Participante: me sinto mal quando os evangélicos se tratam como superiores e dizem coisas como ‘você é do mundo e não de Deus’. Tenho esse exemplo em minha própria família.


Que grande problema, não? Eles se tratam melhor do que a você. Qual o problema disso? Qual o problema deles tratarem desse jeito? Você não querer ser tratado como menor. Não querer que eles se vangloriem, que se achem melhor.
Não, nem isso é problema na verdade. A distinção que fazem deles para você não é o problema. O que lhe causa incômodo é o seu egoísmo, o seu medo de perder, a sua busca pelo reconhecimento. Como eles podem se considerar melhores, se você se considera melhor do que eles?
A sua pergunta foi muito interessante porque expôs, na prática, um dos motivos pelo qual alguém não gosta dos evangélicos. Quando uma razão real é exposta podemos, então, fazer uma análise melhor do tema.
Não é o fato do evangélico se considerar melhor que tira a sua paz. Digo isso porque, por exemplo, no seu trabalho ou em qualquer outra sociedade que participe, quando alguém se vangloria e o trata como menor, sente a mesma coisa. Se na vida numa coletividade alguém se acha melhor do que você, vem logo a reação de sentir-se ofendido, de não gosta. Como se sente mal com os evangélicos e com a mesma ação por parte de outros grupos, afirmo que o problema não está só com os evangélicos, mas dentro de você mesmo.
O seu problema não se consiste nos outros se acharem melhor, mas no fato de não querer ser rotulado como inferior. Esse é o ponto que precisa ser trabalhado em si para não perder a sua paz quando uma ação desse tipo, que é fato corriqueiro na vida, acontecer.
Tenho, nos próximos dias, que responder a uma pessoa que está se sentindo a última do mundo. Porque se sente assim? Porque se mede pelo que os outros acham, pelo que os outros pensam dela. Você está fazendo a mesma coisa: está se medindo como menor porque os outros acham isso. Se quer se medir de alguma forma, meça por si mesmo. Use apenas você para se avaliar. Como o resultado dessa medição será sempre zero, já que você é sempre igual a si mesmo, ficará na equanimidade, no caminho do meio.
Só que vocês sempre se comparam a outros. Por isso, quando usam alguém que consideram menor para medir a si, entram no prazer; quando o modelo é considerado maior, sofrem.
Não importa o que você seja, é preciso amar a si mesmo do jeito que é para poder estar em paz. Sendo um safado, considere-se o melhor, sendo mentiroso, sinta-se o melhor entre todos. Jamais se acuse de nada, jamais aceite se sentir rebaixado. É contra sentir-se menor que precisa lutar para poder estar em paz.
Como quer ter paz se está aceitando a razão que diz é menor que os outros? Sim, se você acredita que é menor. As pessoas podem até estar dizendo que você é menor, mas se não aceitasse essa pecha, não se consideraria menor. Nesse caso não haveria contrariedade.
Por isso oriento a se amar. Amando-se, orgulhando-se de si mesmo, pouco importando o que os outros pensam, não sofreria pelo que os outros pensam.
Você não é menor do que ninguém. É tanto filho de Deus quanto qualquer outro que se sinta tão superior que possa critica-lo.
Só um detalhe: não precisa dizer isso aos outros. Se disser, entrará em discussão e perderá novamente a paz. Não fale que você é igual a eles para evitar a discussão e por respeito à crença deles. É o que acreditam que diz que eles são o povo escolhido, que são melhores do que os outros.
Você, que não professa a mesma crença, deve respeitar o que eles acreditam. Deve fazer isso por respeito a si mesmo. Como professa uma doutrina que diz que é preciso amar aos outros como a si mesmo, por respeito a esse ensinamento, e por conseguinte a si mesmo, não consinta em sentir-se rebaixado, seja por que motivo for.
Também não queira ensiná-los a professar a sua crença. Não fique espalhando ensinamentos para quem não quer. Para você posso falar assim, pois está aqui e, pelo que sinto, está buscando o caminho que mostro. Agora, se um evangélico vier falar comigo, terei que falar dentro da crença deles e não obriga-los a acreditar no que acredito.
Lembro de uma história interessante. Havia um grupo de médiuns que buscava os descrentes da sua doutrina no mundo espiritual para convertê-los. Um dia souberam de um pastor que tinha milhares de seguidores no astral. Conseguiram trazê-lo e começaram a doutrina-lo.
No início o pastor resistiu e manteve-se fiel à sua doutrina. Mas, depois de muitas sessões cedeu e acreditou no que era dito. Nesse momento um dos médiuns perguntou se agora que tinha mudado de fé, ia converter seus seguidores. A resposta do pastor é o exemplo que devemos usar: ‘para que, eles estão felizes do jeito que são’.
Essa é uma história real. Claro que tudo aconteceu da forma que Deus fez acontecer, mas a moral que ela nos deixa é muito importante. Todo trabalho deve ser feito em si mesmo e não nos outros. Eles, estão felizes do jeito que estão.
Você está falando como a pessoa que me disse recentemente que precisava ensinar à esposa as verdades que transmito. Você está querendo ensinar aos evangélicos como devem se sentir. Se fizer isso, vai acabar com a felicidade deles e com a sua.
Além do mais, pergunto: quem lhe deu a prerrogativa de ensinar o certo? Quem lhe deu procuração para agir em defesa de um ensinamento? O seu ego, que é egoísta, que quer vencer os outros.