As mensagens deste livro não se traduzem em novos ensinamentos. Na verdade, todos os ensinamentos aqui trazidos fazem parte da cultura do planeta Terra desde de tempos imemoriáveis. Não estamos procurando quebrar ensinamentos modernos, mas remontar conhecimentos antigos.

Este procedimento se choca com a visão liberal da vida que os seres de hoje imaginam que conquistaram. No entanto, por esta conquista não sabem quanto perderam. Ou pior: sabem…

A grande lição destas mensagens é trazer de volta os ensinamentos antigos. Se ainda não perceberam, muito dos ensinamentos trazidos pelos enviados de Deus vêm sendo retirados pelas novas religiões, no sentido de proteger a felicidade material, instantânea e fugaz.

No caso do ensinamento “Deus, Causa Primária de Todas as Coisas”, encontramos os profetas da antiguidade decidindo questões jurídicas através de um dado. Os judeus rodavam o dado para ver quem tinha ou não razão sobre uma demanda. Não acreditavam no acaso, pois tinham a convicção que o “sorteio” seria orientado por Deus. Nos oráculos da antiguidade, a cor da fumaça das oferendas determinava a “opinião” de Deus, que era cumprida pelos fiéis.

Além de abandonar ensinamentos antigos, como sendo “primitivos”, muitas das verdades de hoje, nada têm a ver com a realidade das lições recebidas dos mestres. A humanidade busca uma liberalidade que não foi prescrita como caminho para se chegar a Deus.

Em defesa da vida da sociedade atual, dos tempos atuais, ou seja, em defesa da matéria, praticam-se sentimentos contrários ao amor universal. Isso não é avançar, eu prefiro dizer que é retroagir.

Não se trata de balizar o que é “certo” ou “errado” de se fazer, mas do que é universal ou individual. Jesus nos falou que a lei deve ser cumprida, mas acima disto é preciso ter a consciência do sofrimento que se pode causar aos outros.

Quando o ser humano busca favorecer o individualismo (seus próprios desejos) acaba sempre ferindo o desejo de outro. Desta forma não consegue cumprir a lei divina e por isto sofre. É da busca de se satisfazer que nasce o estresse, a angústia, o desespero em que vivem os seres no planeta Terra na atualidade. Esse é o pagamento pela suposta “liberdade”.

Quem não se satisfaz com o que tem não vê o comando de Deus sobre todas as coisas e por isto quer mais e sofre se não consegue. Quando o destino é entregue nas mãos de Deus, sente-se a presença Dele em cada gesto e em cada ato que acontece. Pelo Amor e Justiça, o ser alcança a felicidade de participar do Seu reino.

A imagem da ação de Deus que existe nos dias atuais foi gerada pelo espiritismo, pelas modernas frentes católicas e não por aqueles que trouxeram a religião. Os ensinamentos religiosos foram desenvolvidos pelas religiões e estão em desacordo com os ensinamentos recebidos dos mestres. As religiões desenvolveram uma interpretação dos ensinamentos que premiasse a satisfação pessoal.

A base de raciocínio foi a seguinte: se a sociedade material evoluiu, vamos mudar a religião para acompanhá-la e não coibir a evolução por causa da religião. Premiou-se a ação individualista, alterando-se o universalismo trazido pelos mensageiros de Deus.

No Livro dos Espíritos a espiritualidade afirma que a ciência foi dada à humanidade para o avanço em todos os campos, inclusive na moral. No entanto, avançar moralmente não se trata de alterar a moral dada pelos mensageiros de Deus. O avanço na ciência é para melhor compreensão da técnica espiritual para que a moral divina seja compreendia e possa, assim, ser praticada por amor e não por temor.

Não existem “novos tempos”. O processo de evolução é a volta ao “velho tempo”, onde existia o amor como fundamento de vida.  Nos dias atuais, em nome de uma modernidade altera-se a religião, diminuindo-se sua rigidez para “atualizá-la”.

Os ensinamentos que estão sendo relembrados, no entanto, não alterarão em um só milímetro a vida como hoje ela existe materialmente falando, mas sim sentimentalmente. Não se trata de saudosismo, de volta a velhos tempos, mas uma vida dentro dos padrões atuais, porém vivida com felicidade.

Estamos falando em uma vida moderna. Uma vida igual à de hoje, porém movida pelos mesmos sentimentos que foram esquecidos pela modernidade. Estamos falando de uma vida onde, apesar de ter que depender do salário para se alimentar, o ser tenha amor pelo seu companheiro de trabalho e não precise “pisar” nele para poder melhorar na carreira e ganhar mais.

Quando o ser colocar Deus como Causa Primária de sua promoção, entenderá que não será o chefe que irá promovê-lo, mas Deus é que determinará que ele ocupe nova função. O chefe é apenas um instrumento de Deus para que o ato aconteça.

Então, se Deus proverá, o ser deverá ficar sentado, de braços cruzados esperando a ação divina? Não, pois para que o Pai aja é necessário que o ser mereça. Por isto o ser terá que agir. Esta ação, entretanto, não será no sentido de “bajular” ou desmerecer o seu concorrente, mas sim na ação universal: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Quando o ser viver com o amor universal merecerá o direito de se preparar para as novas funções que Deus está planejando para ele e receberá os conhecimentos materiais necessários para que possa cumprir a sua nova missão como instrumento de Deus para auxilio aos demais.

Amando as chances de aprimoramento e dedicando-se ao estudo, será mais útil ao universo e, por isto, será encaminhado à função superior que lhe renderá maior salário.

Mas, se mesmo amando todas as coisas e dedicando-se aos estudos o ser não conseguir sua promoção? Aquele que se acredita como um participante do universo, entenderá que Deus dispõe dele da melhor forma para a felicidade do todo. Assim, compreende que a função que ocupa agora é a que deveria estar ocupando e não sofre por não conseguir a promoção. Ele não receberá o aumento salarial, mas com certeza o seu dinheiro renderá mais, pois não terá desejos para satisfazer e será feliz com tudo o que possuir.

É um circulo onde o amor impera. Quando este sentimento é utilizado em todas as ocasiões, o resultado nunca trará sofrimentos, pois o amor é a felicidade eterna.

Isso pode ser feito? Claro. Se você compreender que é um ser. Se compreender que você e todos vivem ao lado de Deus, independentemente do sentimento que nutre. Não existe filho que seja abandonado por Deus, Seu Pai.

Isso é viver espiritualmente. Aquele ser que tem esta auto visão é chamado de “eu espiritual”, ou seja, aquele que se reconhece como espírito e vive uma vida espiritual na matéria. Não fazemos e nunca fizemos apologia da abstinência da vida material para viver a vida espiritual.

As religiões buscam uma outra visão: o “eu alma”. Este ser é orientado pelas religiões a praticar o mesmo caminho (amar ao próximo), mas não é ensinado que Deus pode ter outros planos para ele. Ë incentivado apenas para que trabalhe em direção do seu plano. Para isto lhe é sugerida sua presença no culto, o cumprimento das obrigações religiosas, etc.

O “eu alma”, o religioso, cumpre o determinado pelos ministros da religião e quando não consegue o que quer, porque Deus assim não determinou, revolta-se contra os ensinamentos religiosos e busca então realizar um outro sonho.

É o próprio ensinamento religioso que concedeu independência ao ser humano, o que lhe causou o sofrimento inicial da expectativa do resultado do trabalho e depois com a ação a qualquer preço para conseguir realizar o seu desejo individual.

Quando o ser viver como “eu espiritual” compreenderá o desejo de Deus. Verá o poder de Deus agindo sobre ele, no seu dia a dia, na sua vida, independente do acontecimento. Enquanto continuar matéria (ser humano) que possua querer individual, continuará se sentindo ofendido.

Se alguém o faz sentir-se ofendido, na situação há um aviso para você. Enquanto houver ofensa é porque um individualismo foi procurado e não se alcança o universal na situação. Ver Deus em ação é ver o universo como um irmão, filho do mesmo Pai, digno do mesmo amor.

Hoje foi trocada a satisfação universal pela satisfação pessoal.  Com isto, cada um se entregou à sua vontade acabando com o amor ao próximo. As religiões alteraram seus ensinamentos para oficializar a vida material, ou seja, essa satisfação individual. Como porta vozes de Deus deveriam ensinar o contrário: alterar o desejo individual para o desejo universal (de Deus).

As religiões sabem o que os seres humanos perderam com o seu individualismo, mas não dão valor àquilo que foi perdido e não querem recomeçar, pois isto implicaria em muitas mudanças… Foi perdido o respeito como fundamento de vida, a camaradagem, a amizade. Nos tempos atuais o que existe é competição e disputa. Para se fortalecerem, as religiões foram, ao longo dos anos, alimentando a competição e a disputa para que fosse alimentada a satisfação pessoal.

Não foram repassados os ensinamentos antigos, mas os que já se conheciam foram adaptados aos desejos individuais dos seres no mundo de hoje. As religiões deveriam ter se mantido firmes nos velhos ensinamentos que levam à felicidade universal, pois foram estes ensinamentos que geraram Joana D’Arc, São Francisco de Assis, Santo Antonio e tantos outros que abandonaram a sua felicidade individual em troca da felicidade universal. Quando assim agiram, estes seres alcançaram a elevação espiritual.