Confundir o bem com o bom é o grande problema dos espiritualistas e espíritas. Isso os faz viver uma hipocrisia sem perceber. Neste aspecto o que é chamado de ecologia é um grande exemplo disso.

Aquilo que os humanos chamam de natureza, ou seja, a Terra e seus elementos naturais não vivem exclusivamente para si. Como já mostramos, o Espírito da Verdade nos diz sempre que há um motivo para cada coisa existir e este está ligado à elevação do espírito. Sendo assim, cada elemento da natureza terrestre está sempre num estado que seja necessário à provação do espírito durante a sua encarnação.

Como criar determinada provação para um ser se em alguns pontos do planeta não houver seca e em outros enchentes? Como causar a ideia de uma comoção a nível planetário sem que haja as grandes catástrofes naturais? Como confundir o bem com o bom sem criar as condições naturais necessárias para haja a escassez de alimentos?

Toda expressão da natureza está voltada para a realização de um acontecimento onde a mente possa criar o certo e o errado, criar o bom e o mal, havendo assim uma condição de se optar entre estas criações e o bem. Nada foge a esta regra, nem mesmo a aparente interferência do homem no seu habitat natural.

Aquilo que as mentes humanas chamam de poluição gerada pelo homem, nada mais são do que instrumentos que dão veracidade à mudança da natureza para pior. Este pior, no entanto não é verdade. Na realidade, a atitude de poluir a natureza é apenas uma dramatização que gera uma ideia de que a consequência (ataque à natureza) possui um culpado humano.

Esta dramatização tem por finalidade gerar as opções na mente humana para que o espírito possa aproveitar a oportunidade da sua encarnação. Isto é assim, porque a partir delas se forma o bom e o mal humano.

Porque poluir rios e florestas é mal para os humanos? Porque eles defendem a natureza do planeta. Mas, será que ter em mente a preservação da natureza é bem? Vejamos…

Bem é tudo aquilo que está ligado ao espiritual, ou seja, aos anseios do espírito. Onde a preservação da natureza tem a ver com o anseio do espírito? Como estamos estudando nesta conversa, o anseio do ser universal não tem nada a ver com o humano. O anseio espiritual prende-se apenas a coisas espirituais e não a elementos humanos.

Sendo tudo isso realidade, a ecologia nada tem a ver com o bem, mas sim com o bom. Ela é apenas boa porque atende a anseios humanos: preservar o planeta para a continuação da espécie humana. Será que um dia a raça humana pode acabar? Não…

Como vimos no caso do boi, existe um processo evolutivo. O espírito começa a encarnar em algumas formas e progressivamente vai se adiantando até que um dia pode, então, encarnar dentro de uma forma humana. Depois de encarnações sucessivas neste patamar, começará, então, a viver dentro de outra forma que não é conhecida no planeta.

Sendo isso realidade, a existência da humanidade é elemento intrínseco ao desenvolvimento do próprio Universo e por isso nunca acabará. Por mais que o homem aja contra a natureza da Terra o processo humanização que o espírito vive na sua jornada eterna nunca se encerrará. Ele pode ser vivenciado em outro planeta, mas nunca se encerrará.

Isso quer dizer que a Terra pode deixar de servir palco para as encarnações dos espíritos? Sim, mas só daqueles que estão no nível humano do processo de evolução.

Se isso acontecer, quer dizer que Deus perdeu um dos palcos onde se realiza o trabalho de elevação espiritual no Universo? Não. No Universo nada se perde. Quando algo deixa de servir para uma determinada finalidade isso quer dizer que passará a servir para outra. Sendo assim, se por conta da poluição a natureza terrestre não mais puder receber espíritos para viver o processo humano de sua existência eterna, servirá para recebê-los em outros processos.

Mas, vocês me perguntariam: como isso acontecerá se a natureza for destruída pela poluição? Vocês imaginam que no Universo só há vida se for da forma que vocês conhecem. Enganam-se. A vida terrestre precisa das condições da natureza que vocês têm, mas há formas de existências universais que não necessitam dos mesmos elementos químicos que vocês.

Toda esta explicação é apenas para provar que as razões que a mente cria nada tem a ver com a realidade do Universo e, portanto, não deveria servir para os espíritas e espiritualistas. Mas, apesar disso eles continuam dizendo que a ecologia representa o bem. Por isso vivem na hipocrisia. Vou contar um caso para que entendam o que quero dizer.

Recentemente estivemos tendo conversas numa pousada encravada dentro de uma reserva florestal. Nesta conversa o nosso tema, como sempre, foi o abandono das verdades criadas pela mente, o trabalho de se libertar da crença que elas são certas.

Durante este encontro uma pessoa que se diz espiritualista e que trabalhava naquela pousada conversou comigo. Nesta conversa ela expressou desagrado pelo fato de outras pessoas presentes estarem jogando as pontas de seus cigarros na mata que circundava a pousada. Disse que isso não era a postura de uma pessoa que se dizia buscadora da elevação espiritual, pois este não se apegaria ao vício do fumo.

Além disso, aquela pousada tinha como objetivo, além de proporcionar lazer, servir como elemento de proteção à natureza, já que ali se desenvolvem atividades de conscientização da preservação da natureza. Sabedor disso, aqueles que estavam jogando as pontas dos cigarros na mata estavam desrespeitando esta finalidade, o que também não os levaria a estarem ligados nas coisas espirituais.

Contestei estas afirmações com alguns argumentos.

Primeiro, perguntei a esta pessoa o que no cigarro não pertencia à natureza terrestre. Nada neste mundo é criado a partir de alguma coisa que não exista na natureza. Mesmo as coisas manipuladas pelos seres humanos existem a partir dos elementos naturais do planeta. Portanto, tudo faz parte da natureza. Sendo assim, jogar o cigarro na mata é apenas devolver elementos da natureza a ela mesma.

O incômodo não pode nem ser atribuído ao fato de estar sujando a mata, pois nela existem diversos elementos que são também chamados de sujeiras pelos humanos quando em outros lugares. A terra, a areia e as folhas que caem das árvores quando estão dentro da sua casa são tratadas como elementos de decoração ou como sujeira? Portanto a sujeira não está na coisa em si, mas na forma como se vivencia cada coisa.

Porque a guimba do cigarro é considerada sujeira e por isso não pode ser jogada na mata e ao fazê-lo denotaria uma não vivencia do bem por um ser humanizado? Porque o hábito de fumar é considerado errado e impuro pelos espiritualistas. Como a ponta do cigarro é o resultado deste hábito, o que é feito dela torna-se instrumento deste erro e impureza.

Tudo isso só acontece por causa da crença que fumar é errado e impuro. Por causa desta crença tudo o que se relaciona a fumar (o cheiro do cigarro, a ponta que ele gera, etc.) são considerados como elementos não indicados para quem quer atingir a elevação espiritual. Mas, será que é isso mesmo?

Porque os seres humanos são contrários ao vício do fumo? Porque segundo a ciência médica humana ele mata. Segundo a medicina o hábito de fumar causa problemas que afetam a saúde do ser humano levando-o à morte. Mas, será que o não fumar evita morrer e o fumar leva à morte?

Como ensina o Espírito da Verdade na pergunta 853, “quando soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas”. Não fumando, quando a hora do ser humanizado soa ele volta à sua pátria espiritual. E se a hora é sempre a hora certa, o fumar também não pode antecipá-la. Sendo assim, fumar não mata ninguém e o não fumar não protege a vida.

Vocês me perguntariam: mas, e as doenças que o hábito de fumar criam no corpo, como ficam? Para explicar isso recorro novamente à visão espiritual trazida pelo Espírito da Verdade:

“Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por ter sido isso revelado, quando escolhem tal ou qual existência”.

O gênero da morte de cada um é o motivo que aparentemente levou ao falecimento. Este motivo é conhecido por Deus de antemão, ou seja, antes que ele ocorra. Este conhecimento se dá no momento em que o espírito escolhe suas provações. Sendo isso verdade, será que o ser pode expor-se às consequências do malefício do hábito de fumar durante a encarnação e com isso chegar a um gênero de morte sem que ele estivesse previsto antes da encarnação?

Todo acontecimento da existência humana é escolhido pelo ser universal antes da encarnação (pergunta 258). Esta escolha não pode ser alterada depois da encarnação, ou seja, do nascimento carnal, porque “o desejo que então alimenta pode influir na escolha que venha a fazer, dependendo isso da intenção que o anime”. Sendo assim, ele não pode morrer de outro motivo que não seja o pré-determinado.

Além do mais, se o espírito ao qual Deus deu o gênero de morte fundamentado em males decorrentes do fumo deixasse de fumar, não teria estes malefícios e assim, não morreria deste gênero. E o que Deus sabe, neste caso, estaria errado, seria desconsiderado? Pode o homem agir contrariamente aquilo que Deus sabe que vai acontecer? Pode o homem pegar Deus desprevenido?

Veja quantas perguntas desafiam a verdade que o ser humanizado acredita. Perguntas que são feitas a partir de conhecimentos que ele diz que crê e cujas respostas jamais podem dar razão ao ser humano.

Portanto, o cigarro não pode ser considerado sujeira quando a sua ponta é jogada na mata. Mas, será que houve falta de respeito por parte dos que jogaram, já que lá funcionava uma pousada que tem como objetivo incentivar a preservação da natureza? Vamos ver isso…

À primeira vista parece haver um desrespeito e um atraso por parte de quem estava praticando aquela ação. Isso porque o objetivo da pousada é considerado como nobre pelos seres humanos. Mas, vamos ver isso sobre uma lente microscópica.

Será que toda nobreza que os administradores da pousada dizem que tem é real? Para responder a esta questão perguntei à pessoa que estava acusando falta em quem jogava o cigarro na mata: onde está a mata que havia onde hoje há as construções da pousada?

No local onde estão erguidas as construções que servem de pousada onde havia mata? Se sim, onde está a mata que os construtores da pousada querem conservar? Foi arrancada, destruída, para poder lugar as dependências da pousada. Isso foi feito para que se pudesse criar um lugar que tivesse como objetivo ensinar a preservar a mata. Ou seja, se derruba a mata para ensinar a preservá-la. Há alguma nobreza ou pelo menos coerência em que age assim?

Mais uma vez repito o que já disse aqui algumas vezes: não pretendo atacar ou criticar ninguém. A finalidade desta conversa é levar ao conhecimento do funcionamento da mente humana para poder se entender que o que ela cria não pode ser seguido. Ou seja, que o sofrimento que ela cria é apenas oriundo das suas expressões e não algo universal, algo que precisa ser vivenciado pelos espíritos.

O exemplo que usei para mostrar a incongruência daqueles que construíram aquela pousada não é um caso isolado. Ele existe em outras expressões dos ecologistas.

Os ecologistas lutam pela preservação da natureza. Isso não inclui apenas o verde, mas as montanhas. Para se extrair o cimento que é usado nas construções, diversos morros são desbastados. Alguém já viu um ecologista que não tenha casa para morar?

É por causa desta incongruência que a ecologia não pode ser do bem, mas apenas ser boa para quem acredita que ela é certa. É esta crença que leva a classificar os outros como errados e a viver necessariamente os acontecimentos presididos por estes com sofrimento.