Evangelho de Tomé – Logia 106 – Filhotes de Homem


“106. Disse Jesus: Quando fizerdes um de dois, tornarvos-eis Filhos do Homem; e se disserdes montanha mova-te, ela se moverá”.



Autor espiritual: Júnior

Oi!

Como o nome que escolhi pode sugerir, estou aqui representando as “crianças”, ou seja, aqueles espíritos encarnados que ainda não se transformaram em “seres humanos”. Para poder mandar esta mensagem, recorri à minha memória a fim de lembrar-me de situações que ocorreram em minhas encarnações neste período.

Esta foi a maneira que escolhi de abordar o tema, pois problemas são coisas de adultos. As crianças não têm problemas, pois não são capazes de encontrar dificuldades nas coisas, nem de determinar periculosidades.

Qual a dificuldade que pode existir em uma vida onde não existem objetivos a serem alcançados? A criança não se preocupa em alcançar objetivo algum, pois se satisfaz com aquilo que possui. Não havendo objetivos a serem alcançados, não há dificuldades.

A criança simplesmente vive, ou seja, contenta-se com o que possui e é feliz com aquilo. Sei que muitos de vocês irão dizer que isto não é verdade, pois as crianças de hoje querem possuir brinquedos caros e diferentes, mas estas não são mais crianças, mas sim “filhotes de ser humano”.

Lembro-me de uma encarnação que tive onde não havia brinquedos. Divertíamo-nos das mais variadas formas: subíamos nas árvores, nadávamos no rio, corríamos atrás dos animais. A felicidade era intensa ao fazermos isto.

Ali, não havia problemas porque não havia desejo. Isto só me foi incutido muito tempo depois quando fomos morar na cidade grande. Ao me ver simplesmente admirando as vitrines, minha mãe disse que eu não poderia ter aqueles brinquedos, que aquilo era coisa para pessoas com mais dinheiro.

Com esta simples frase, minha mãe construiu um problema para mim: tinha que arrumar um jeito de ter aqueles brinquedos. Criei um objetivo: crescer para trabalhar e conseguir aquele dinheiro. Se minha mãe, ao invés de justificar a sua impossibilidade de não poder me dar aquele brinquedo, houvesse apenas dito que eu já era feliz com o que tinha (as brincadeiras sem brinquedos), eu continuaria admirando-os sem os desejar: eu não teria um problema para resolver.

Quando passei a desejar os brinquedos, comecei a me enfastiar com as brincadeiras felizes de até então. Tornei-me um “filhote de homem”, ou seja, um ser que necessita de coisas materiais para ser feliz.

Qual o medo que se deve ter nesta vida? Onde está a periculosidade nas coisas? A criança não possui medo porque não procura determinar o que poderá acontecer com o seu gesto: ela não vive o futuro, mas apenas o presente. O medo é gerado por um tipo de projeção que se faz para o efeito de um ato.

Lembro-me de uma outra encarnação, quando já morava na cidade grande. Morávamos em um apartamento pequeno e minha brincadeira predileta era subir no sofá. Não tinha medo, pois nunca imaginei que pudesse cair dele. Foi de tanto ouvir “Menino, desce daí senão você vai cair!” que aprendi o que era cair.

Quando entendi que cair significava um futuro infeliz, tomei medo do sofá. Mesmo adulto, não gostava de sofás que tivessem a mesma cor do que tínhamos quando eu era criança. Criei um “trauma” contra sofás daquela cor.

Se minha mãe tivesse apenas me deixado cair, aprenderia por mim mesmo que não deveria fazer aquilo, mas ela me ensinou a temer. Coitada, imaginava que estava me preparando para um futuro melhor, mas me preparou para um futuro medroso.

Por isto, escrevi esta mensagem a partir das lembranças que tenho da visão da criança para todas as coisas. Senhores adultos, ao invés de quererem transformar as crianças em “filhotes de homem”, aprendam a se transformar em crianças.

Ao invés de traumatizá-los com seus próprios medos, aprendam a enfrentar os perigos sem medir conseqüências. Vejam a confiança no Pai Supremo estampada em cada rostinho quando o perigo iminente está a rondar.

Aprendam a andar descalços, ao invés de obrigar as crianças a colocar sapatos para não ficarem doentes; aprendam a rir e a gargalhar com a felicidade delas e não percam tempo se preocupando com o futuro de cada uma. Ao invés de “produzirem” a criança como uma miniatura sua, utilize o exemplo que ela dá para buscar a sua própria felicidade.

Lembro-me de uma história: uma criança conseguiu acudir um amigo que havia caído em um lago congelado. Quando os adultos chegaram, disseram que era impossível que aquela criança houvesse conseguido mergulhar nas águas congeladas e saído de lá viva, mas ela conseguiu e ainda salvou o amigo.

Um sábio que estava por perto, ao ouvir os adultos comentarem sobre esta impossibilidade, disse que sabia por que a criança tinha conseguido realizar aquele “milagre”:

– “Ninguém disse para ela que era impossível”.



Eliminem a impossibilidade de suas vidas e tudo será possível. Para isto, é preciso que sejam crianças novamente, ou seja, que se mantenham como seres filhos de Deus, sem medos ou autovisões do futuro.