“LIBERDADE – 1. Faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a sua própria determinação” (Mini Dicionário Aurélio – 3a. Edição).
O maior anseio do ser humano é alcançar a sua liberdade, ou seja, decidir ou agir segundo a sua própria determinação. Para isso, busca o crescimento material, ou seja, estuda e trabalha com a finalidade de poder ganhar a liberdade de conseguir tudo aquilo que a ignorância e a carência material não deixaria que ele alcançasse. Porém, quanto mais evolui cultural e economicamente, mais se torna escravo da sua nova condição. Por isso, mais perde a liberdade que sonha ter.
O ser humano, culto ou ignorante, rico ou pobre, está sempre preso por normas, padrões e conceitos que regem a sua vida. Quanto mais dinheiro e conhecimento adquire sobe nas castas sociais. Com essa ascensão novas regras são impostas. Dessa forma, ao invés de adquirir a tão sonhada liberdade, vai cada vez mais enriquecendo a gaiola na qual se tranca.
Liberdade é decidir e agir segundo a sua própria determinação e não realizar algo porque regras e normas impõem aquela forma de ação. Vive-se com regras de etiqueta, normas de sociedade, padrões de conduta, que o homem, para poder ser recebido no convívio social, acaba submetendo-se. Com isso, extingue com a sua liberdade. O homem se acha livre, mas na verdade é um escravo das regras que cria para si.
“Não imponhais nenhuma regra, além daquela da qual eu fui testemunho. Não ajunteis leis às dadas por Aquele que vos deu a Tora a fim de não vos tornardes seus escravos”. Jesus Cristo (Evangelho de Maria – Miriam de Mágdala – pág 09)
Cristo já havia advertido aos seus discípulos que não deveriam ser criadas novas leis além daquelas que ele próprio foi o Testemunho. O Mestre banqueteou-se com mendigos e cobradores de impostos, caminhou com prostituas e gente de má fama e fez curas no sábado (o que era proibido pelas leis dos judeus). Ou seja, o seu Testemunho foi não submeter-se a outra lei do que amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Assim deve se portar o homem que quer viver a liberdade que Cristo trouxe.
Todas as leis criadas sem esse fundamento (o amor incondicional) tornam o ser humano escravo delas. Não se podem frequentar lugares de má fama, diz a lei religiosa, mas Cristo foi à casa de um cobrador de impostos para jantar. Ainda por cima disse: ‘eu não vim para os sãos’.
Não se podem usar duas cores que não combinam, diz a lei do bom gosto. No entanto, Cristo perguntou por que nos preocupamos com nossas vestimentas se é o Pai quem nos provê de roupas. Isso é ser livre verdadeiramente: não é preso nem a necessidade de ter.
Para que o homem alcance a verdadeira liberdade é preciso que elimine todas as outras leis e apenas cumpra aquelas que Cristo deu testemunho. É preciso amar a Deus acima de todas as coisas, sejam elas quais forem, e amar ao próximo como a si mesmo. Esse é o caminho para a verdadeira liberdade.
Não estamos fazendo apologia da bagunça, da libertinagem, mas alertamos que a verdadeira liberdade só será alcançada quando o ser atingir a consciência de praticar atos que reflitam o amor universal. É preciso atingir a consciência de não ferir os outros nem a si mesmo e não deixar de fazer apenas porque é proibido.
Quando alguém deixa de fazer algo apenas porque existe uma lei para que não faça, está se ferindo através do desejo não realizado; Se fizer, estará ferindo os outros. É essa equação de difícil solução que somente o amor pode acabar.
Para que o homem pratique o ato sem sofrimento, para si ou para outro, é necessário que tenha a consciência do sofrimento que pode causar a outro. Quando atingir a consciência do seu papel na humanidade – o sal que tempera a vida dos outros – o ser humanizado poderá praticar os atos ou deixar de fazê-los sem sofrer e sem causar sofrimento.
O ser humano não é um solitário: sua vida é em coletividade. Para que ela se processe da melhor forma para todos tem que haver a consciência de não ferir o próximo. Como diz o ditado popular, meu direito começa onde acaba o seu. É essa consciência que pode fazer o homem não sofrer nem se sentir preso quando não praticar aquilo que quer.
Não há lei que coíba atos. Veja bem: existe um artigo no código penal que proíbe que se mate alguém. Nem por isso os assassinatos acabaram ou diminuíram.
Nenhuma lei acabará com os atos. Eles só se extinguirão quando o ser universal humanizado compreender o sofrimento que estará trazendo ao próximo quando fizer ou deixar de fazer alguma coisa.
Esta é a verdadeira liberdade: fazer o que quer, desde que o seu querer não fira os outros. Se for possível acontecer isso, abrir mão de fazer o que quer, sem sofrer por isso, para não ferir ninguém.
Por isso, encontrar a felicidade em eliminar causas de sofrimentos a outros é o objetivo de vida daqueles que abolem as leis e buscam em Deus e Cristo o significado de sua vida. Esse ser alcança a liberdade completa, pois pratica apenas o que quer: expressar o amor ao próximo.
Na definição do termo libertar, encontramos a definição livrar-se. A verdadeira liberdade só é conseguida quando o ser humano se livra das correntes que prendem a comportamentos padrões e atinge a consciência da não prática de atos por causa do amor. É quando atinge a consciência de não praticar atos porque podem causar ferimentos que o ser é verdadeiramente livre.
Com esta consciência ele será livre para fazer o que quiser, pois seu objetivo maior na vida será amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.