Participante: poderia exemplificar o ensinamento ‘não transigir da sua verdade’ ensinado alguns anos atrás? Numa relação amorosa, como viver em harmonia com os outros e com os ensinamentos sem se apegar?
O que é não transigir da sua verdade? É não ir contra ela. Só que quando digo isso, não estou falando que você precisa expô-la aos outros. O que estou dizendo é que, internamente, de você com você, não deve ir contra aquilo que acredita. Digo que não deve transigir da sua verdade consigo mesmo.
Quando você quer ensinar ao outro o que é o certo, acabou de ter transigido a ela. Digo isso porque a sua verdade diz que é preciso amar e respeitar a todos.
Não transigir da sua verdade não é transformar-se numa rocha, no defensor ferrenho da sua verdade e por isso querer impô-la a todo mundo. Isso não é não transigir a verdade, mas usá-la como arma para um golpe com a finalidade de deter o poder. É querer dominar o próximo.
Não é isso que é não transigir da sua verdade. Além do mais, você que é espiritualista, ao agir dessa formar, está transigindo dela. Isso a sua verdade diz que não existe certo ou errado. Porque, então, quer dizer a outros que ele está errado e você está certo? Neste momento acabou de transigir dela
Quanto a viver em paz com ensinamento e com uma pessoa que é diferente, o caminho para fazer isso é não transigir da sua verdade dentro da forma que nós acabamos de falar. É dar ao outro o direito de ser estar fazer e achar o que quiser. Para isso, a primeira providência é não se achar o mais sábio do mundo, aquele que precisa e deve ensinar tudo a todo mundo.
Quem não transige da sua verdade a tem para si. A considera importante, não abre mão de pratica-la, deixa ela dirigir a sua vida, mas isso com ele mesmo e não com os outros. Com relação ao outro, aquele que não transige da sua verdade lhe dá o direito de querer e acreditar no que quiser.
Deixe me falar uma coisa sobre o que conversamos recentemente em outro lugar. Vocês já me ouviram falar sobre livre arbítrio. Isso quer dizer liberdade de opção, liberdade de optar, de querer fazer. Vocês acreditam que tem o livre arbítrio, não têm, mas acreditam que têm. A partir disso, repare o que você está fazendo com a pessoa com quem convive e que pensa diferente: está caçando o livre arbítrio dela. Está querendo dominá-la e fazer com que não tenha liberdade de crença.
Olha que coisa: você defende o seu livre arbítrio, atacando o do outro. Falo isso porque não dá a ele o direito de ter a mesma coisa que quer pra si. Por isso, se você é espiritualista, se acredita nos nossos ensinamentos, querer impor aos outros o que acredita é transigir da sua verdade.
Esta questão vocês precisam analisar se querem para ser espiritualista e se querem viver universalmente: precisam deixar o outro querer o que ele quer.