Participante: vi que tudo é causado por Deus. Até aquilo que é tratado como crime pelas leis humanas são feitos por Deus e que não devemos julgar como certo e errado. Pois bem, qual seria a missão e a visão de Deus para uma pessoa que venha a ser um policial e é obrigado a punir, julgar e, em certos casos, tirar a vida de acordo com as leis criadas pelos humanos? E para que o espírito vem para esse tipo de missão?


Primeiro detalhe. Lembro que quando começamos a estudar o budismo, uma das primeiras coisas que vimos foi a questão do não julgar. Nós batemos muito firme com o grupo de então neste aspecto. Quando o não julgar já estava mais ou menos entendido, uma pessoa do grupo foi chamada para fazer parte do tribunal do júri, para julgar pessoas que estavam sendo acusadas de crimes contra a vida.
Quando isso aconteceu, essa pessoa veio pra cima de mim: ‘mas Joaquim, você acaba de ensinar para não julgar e aí vocês fazem ser chamada para o tribunal do júri. Para que’? Eu respondi: ‘para você aprender a exercer o julgamento humano, sem deixar o seu coração se envolver nele…’
O julgamento pelas leis humanas, seja por juízes ou por jurados, assim como o trabalho policial ao qual você se refere, são acontecimentos e atos da vida. Por isso, eles terão que ocorrer de acordo com aquilo que cada espírito precisa. Ou seja, o juiz e o júri vão julgar e chegar a um veredito, que é o carma pré escrito daquele espírito. Você, ou qualquer outro policial, vai caçar, prender, acusar ou até matar aqueles que possuem esses carmas. É para isso que determinados espíritos cumprem essa missão, ou seja, ocupam esses papéis no mundo humano.
A missão de agir sobre a vida dos outros está na pergunta 132 do Livro dos Espíritos: eles tomam um corpo de acordo com o mundo onde vão morar e ali, sob as ordens de Deus vão contribuir para a obra geral. Se você passar no concurso para policial, se assumir o cargo, lembre-se disso: na hora que for policial, qualquer que seja a sua ação, estará sendo o instrumento do carma do outro. Lembre-se disso, mas também não se esqueça que deve amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Amando a Deus sobre todas as coisas, você vai prender todos os bandidos que tiver que prender, vai matar todos os bandidos que tiver que matar no cumprimento da sua função, mas não vai sofrer nem com o que ver como resultado do que eles fizeram e nem como resultado do que você fez. Isso porque estará ligado em Deus ao vivenciar o ato que está sendo praticado.
Se amar o próximo como a si mesmo, você vai prender, bater ou matar, mas não vai ter ódio do outro, não vai ter raiva do outro. ‘Estou batendo, estou prendendo, estou matando porque essa é minha função, porque isso que estou fazendo é o meu carma, é a minha missão, mas essa pessoa é meu irmão e por isso, internamente, eu não o acuso de nada’.
Acho que minha resposta fica bem clara se levarmos em conta o ensinamento de Cristo: a Cesar o que é de Cesar; a Deus o que é de Deus. Deixe o seu lado externo, o que é de Cesar, agir dentro daquilo que precisa ser feito para o cumprimento do carma de cada um e mantenha o seu lado interno, aquilo que é de Deus, ligado a Deus. O resto é só historinha pra boi dormir.