No final da conversa anterior, dissemos que estamos investigando a vida buscando a compreensão da ação do bom, do que faz bem, para sua felicidade. Vamos continuar fazendo isso? Falemos sobre a questão divina. Será que há um bom causado por Deus? Dá para esperar que Deus dê o que é bom?

Participante: bem sim, mas bom não.

Será que vocês já chegaram a esta conclusão mesmo ou ainda vivem esperando apenas o bom?

Participante: dá para esperar o justo?

Dá. Aliás, só dá para esperar o justo Dele. Mas, esse justo não é o que você acha justo, mas o que Ele acha.

Tendo consciência disso, devemos, então, compreender que não dá para esperar o justo, pois para você justo é aquilo que acha que deveria acontecer.

Esse é outro detalhe na busca de ser feliz e não sofrer que precisamos conhecer: o que se pode esperar de Deus é a Justiça, ou seja, receber sempre segundo suas obras e não aquilo que o ser humanizado acha que seria justo receber.

Por causa disso, espírito humanizado precisa se desligar daquilo que trata como milagre: o resultado bom da ação do divino na vida humana. Isso não existe.

Recebendo alguma coisa que acha bom, pode ter certeza aquilo não foi feito para lhe fazer bem. Na verdade está acontecendo como prova. Está acontecendo para ver se vai ficar preso ao vício do bom e assim gozar o prazer.

Para isso é preciso entender que o que está acontecendo é uma criação da mente e não de Deus. É o ego, o tentador do espírito que está gerando uma situação para a provação e não Deus que está fazendo o bom para a personalidade humana. 

Fazer novena para Nossa Senhora para ganhar não sei o que resolve alguma coisa? Claro que não. Sabe no que dá quem acredita que sim? Perde nove dias. Perde oportunidades de ser feliz esperando receber algo bom no fim da novena.

Só isso. Fazer novena, trezena ou qualquer coisa no sentido de receber o que acha bom não é garantia de ganhar nada.

Se houvesse esse bom vindo de cima, do mundo espiritual, ninguém morria dentro de uma igreja. Se o mundo espiritual e Deus estivessem preocupados em dar apenas o bom, nenhum religioso morreria de forma brutal. Só que vocês estão cansado de ver assalto a igreja, matar gente lá dentro, cair telhado em cima dos frequentadores, serem alvejados no caminho de ida ou volta do culto.

Se rezar garantisse receber o bom, ninguém morreria orando, não é mesmo? Tem gente que morre rezando? Sim. Então, ou esses não sabem rezar ou pedir em oração não adianta nada.

Quando falamos em ser feliz nessa vida, precisamos comentar sobre a necessidade de se desligar de receber o bom de Deus. Ele não quer e nem vai dar o que é bom para você: vai dar o que é necessário para o seu bem, pois é isso que quer para você.

Esse desligamento é importante porque muitas vezes o seu bem é não acontecer o que é bom para você. Se está ligado esperando o bom e acontece esse bem, com certeza sofrerá.

A existência do divino gerando o que é bom para o ser humano: esse é outro problema, outra armadilha da mente que o encarnado cai. ‘Zim, filho, se fizer esse trabalho espiritual, tudo vai dar certinho na sua vida’. ‘Se for ao Centro Espírita eles tiram o mal, o obsessor que está lhe perseguindo, e com isso resolverá sua vida’.

Nada disso é real. Você só pode conseguir a felicidade de uma forma: libertando-se do vício do egoísmo. Não há outra forma.

Não existe trabalho espiritual ou religioso que leve obrigatoriamente ao bom. Aliás, nem ao mau. O trabalho religioso pode, no máximo, ajudar a sair das crises. Pode servir para dar uma acalmada no sofrimento para que você comece a fazer o seu trabalho em si mesmo.

Não adianta ficar esperando milagre. Como costumo dizer, do céu só cai chuva e avião. Não cai mais nada.