O homem que não vigia seus pensamentos cai no erro de acreditar na multiplicidade das coisas. (Bhagavata Puranas – 8)
Toda razão, emoção e percepção criada pelo ego é tida no planeta Terra como dualista, mas na verdade não é dual: é múltipla. Repare: não existe só o bom e o mal; existe o bom, o pouquinho bom o mais bom, o ótimo, o quase bom. Ou seja, são múltiplas emoções e razões que o ego cria.
O ego só consegue trabalhar com a existência de múltiplos tipos de alguma coisa. Ele jamais conseguirá entender a unidade, o único, pois não é previsto para ter essa noção. Para tudo existe em multiplicidade de tipos e formas, apesar de no universo existir apenas unidades, coisas únicas.
Partindo dessa consciência, podemos entender esse trecho. Krishna aqui ensina que o senhor da mente controla seus pensamentos para não se deixar levar pela multiplicidade. Controla seus pensamentos no sentido de não crer que as multiplicidades criadas por ele ganhem a força de real ou verdadeiro.
Agora, repare: o Bendito Senhor não ensina que o senhor da mente precisa criar uma razão única ou em unicidade. Não ensina porque essa razão jamais acontecerá. Por isso o trabalho não é chegar a ideia única sobre algumas coisa, mas não acreditar na multiplicidade de aspectos que os pensamentos e emoções conferem às coisas.
Eu venho insistindo nesse ponto porque é importante para nosso estudo: o senhor da mente não muda a mente, mas a domina. Por isso o termo ‘senhor da mente.
Mudar a mente se faz em qualquer escola humana. Basta colocar novos valores que se sobreponham a velhos e a mente estará mudada. Fazer isso, não precisa de nenhum esforço. Agora controla-la a ponto de ser livre para não acreditar no que ela cria nela é difícil. Por isso precisa se ser senhor dela.
Esse é o primeiro detalhe desse versículo: o senhor da mente precisa saber que o ego trabalha com realidades múltiplas, enquanto que o universo é uno e único. A partir dessa consciência trabalhar para dominar a multiplicidade que o ego cria para as coisas.