentos definidos pelo próprio Kardec para o termo espírita: aqueles que creem na existência do Espírito e nas relações (comunicações) do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Ver “Introdução do estudo da Doutrina Espírita I” de “O Livro dos Espíritos”.

Na verdade são espíritas apenas na cultura e não na prática porque ainda se submetem ao ego. Por isso, quando alguma coisa acontece aos outros sabem falar, mas quando é em si mesmo não conseguem colocar na prática o que sabem.
Por que chorar pelo pai que morreu? Ele sabe que o pai continua vivo, que é um espírito, por que chorar? Por apego à figura paterna, pela prisão ao amor filial, que são frutos do ego ou mente humanizada.