Agora posso ser mais específico sobre os seus carmas: ‘aquela mesa é bonita’; ‘aquela pessoa é feia’; ‘aquele é o meu carro’; ‘aquela é a coisa de fulano’, ‘gosto muito disso’; ‘não gosto daquilo’… Todas estas compreensões são carmas, porque são consciências que foram formadas pelo ego a partir da percepção de determinadas coisas.


Ou seja, tudo o que seu ego lhe diz é o seu carma. E mais: é o resultado de uma ação espiritual sua anterior. Não importa o que seja (‘hoje estou me sentindo bem’; ‘hoje não estou me sentindo bem’) que você pense, tudo que lhe vêem à mente é o seu carma. Tudo que toma consciência é um carma.


Participante: Então, quando estudamos, mesmo os assuntos espirituais, nós estamos adquirindo carmas? Afirmo Isto porque estaremos nos conscientizado de algo…


Antes de respondê-lo, deixe-me dizer algo. Um dos mais belos textos sobre existência espiritual é o livro Eclesiastes ou O Sábio da Bíblia. O nome varia de acordo com a edição. Neste livro, Salomão, que foi o mais sábio dos profetas, tenta analisar o que é viver e chega à conclusão que é tudo ilusão. Querer viver é uma ilusão, porque a vida transcorre sem que você tenha comando sobre ela. E por isso ele afirma no texto: querer viver a vida é como correr atrás do vento.
Depois de analisar neste livro praticamente todas as situações de uma existência, o profeta termina com um conselho…

“Filho, há mais uma coisa que eu quero dizer: os livros continuarão a ser escritos; estudar demais cansa a mente” (Eclesiastes – 12,12).


Respondendo-lhe diretamente agora, sim, cada coisa que você toma conhecimento, cada compreensão que toma de uma leitura, cria um carma.
Saiba que o verdadeiro sábio é aquele que nada sabe?
Por conta desta informação que tenho dito sempre que toda leitura deve lhe servir para destruir alguma coisa sem criar nada novo. Neste caso, ela não gerou carmas…


Participante: E como acabar com os carmas? Parando de pensar?


Já falaremos disso…


Participante: Acreditar no carma com paixão ou sem paixão tem muita diferença?


Nenhuma, porque quem acredita já tem uma paixão. A crença, o acreditar, é uma paixão. Se você acredita em alguma coisa é apaixonado por uma verdade. Então, não há diferença nenhuma porque acreditar já é uma paixão.