Participante: Fiquei feio e paraplégico. As pessoas me olham com pena. Me sinto mal com isso. Outros riem de mim. Dependo dos outros para tarefas simples. Perdi minha autoconfiança. Como ser feliz desse jeito?

Lembra-se do que disse à respeito de como vivenciar uma situação? Primeiro analise todas as opções que dispõe. Vamos fazer isso?

Você é muito feio, todo mundo ri de você. Opção um: faça uma plástica! Não tem dinheiro para fazer a operação plástica? Só resta uma alternativa: precisa aprender a viver com você do jeito que é.

O que vocês precisam entender é que o mundo é muito simples e lógico. O ser humano tem sempre várias saídas para qualquer situação. Mas se não possui condições de ir por uma delas, é preciso entender que necessariamente terá que ir por outra.

O problema é que vocês querem encontrar uma porta que não existe. Querem usar uma opção que não está disponível.

Na vida não existe uma porta secreta que leve a um vale encantado onde tudo vai ser maravilhoso. As histórias de fadas, de príncipe e princesa são invenções. Será que ainda não aprenderam isso?

Para todo o problema da vida humana poderá ser encontrada várias opções de ação para conviver com o que está acontecendo. Elas são saídas lógicas que podem ser visualizadas quando se olha o problema sem emoções. Só que jamais haverá uma saída secreta que o levará direto ao Jardim do Éden. Jamais poderá ser encontrada uma opção que fará tudo se resolver instantaneamente sem que você precise abrir mão de alguma paixão ou desejo para que o assunto seja resolvido.

Por isso, a minha resposta seria: faça uma plástica. Se não tem dinheiro para isso, aprenda a viver com você do jeito que é. Para fazer isso, a primeira coisa é mudar a sua ideia sobre si mesmo.

Você me disse que é feio. Acreditando nisso, como é que vai conseguir viver bem consigo? Nunca!

Para que isso aconteça, tem que deixar de se ver como feio. Como se faz isso? Entendendo que beleza é uma questão de norma humana.

O padrão de beleza é estabelecido pela humanidade. Vendo as coisas sob o espectro universal, verá que tudo é belo, pois é fruto da beleza de Deus.

Sendo assim, não importa qual seja a sua forma, você é belo. Pode não estar de acordo com os padrões de beleza deste mundo, mas é belo, porque é fruto de Deus.

É isso que precisa trabalhar em si. Precisa se libertar dos padrões de beleza do mundo. Deixe o mundo achar belo aqueles que acha e se considere belo do jeito que é.

‘Ah! Joaquim, você diz isso, mas eu não tenho beleza nenhuma! Tem sim; procure-a.

Quando falo isso você deve estar pensando que estou me referindo a achar uma beleza interna que supra a falta da beleza externa. Não é isso que estou dizendo. O que estou falando é encontrar em si mesmo, na sua forma externa do jeito que está, a beleza.

Achar belo alguma coisa é o resultado do julgamento de uma forma através de um padrão estético. Quem criou o padrão que você usa agora? Um ser humano qualquer. Ora, você é um ser humano qualquer; por isso também pode criar um padrão estético próprio e que diga que sua forma é bela.

Hoje você se considera feio porque se utiliza do padrão da humanidade para se avaliar. Porque não gera um novo padrão? Porque nesse novo padrão não transforma a sua aparência como sinal de beleza? Se fizer isso, seu problema está resolvido.

Considerando-se feio e não tendo dinheiro para fazer uma plástica, a saída que resta é você criar o seu padrão de beleza. Se não fizer isso, não conseguirá se livrar da dor que está sentindo.

Um detalhe: é você que tem que criar o padrão e mudar o que acha. Se ficar esperando que a humanidade mude o padrão dela ou que abra mão dele para se achar bonito, vai sofrer até o final da vida.

É isso que vive sonhando que aconteça. É por isso que continua sofrendo. Por isso disse no início: vocês ficam esperando uma porta mágica que conduza diretamente a um jardim encantado. Isso não existe.

Lembro que numa história a coruja chamou outra ave para ver o seu filho. Não sei se já viram filhote de coruja, mas é a coisa mais feia que existe.

A ave chegou e ficou olhando, olhando, o filhote. Enquanto isso a coruja estava falando: ‘olha meu filho, que bonitinho’. A ave continuou olhando, até que diante da insistência da coruja em achar belo o seu filho, não resistiu e falou: ‘desculpa, mas ele é horrível!’

A coruja, como toda mãe, saiu em defesa do seu filhote: ‘não, ele é bonitinho sim. Olha os pezinhos dele’.’

Os pés de um filhote de coruja, de acordo com os padrões humanos de beleza, são lindos. A ave não tinha notado isso porque olhava para o filhote como um todo, mas a coruja, que como toda mãe olha para o seu filho com olhos zelosos, tinha conseguido destacar o que havia de belo nele.

É isso que você precisa fazer: olhar para si mesmo com olhos zelosos, com olhos que distingam a sua beleza. Na hora que olhar si mesmo com esses olhos, feio serão os outros e não você.