Participante: disso que o senhor falou, as vezes me vem à reflexão de que quanto mais eu conseguir ser flexível com aquilo que penso mais armas terei para lutar contra o sofrimento, não é? Hoje eu posso me dar o direito de acreditar em uma coisa, amanhã acreditar em outra … Isso não importa, não é mesmo?
Não é se trata de lhe dar esse direito; você já o tem.
Não é você que está se dando esse direito agora. Você sempre teve o direito de acreditar no que quiser. Por isso lhe dou um conselho: dentro de tudo o que pode acreditar, procure crer naquilo que for melhor para você.
Participante: não importa, porque a gente não vai saber o que é verdade mesmo.
Perfeito. Mas, aí é que surge um grande problema para os buscadores.
A grande maioria ainda acredita que há uma verdade a ser alcançada, só que não há verdade para ser alcançada. Deixe-me lhe fazer uma pergunta. Você falou algo interessante: ser como o bambu. Se desse um vento muito forte num bambuzal, o que cairia primeiro: a árvore grossa ou o bambu fininho?
Participante: a árvore.
Exato. O bambu só enverga e volta; a árvore cai e não volta mais.
Saiba de uma coisa; quanto mais enraizado você estiver num solo, ou seja, quanto mais certo das suas verdades estiver, menos flexível será. Nesse caso, quando viver uma tempestade estará pronto para cair. Por isso digo: sejam flexíveis.
Ser flexível é isso: não ter um caminho, não ter uma obrigação, não ter uma verdade absoluta. Quem busca a felicidade sendo um bambu tem um monte de elementos que pode usar na hora que usar, na hora que lembrar de usar, e não uma série de verdades das quais não abre mão. Ele é assim porque não quer ser sábio, mas sim conseguir a paz.
Isso é o processo de elevação espiritual. O resto? É conversa para boi dormir.