Participante: aproveitando que o senhor tocou novamente no assunto comida, deixe-me fazer uma pergunta. Tudo o que o senhor falou não quer dizer que eu não posso apreciar um prato de comida, certo?

O que estou lhe dizendo é que você não deve depender de ingerir uma determinada comida ou de ter o que comer para ser feliz. Este é o problema.

A questão do ver sofrimento em determinados acontecimentos da vida segundo o Espírito da Verdade depende da ilusão com que se vivenciam os acontecimentos. Isso ele deixa claro quando diz que logo que se desliga da matéria outra passa a ser a sua maneira de pensar.

O ser humanizado sofre em determinados acontecimentos porque pensa que deixou de ganhar alguma coisa. O ser espiritualizado, ao contrário de ter esta compreensão, antevê naquele momento o que ganhará se ali viver sem sofrer. Isso é alcançado com a reforma do interior de cada um, ou seja, com a reforma da forma de se lidar com as situações da vida.

Quem faz a reforma íntima não deixa de comer, mas muda a sua forma de reagir a um acontecimento. Ao invés de gozar o sofrimento que a mente cria no momento em que há uma contrariedade, ele antevê o que irá ganhar na sua existência eterna. Fazendo isso, “desde logo nenhuma impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos”.

Para reforçar o que falamos sobre a questão da reforma, veja o que o Espírito da Verdade fala no final da questão 115, cujo início já falamos:

“Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade”.

A formação mental que denota esta ligação ao anseio do espírito é a seguinte: eu não tenho o que comer neste momento, mas não vou sofrer por isso, pois se isso fizer mais tarde receberei a felicidade que Deus tem prometido aos seus filhos. Isso é viver a vida tendo compreensões que reflitam o ideal do espírito. É isso que está sendo dito nesta pergunta que estamos usando para conversar sobre o sofrimento humano.

A perfeição que surge da reforma é alcançada quando para o ser humanizado o gozo terrestre (ter aquilo que se considera bom) não tem o sabor que tem para aqueles que não acreditam no processo encarnatório como oportunidade para a elevação espiritual. Para estes há o sabor de conseguir comer o que se quer ou de simplesmente conseguir o pão nosso de cada dia. Estes exultam quando conseguem escolher o que comer ou quando conseguem se alimentar somente com aquilo que a mente diz que faz bem para a saúde. Eles não conseguem viver a felicidade que deus tem prometido para seus filhos porque para eles a perfeição está em viver o gozo fundamentado nos padrões que a mente cria. Vivem o prazer como felicidade, pois acreditam que o bem é o bom…