Participante: mas porque o senhor nos diz que devemos falar a verdade, isso é um ato programado. Sendo assim, acontecerá se tiver que acontecer.


Deixe me colocar uma coisa. Quando eu estou aqui conversando com vocês preciso falar de atos. Isso porque vocês só entendem a ação. Só que por trás do que se faz, existe algo: uma intencionalidade, um objetivo a ser alcançado.
Estas duas coisas são o que importa para a elevação espiritual. Por isso, mesmo falando de atos, é sobre elas que eu falo.
Quando digo que deve falar de tal jeito a uma pessoa, não estou querendo lhe dizer que deva falar com as palavras que uso, porque não falo de atos. As palavras que coloco se referem a intencionalidade e o objetivo que deve ter naquele momento.
No entanto, como é difícil se falar de coisas subjetivas, preciso me referir a ações para que entenda o funcionamento do mundo interno. Falo, por exemplo, para que não viva a intenção de esconder de uma pessoa que existe outra. O que quero dizer é que internamente você não deve acreditar que não precisa contar e que pode mentir. Agora, como isso vai acontecer, que palavras vai usar, isso está programado.
O que vocês não entendem é que preciso falar de atos. Vocês não compreendem que estou me referindo ao seu mundo interno. Estou falando daquilo que está por trás da ação. Sempre que me refiro a uma ação, estou abordando aquilo que está acontecendo internamente.
Tivemos recentemente um caso muito semelhante ao assunto que você se embasou na sua questão: ter duas pessoas ao mesmo tempo. O trabalho que fiz com esta pessoa não foi dizer que ele não podia ficar com as duas. Quem sou eu para dizer o que ele precisa o deve fazer a vida dele. Ele faz o que quiser. O que tive que fazer foi mostrar o que estava vivendo internamente.
A pessoa me disse que aquela situação para ele estava sendo vivida no amor universal. Imaginava que estava sendo muito elevado e espiritualizado naquele assunto. O que não entendeu é que essa ideia não era real. Na verdade, internamente, a mente, egoísta como é, queria ter as duas ao mesmo tempo. O ter é ato e por isso não podia falar disso, mas tinha que alertá-lo que no seu mundo interno não havia amor universal como ele imaginava.
O que fiz para mostrar isso? Usei atos … Ele me disse, por exemplo, que havia descoberto que a moça da relação era fruto de um amor de outras vidas e que aos poucos foi se envolvendo até o ponto de imaginar que não podia mais viver sem ela. Foi isso que usei para mostrar a hipocrisia da mente. Disse que se ele amasse realmente desse jeito, já teria abandonado a outra, o que não tinha acontecido.
Atos, me referi a acontecimentos para mostrar o mundo interno. Usando os atos mostrei que a real intenção era ficar com as duas, pois ainda estava com a esposa e falando apenas de estar com a outra por algum tempo.
O ato reflete o que está no mundo interno, o que vai por dentro. Internamente a intenção desta pessoa mesmo querer ter as duas à sua disposição ao mesmo tempo. Mas para poder mostrar isso, tive que me referir às ações.
Esta a minha função. Não falo de atos, mas preciso abordá-los para poder falar do que existe internamente.

Participante: você acabou de falar que não se pode adulterar no caso do rapaz que não deve mentir para duas pessoas que vive. Isso não é ato?

Sim, mas é um ato oriundo do desejo de ganhar. O problema que essa pessoa terá é porque está vivendo com o desejo de querer levar vantagem. Além disso, tem o medo de perder, pois pode adulterar com a intenção de manter os dois relacionamentos, já que se contar, poderá perder ambas.
Estas duas coisas são os problemas, no tocante a manutenção da paz, deste ser humanizado. O problema não está em contar ou deixar de contar, mas sim achar que não tem que fazer isso, que não deve fazer para não perder as duas.
Essa intencionalidade que existe no mundo interno enquanto o ato está acontecendo é que vai contar para a elevação espiritual. Como Cristo ensina: Deus julga a cada um segundo a sua intencionalidade. Ele não faz isso pela ação, mas pela intenção.
Portanto, se não contar, é porque não contou. Tudo bem. Agora, se isso acontecer e for vivido com a intenção de levar alguma vantagem, terá problemas.

Participante: se eu não vibrar nem no prazer nem na dor, mesmo adulterando, está tudo bem?


Sim, se não vibrar no prazer nem na dor, no sentido da manutenção da paz, da elevação espiritual, não há problemas. Agora, é preciso estar muito atento às criações mentais sobre isso, porque ela pode dizer que você não está vivendo esta dualidade e está.
Como se pode saber se está tendo o prazer ou não? Observando o pensamento. Veja o que ele fala sobre o relacionamento ou sobre a possibilidade de contar. Se o que é pensado embute a sensação de se sentir poderoso porque tem duas, há prazer. Se ele mostra alguma reserva com relação a se expor à elas, há prazer. Nestes casos, é preciso não se deixar levar por aquilo que é pensando, não acreditar nas coisas que a mente fala, pois senão a paz não será alcançada.
Portanto, quando eu dou um conselho com relação a atos, estou tentando me fazer entender no tocante ao mundo interno. Preciso fazer isso porque se você não tomar a consciência que deve se libertar da intenção pode se prejudicar.
Não falo para que você saia correndo e conte. Se vai ou não falar, Isso não me interessa. Isso é a vida de cada um e eu não me meto na vida dos outros. O que me interessa é que você, mesmo inconscientemente, não se sinta o todo poderoso porque tem relações com duas mulheres ao mesmo tempo.