O Livro dos Espíritos – Pergunta 995

Haverá Espíritos que, sem serem maus, se conservem indiferentes à sua sorte?
Há Espíritos que de coisa alguma útil se ocupam. Estão na expectativa. Mas, nesse caso, sofrem proporcionalmente. Devendo em tudo haver progresso, neles o progresso se manifesta pela dor.

Mesmo que ache que é uma boa pessoa, ainda há um detalhe que precisa trabalhar em si: o motivo para estar vivo. É preciso se ocupar com isso, porque é essa questão que direciona toda a existência.
Se alguém tem como objetivo na vida ter um filho, trabalha e se ocupa o tempo inteiro com esse objetivo. Se alguém quer ganhar dinheiro para evoluir materialmente, se ocupa o tempo inteiro com isso. É o motivo pelo qual imaginamos que estamos vivos que gera todas as ocupações da vida. Mais: que serve como filtro para criar o certo e o errado, o bom e o mal.
Portanto, para aproveitar a encarnação não basta ser uma boa pessoa apenas; é preciso ter consciência qual é o nosso objetivo da vida. Só tendo essa consciência podemos nos ocupar com assuntos que são importantes para quem está buscando Deus.
Por isso, pergunto: será que você tem tempo para trabalhar a si mesmo no sentido da evolução espiritual? Para se evoluir não adianta só ser bom dentro dos padrões humanos: distribuir dinheiro nos jantares dos centros, fazer campanha do agasalho, percorre as ruas para dar de comida a mendigos ou participar como médium de um trabalho. É preciso fazer outras coisas, mas essas dependem do sentido do seu trabalho durante a vida.
Por isso pergunto novamente: qual é a sua preocupação na vida? Qual a sua ocupação? Você está ocupado em ser um humano de sucesso, ou seja, que segue os preceitos humanos de bondade, ou está ocupado em viver como um espírito que já é? Essa é a questão que precisa ser considerada por todos aqueles que querem buscar aproximarem-se de Deus.
Sabe, de nada adianta depois do desencarne dizer: ‘fiz a minha parte no sentido de aproximar-me de Deus quando pude, quando as atribuições humanas permitiram’. Não! É preciso realizar as coisas materiais quando puder e concentrar-se em trabalhar o tempo inteiro para a sua reforma íntima. O trabalho para ser bonzinho, ou seja, para cumprir os preceitos humanos de bondade, deve ser feito quando houver tempo.
Esse é um detalhe que precisamos nos preocupar. Até hoje há pessoas que não compreenderam a máxima ‘fora da caridade não há salvação’. Acham que por estar apenas doando coisas materiais, inclusive dinheiro, estão conquistando o seu lugar no céu. Esses vão acordar no inferno ou umbral, dependendo de sua crença, e um capetinha dirá: ‘surpresa, não era bem isso’.
Falo isso porque a caridade, como está em O Livro dos Espíritos, é o exercício da benevolência, indulgencia e perdão. Por isso, não adianta nada, no sentido de conseguir aproximar-se de Deus, dar um prato de comida: se não houver benevolência, indulgência e perdão, não foi dado nenhum passo no sentido de aproximar-se do Senhor.
De nada adianta se dar uma esmola a quem não tem, se junto está se vibrando crítica para quem não ajuda ou ao governo que não faz nada pelos pobres coitados. Não adianta nada dar um agasalho a quem tem crio se ainda se vibra condenação contra qualquer um por qualquer motivo.
São para esses detalhes que precisamos começar a acordar. Tem muita gente enganada nesse mundo achando que vai sair da carne e será recebido no mundo espiritual com hinos de louvor. Acho que o único hino que vão vai ouvir é do time deles.


Participante: como fica a questão de não ficar inerte, como está no texto que foi lido, quando temos aprendido que o espírito tem que ser apático?


Essa inercia é a apatia que falo.
A questão do apático é um jogo de palavras. Para você apatia é não ter sentimento por alguém. Para mim, é um sentimento ou uma sensação específica. Um estado de espírito que é alcançado quando se liberta das emoções.


Participante: então, quando nos libertamos das emoções não tem nada a ver com essa questão de O Livro dos Espíritos de serem indiferente?


Não, aqui é outra coisa. Aqui é uma postura de indiferença que não tem nada a ver com a apatia que falei.


Participante: não consigo distinguir uma da outra.


O problema é a palavra. O que chamei de apatia, renomeie como equanimidade. Se fizer isso, acaba com o problema.
O problema de se conversar as coisas espirituais é a falta de palavras para explicar as coisas.