O Livro dos Espíritos – Pergunta 938
As decepções oriundas da ingratidão não serão de molde a endurecer o coração e a fechá-lo à sensibilidade?
Fora um erro, porquanto o homem de coração, como dizes, se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra e que o ingrato se envergonhará e terá remorsos da sua ingratidão.
Endurecer o coração é deixar de amar.
Aquele que passa por situações de desgosto, de injustiças, ingratidões, realmente não vai poder amar. Já aquele que passa pelas mesmas situações sem ter essas consciências por causa da prática do amor incondicional, jamais vai deixar de ser feliz. Sendo assim, a situação em si não pode levar inexoravelmente àquelas emoções.
Isso é uma coisa que tenho falado há sete anos. Nada é o que você diz que é: trata-se apenas do valor que se dá ao acontecimento. A ingratidão do outro, não é uma atitude de ingratidão, pouco importando o que ele faça. Na verdade, só tomou essa essência emocional porque você preferiu ver naquilo um ato de ingratidão.
Você é quem determinou que tal procedimento era uma ingratidão. Na verdade foi o seu ego que disse isso. Ele falou, gerou a consciência, e você aceitou, acreditou quer era real.
Por compreender essa realidade, essa verdade do universo (ninguém pratica ato nenhum; cada um cria o valor do ato dentro de si) aquele que ama, continua amando, mesmo quando a razão diz que foi vítima de uma ingratidão.
Aquele que ama, ama ser vítima de uma ingratidão. Aquele que ama, ama ser vítima de uma desilusão. Aquele que ama, ama a tudo. Aliais Cristo já disse ‘se você ama só quem lhe ama ou o que lhe ama, que vantagem tem? Até os pagãos fazem isso.’ Por isso, para dizer-se pelo menos seguidor de Cristo, filho de Deus, precisa ir além no amar. Precisa amar quem não lhe ama, quem lhe dá ingratidão, ou seja, a quem atribui o valor de ingrato.
É isso que está respondendo o Espírito da Verdade: amor, sempre amor, acima de todas as coisas.