Quando ensinou desta forma, Cristo deixou um objetivo para a encarnação do espírito: amealhar bens celestes. Este, portanto, deve ser um dos fundamentos da “vida” de qualquer espírito humanizado. Mas, o que será o bem celeste?
Cristo o chamou de “bem-aventurança”; Sidarta Gautama (Buda) de “nirvana”; o anjo Gabriel o comparou a Maomé como o mesmo que se sente quando se encontram à disposição os prazeres mais procurados.
Nós preferimos chamá-lo de “felicidade universal”, mas o nome não importa.
Rotular coisas materiais e acreditar nelas apenas quando o nome for igual é uma atividade intelectual e a vida espiritual não possui esta característica.
Como Cristo nos ensinou, o problema não é o que entra pela boca, mas sim o que sai do coração. Crer no bem celeste somente quando rotulado de determinado nome é intelectualizá-lo e o resultado de uma ação lógica humana é sempre “verdade relativa”.
O bem celeste é um sentimento, ou melhor, um estado onde o espírito sente determinados sentimentos (estado de espírito). Não importa o nome que se dê a este sentimento (amor, deslumbre, graça, etc.) ou a este estado de espírito: o importante é o que o ser sente neste momento.
Chamamos este estado de espírito de felicidade universal porque ele se assemelha muito ao que hoje é conhecido pelo ser humano como felicidade. Tanto assim que, mesmo inconscientemente, o ser quando está alegre afirma que está no céu, no paraíso ou “local” espiritual onde se vive feliz. No entanto, dissemos “assemelha” porque a felicidade hoje conhecida no planeta ainda é alguma coisa material.
Para que o ser humanizado possa sentir-se feliz é necessário que determinadas circunstâncias (o que ele gosta ou quer) sejam atendidas. Se isto não acontecer ocorre a infelicidade ou sofrimento.
Esta felicidade depende de fatores materiais (objetos, pessoas e acontecimentos) e por isso se caracteriza como felicidade material (bem terrestre) e não no bem celeste. À felicidade material damos também o nome de prazer ou satisfação.
A felicidade universal ocorre apenas por fatores espirituais e não por fatores materiais. É um estado de espírito onde o simples fato de estar “vivo” (no sentido espiritual – ter a chance de elevar-se) já é motivo suficiente para se ser feliz. Ela não depende de fatores materiais para ser alcançada, mas apenas de fatores espirituais.
Por isto podemos dizer que a felicidade humana (material) é condicional e o bem celeste (felicidade universal) é incondicional. Não importa o que acontecer na existência carnal, que valor ele der ao acontecimento (“bom” ou “mal”, “certo” ou “errado”), o ser universal que alcança o bem celeste permanece inalterado em seu estado de espírito.
Isto porque a felicidade universal é formada por três fatores: o amor a Deus, a harmonia com o todo e a paz.
Deus é a sublimação expoente do Amor; é o próprio Amor personificado. Por isto tudo o que Ele faz é amar. Não importa o que esteja “fazendo” (gerando através da Causa Primária) a sua atitude será sempre amorosa. Sentir-se amado por Deus, leva o espírito a alcançar o bem celeste, a felicidade universal.
Se Deus é por nós quem pode ser contra nós? Quando o ser universal sentir-se amado em todos os momentos pelo seu Pai, não necessitará mais buscar a satisfação individual: basta deleitar-se no Amor que vem de Deus.
Todas as situações de sua vida serão fruto do amor divino e não mais ataques ou acusações de outros seres humanos. Sem sentir-se atacado ou ferido, o ser humano pode preservar o seu estado de espírito feliz.
Sem ver no próximo um possível agressor, conseguirá então, harmonizar-se perfeitamente com todos. Esta harmonia gera a felicidade universal. Não existem mais motivos nem agentes de infelicidade, pois o espírito está com Deus em seu coração.
Aí ocorre a paz, ou seja, o desarmamento, a deposição das armas. Hoje o ser está sempre armado porque não sabe se o próximo está querendo feri-lo (acabar com a sua felicidade). Por isto relaciona-se se amando mais do que ao outro, o que causa o desequilíbrio que acaba com a harmonia.
Na prática, o bem celestial ensinado por todos os mestres é o próprio Amor de Deus. Alcançar este estado de espírito é o objetivo máximo da vida de todo ser humanizado e deve ser o resultado que a ser alcançado com a reforma íntima que todos deveriam aproveitar a encarnação para praticar.