Reforma íntima, mudança interior, é uma coisa que o ser normalmente só procura quando alcança uma idade carnal mais avançada. Enquanto está na infância ou na adolescência e mesmo no início da maturidade, ele se preocupa em “conquistar” o mundo material e não em reformar-se para o seu futuro espiritual.
Quando o ser humano vai atingindo a maturidade (“idade da razão”) a formação do conceito (dar valor às coisas) vai sendo abandonada por uma nova visão dos acontecimentos do mundo. Os conceitos continuam existindo, mas o ser abandona a idéia de querer impor suas verdades aos outros. Não se trata de uma transformação, mas uma desistência de querer comandar o destino, a vida, aceitando todas as coisas.
Quando o ser deixa de querer impor seu desejo acontece a felicidade, é feliz. Isto não é regra, mas acontece freqüentemente. O ser humano, com o avançar da idade, deixa de “brigar” com as coisas (impor seu desejo) e passa a aceita-las como inevitáveis, fora do seu controle.
Entretanto, este novo proceder não acaba com os conceitos que foram formados durante as outras etapas da existência. O ser humano que deixa de querer determinar valores para os acontecimentos e pessoas não mais cria conceitos, mas permanece com todos aqueles que foram formados nas outras etapas da vida.
O acúmulo de conceitos é chamado pelos seres humanos de “experiência”. Os mais velhos possuem a experiência, ou seja, acham que sabem quais serão os resultados de uma determinada ação. Eles param de tentar colocar os conceitos em ação nas suas vidas, mas não abrem mão da convicção de que sabem mais do que os outros.
É por entender desta forma o seu conjunto de conceitos, que os mais velhos se esforçam no sentido de transmiti-los para os mais jovens. Mesmo aqueles que estão procurando a sua reforma íntima não abrem mão de influenciar os mais jovens na sua procura material, repassando-lhes os seus conceitos. Assim, sem perceber, o ser humano está formando outros seres conceituosos.
Eliminar os seus próprios conceitos é apenas uma das etapas da evolução. Além de quebrá-los, o ser deve influenciar os mais jovens no mesmo sentido. Não deve transmiti-lhes os conceitos, mas ensiná-los que suas vidas foram vividas com tentativas dessa imposição.
A vida de uma pessoa madura que consegue desistir da briga contra os acontecimentos, é entender que não adianta querer impor sua vontade, pois os acontecimentos sempre são determinados dentro da vontade de Deus.
Este é o ensinamento que deveria ser repassado. Esta deve ser a sabedoria que a experiência de vida deve ensinar aos outros. O fruto da experiência não é o conhecimento individual, mas a certeza de que este não existe.