Aldo Pereira
Eu que vivi tantas mortes
E já morri muitas vidas
Ando fazendo confusão
Do que é verdade ou ilusão
Pois o palpável ilude
E a verdade foge as mãos
Eu que já fui estrada
Também me fiz andante
Quando pisado, suportei
Mas ao andar, calejei
E trouxe a própria poeira
Quando em mim pisei
Eu que já matei tanto
Não conheço a morte
E escorri em cada sangria
O pulso fraco, a carne fria
E a cada estocada
Era a mim que eu feria
Eu que observo tanto
As vezes nada entendo
E creio que nem convém
Tudo aqui, nem antes, nem além
Num mundo interior
Só meu, de mais ninguém