Participante: um dos ismos que a mente nos propõe, é que através de remédios e orações podemos vencer as doenças. Como conciliar isso sabendo que tudo já está escrito por Deus independente do que façamos?
Não querendo estar curado; não querendo não ter doença.
Deixe-me falar uma coisa: sabem o que é vida? É o que é. O que isso quer dizer? Que na vida não existe nada que não deveria estar ali. Tudo que existe, tudo que, entre aspas, acontece, existe, tem que existir e está ali existindo. Para viver em paz e feliz você não pode negar a existência ou esperar que determinadas coisas não aconteçam.
Sendo assim só sofre quem fica doente e acha que não deveria ficar. Esse é o ismo dessa questão.
O ismo é achar que a doença é algo que não deve existir ou que, se existir, deve ser vencida. Não deve, não existe essa obrigatoriedade. A doença vai se curar, se se curar, na hora que tiver que ser. Isso independe, inclusive, de tomar ou não remédio.
Um detalhe: não estou dizendo para não tomar remédio. Não estou dizendo para você não ir ao médico. Se for, foi, se não for, não foi; se tomar o remédio, tomou, se não tomar, não tomou.
O importante é conhecer a razão que lhe cobra fazer ou deixar de fazer algo. Que diz que está errado por ficar doente, que é o menor no reino dos céus porque ficou doente. Que lhe diz que só existirá a cura se for no médico e tomar o remédio.
É isso que vocês não entendem: a doença é tratada pela razão, pelos ismos como algo feio, errado, algo que não deveria existir. Mas, quantos só na doença conseguiram alcançar a paz interna? Ou seja, você pode ter paz, doente ou não.
É isso. Para vencer o ismo do ego, as obrigações referentes a saúde e doença, é preciso se libertar do ismo que o prende à posses, paixões e desejos no tocante à saúde: doença é ruim, tem que ir ao médico, tem que tomar remédios…
O sofrimento por estar doente existe porque a razão dá à doença o valor de algo errado, que não deveria acontecer. Diz que estar doente é ruim. Para se libertar disso é preciso se ater a uma coisa que falarei muito nesse trabalho: estar doente faz parte da vida.
A doença é vida, por isso não pode deixar de existir. Assim como tudo, qualquer coisa, que aconteceu e acontece na sua vida, a doença tem que ser tratada como vida e não como algo errado, ou como algo fora, que não deveria acontecer.
Participante: quero pegar um gancho nessa pergunta. Joaquim, quando por exemplo, estou com dor de cabeça, tomo um remédio e a dor de cabeça passa, o que ocorre?
Ocorreu exatamente isso: a ideia de estar tomando um remédio seguida da ideia de que a dor de cabeça passou porque tomou o remédio. Só que a dor de cabeça iria passar, com remédio ou sem.
Apesar de crer nisso, reforço: não estou dizendo que você pode não tomar o remédio e a dor vai passar. O que estou dizendo que o pensamento ‘já que é assim, já que não tem importância nenhuma, não vou tomar o remédio’ também é um ismo. Pode ser que fique com dor de cabeça o resto da vida.
A vida não se pensa; se constata. Posso dizer que a dor de cabeça do meu exemplo ia passar, porque passou.
Participante: esse dilema seria um tipo de provação, de prova?
Esse dilema é para verificar se você acha que o remédio é verdadeiro, se você é verdadeiro, se a dor é verdadeira… Falo assim porque tudo isso (você, a dor, o remédio, o curar) é mundo externo, é criado pela razão e não uma realidade. É um filme que está passando.